O meu povo
os olhos tristes do meu povo
sem trabalho
sem cultura
sem educação
O meu povo
o espírito triste do meu povo
que eu encontro pelas calçadas
que eu encontro pelas sarjetas
que eu encontro pelas esmolas nossas de cada dia
do subemprego
da fome adiada
da vergonha degustada
O meu povo
minha carne
minha língua
minha falta
O meu povo
que, para além da extensão de mim,
é o todo
do qual faço parte
sou
O meu povo
quando sofre é
O meu corpo
com fome e fé
quando morre
cada menino preto para o Mercado (de) Negro
quando viola
cada menina pobre para a "vida"
quando cobre
cada pessoa de vergonha pelo pão
O meu povo
sou eu quem me humilha