AZAR, MAIS
AZAR, UM POUCO DE SORTE, SÓ ACONTECE COM O BOTAFOGO
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Loco Abreu fez
dois. Deveria ter feito quatro gols.
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O Botafogo fez
três gols. Poderia ter feito seis.
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Três bolas e
meias na trava (o chute de Márcio Azevedo bateu nos dois paus e não entraram).
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Loco Abreu
perdeu um pênalti (nas minhas contas é o quarto que perde no comando do ataque
botafoguense) – embora, na minha opinião atacante só perde pênalti quando chuta
pra fora, o goleiro defendeu: méritos dele, totalmente –. Numa cabeçada limpa,
sem sair do chão, o goleiro salvou em cima da linha em seu contra-pé. No fim do
jogo, uma cabeçada passou a um palmo do gol. Foi decisivo, ficou devendo. Leia
isto, assista o jogo, decida você como julgá-lo.
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ERROS
DEFENSIVOS
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O gol do
Resende saiu, obviamente de um golpe de sorte. Mas credita-se a ela este gol?
Não, é claro. Só faz gol quem chuta, só desvia na barreira quem consegue uma
falta para bater. E como surgiu esta falta?
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Eis o ponto.
Por duas ou três vezes no primeiro tempo Márcio Azevedo – que foi bastante bem
ofensivamente, sobremaneira nos 45 minutos iniciais – foi pego fora de lugar.
Mesmo posicionado na defesa, o lateral esquerdo estava à frente do atacante a
quem deveria marcar. Disso surgiu a falta. Da falta saiu o gol.
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“Tudo pela
falta de um prego”.
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RENATO +
ANDREZINHO
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Em teoria, o
esquema tático do Botafogo seria um 4-2-3-1. Mas a movimentação em campo,
sobretudo dos centrais não parecia formar um W.
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O triângulo do
centro com dois volantes, sendo um cabeça-de-área e um regista (armador) e um enganche
(ponta-de-lança) à frente, alinhado com os dois wingers (usarei, doravante, o termo pontas), esta é a formação básica do W no meio-campo do 4-2-3-1.
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A movimentação
dos centrais destruíam completamente este desenho. O futebol possui quatro
momentos ou fases bem distintas. Um bom técnico é aquele que faz com que o time
se movimente da forma mais eficiente possível, e ocupe os espaços da melhor
maneira. As quatro fases do jogo de futebol são: posse de bola (ou ataque);
defesa; transições ofensivas (contra-ataque) e defensivas (reposicionamento
para evitar o contra-ataque).
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Quando o
Botafogo tinha a bola, Renato – de quem se espera que venha até a defesa para
fazer a saída de bola – avançava até o ataque, Andrezinho é que vinha até os
zagueiros buscar a bola. Na verdade, Renato jogou mais à frente do que
Andrezinho o jogo inteiro, pois quando o time defendia o 10 se alinhava ao 8 e
ao 5.
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Essas trocas
de posições entre Renato e Andrezinho foram essenciais para o primeiro gol do
Botafogo.
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MAICOSUEL+HERRERA
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No segundo
tempo, principalmente após a saída de Elkeson, o Mago foi deslocado à
ponta-esquerda. Neste momento, a sua movimentação lembrou muito a movimentação
de David Silva no Manchester City: defendendo aberto como winger, atacando centralizado como ponta-de-lança.
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Então, quando
atacava, o Botafogo chegou a ter três meias-articuladores centrais. Andrezinho
atrás, Renato pela meia-direita, Maicosuel pela meia-esquerda, Herrera na
ponta-direita.
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Foi daí, da
meia-esquerda que o 7 encontrou o gol livre, após rebote incompreensível do
goleiro do Resende – que tinha ido, até aquele momento, muito bem no partida –,
apenas para empurrar a bola para as redes.
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Quanto a
Herrera, pouco se pode falar. No fim da temporada passada, ajudou a queimar
Caio Júnior, reclamando da posição em que jogava. Quando, na verdade, o maior
problema era ele. No ano passado, o 17 tinha toda a liberdade do mundo para
entrar na área de gol toda a vez que a jogada fosse iniciada pelo meio ou pela
esquerda – o que mais um atacante poderia querer? –.
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No primeiro
jogo desta temporada ele entra de... ponta-direita, com liberdade para entrar
na área de gol quando o jogo se desenvolvia pelo lado contrário. Recebeu uma
bola limpa na zona de pênalti e finaliza – mais uma vez – muito mal. E numa
jogada de ponta, bola na cabeça de Abreu, bola na rede do gol.
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A pergunta
fica: quem é que está certo, ele ou os técnicos que insistem em colocá-lo na
ponta-direita?
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MANUTENÇÃO DA
BASE
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O lugar comum é
elogiar a base do ano passado. Afirmação mais errônea impossível. Vejamos:
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Time base de
Joel Santana, 2010 (3-4-1-2):
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Jéfferson;
Fahel, Antônio
Carlos, Fábio Ferreira;
Alessandro,
Marcelo Mattos, Somália, Marcelo Cordeiro;
Maicosuel
(depois que se machuca é substituído por Renato Cajá ou Lúcio Flávio);
Herrera, Loco
Abreu
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Time base de
Caio Júnior, 2011 (4-2-3-1):
Jéfferson;
Lucas
(Alessandro), Antônio Carlos, Fábio Ferreira, Cortez;
Marcelo
Mattos, Renato (não o mesmo do ano anterior);
Herrera,
Elkeson, Maicosuel;
Loco Abreu
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Time base de
Oswaldo de Oliveira, 2012 (4-2-3-1):
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Jéfferson;
Lucas, Antônio
Carlos, Fábio Ferreira, Márcio Azevedo;
Marcelo Mattos,
Renato;
Maicosuel, Andrezinho,
Elkeson (Herrera);
Loco Abreu
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Isto é, mais
de 60% do time que começou jogando em 2012 está junto, pelo menos, desde o
segundo semestre de 2010 (quando Maicosuel foi reintegrado ao time). Outras
peças estão em General Severiano desde a desastrosa campanha de 2009, como:
Jéfferson (que chegou na 2º metade do campeonato brasileiro), Maicosuel (que
jogou apenas o Carioca), Jobson (que também chegou durante o returno do
Brasileirão e só poderá voltar a jogar após março).
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Não só são
jogadores que conhecem bem General Severiano – sobretudo, que conhecem muitíssimo
bem o Engenhão, casa Gloriosa desde 2007 –, o esquema tático também não é
nenhuma novidade do Botafogo, e não falo do esquema de Caio Jr., não. Em 2009,
o então técnico do time da estrela solitária, Estevam Soares, montou um time
que no papel era um 4-2-2-2, mas na prática era um 4-2-3-1: Lúcio Flávio
centralizado, Renato (não o mesmo de 2010, muito menos o atual) aberto na
direita, Jobson aberto na esquerda, André Lima na área.
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Trocando e
melhorando (quase) todos os nomes, o desenho permanece igual.
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CONCLUSÃO
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Muito cedo
para se afirmar qualquer coisa sobre o time ainda – a não ser que precisa, e
MUITO, calibrar a pontaria e treinar finalizações –. O time jogou, mormente no
primeiro tempo e após voltar à frente do placar um futebol vistoso, de passes rápidos
e movimentação constante – dos grandes, foi o que criou mais chances claras de
marcar –. No entanto, dos grandes foi o único a levar gol – embora tenha ficado
na média de gols marcados, nesse quesito, o pior foi o Vasco da Gama –, mesmo a
defesa não tendo sido cobrada nunca contra o Resende: ficar de olho!!