domingo, 23 de fevereiro de 2014

INCOMUNICÁVEL

Tornei-me incomunicável
Não querem me ouvir
Porque não me compreendem.

Na solidão da voz que não transpassa
                             que não compartilha 
A si
Resmungo no meu não-mutismo 
O que todos enjeitam.

O silêncio é uma resposta triste
Pra quem não pode calar.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

SAL DA TERRA

Eis! Quebra estes grilhões, povo cativo
(Antes estar eu morto a escravo vivo!)
Chão atravessaremos, Sol e mar,
Porque apenas covarde à escravidão
Acostuma-se fácil e ao Cantar
Deste flagelo doce, deita “cão”
Que servo do Bom vem fiel a amar
E coleira transforma em doce mão.
Eis: assim ouvirão tal grito em guerra
Pois és em nome e força o Sal da Terra.

Eis! Quebra estes grilhões, ó povo altivo
Na força e na coragem tem ativo
O desejo contínuo de singrar
Deserto feito só de escuridão.
E destarte poder sus retomar
A Liberdade, doce galardão,
Motivo de morrer, também matar
Único e verdadeiro de perdão.
Eis: finda a noite que a manhã encerra
Pois és em nome e força o Sal da Terra.

Eis! Quebra estes grilhões, ó povo divo
Pois só na morte tem o último crivo
Quem não tem medo de só se livrar
Das garras dos fascistas, multidão
De homens engravatados em armar
Irmão, vil assassino doutro irmão.
E se olhares e nada se avistar
Mesmo sozinho és só a legião.
Eis: esquece este estigma em que te ferra
Pois és em nome e força o Sal da Terra.

2007

domingo, 2 de fevereiro de 2014

TÊNUE LUZ

Posso queimar 
Enquanto houver amanhã
Nem Sol é eterno 

         Sou meu próprio deus das trevas

Nem Cosmo é infinito
Enquanto houver amanhã
Posso queimar

         Sou meu próprio deus das trevas
Em mim busco meu horror
                                         Distendido por todos os cantos
                                                                               Canto o fogo em mim

Posso queimar de dentro destas trevas
Como a luz que nasce tênue e firme desta madrugada que passa

LA PIANÍSSIMA

Toco teu corpo
Foco
Todo
Tolo
       Suave
                 Sereníssimo
                                    Pianíssimo
O teu corpo
                   Como são suaves as harmonias dos teus ais em meus gestos