segunda-feira, 23 de abril de 2018

LENÇOL DE SEDA

Por que não me beijas
e ceda
            teu gosto
ao meu corpo?

Se me desejas
ceda
         teu cheiro
ao meu suor!

O que quer que vejas
que seja
               minha boca
na seda
do teu lençol.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

ROMANCEIRO DA ESCULHAMBAÇÃO

No país de São Saruê,
Quando o Vampiro se esconde,
Numa sexta-feira 13,
A Bruxa assume o poder.

Que mais se pode dizer:
Nessa esculhambação pronta,
Na safadeza virada
Escárnio em São Saruê?

A justiça dos amigos
Tem dono. As federações
Dos amigos também têm.
Mídia dos donos tem amigos.

Se encontram no lar da Bruxa,
No horário da Missa, os dois
Para esta beijar-lhe a mão
E receber sua bênção.

As instituições estão
Em pleno funcionamento:
Os amigos prescrevendo,
Mas o Outro no encarceramento.

Aplica-se a lei a todos,
Amigos são sempre soltos,
Mas aqui, em São Saruê,
O desafeto nada tem.

Ele pode, Ele também,
Pois Eles muito possuem.
Porém se o Outro nada deve,
O juiz de carrasco veste.

Se a safadeza sucesso
Não fizer, discos não vender,
E os cinemas não encher
Nem seria São Saruê.

A Bruxa deixou o poder,
Deram festança de arromba,
Ela não será lembrada
No país de São Saruê.

O Bobo lhe tira a Casa
E se assenta muito bem,
No ombro, um general tem,
O general o tem na mão

Por um dia, o Bobo é Chefe
(Vampiro vai se apagando).
Se o general lhe gritar,
Continência lhe vai bater?

O Vampiro se despede
Do trono e todos lhe renegam,
De pior não será ouvido
No país de São Saruê.

Quanto mais lhe batem e batem
Mais epístolas produz:
Carta de decorativo;
Hoje, vídeo aos ex-parceiros.

Mas, a serpente do Golpe
Que entronou Vampiro e Bruxa
Agora envenena a si
E ao País de São Saruê.

Na sua baba de doida
Pariu, a sempre no cio,
A Cadela do Fascismo
Que cospe balas e facadas

E o ódio corre sempre solto
No País de São Saruê
Num lago de baba espessa
De sangue das minorias

Mascote dentro de casa
Morreu. Mestre de capoeira
Morreu. A vereadora
Morreu a Democracia

Em balas, facas, garrafas
Na camisa desta moça
Arrancada, na suástica
Na sua barriga gravada

Quem pronto está, quem está pronto?
Nesta terra, São Saruê?
Quem quer abraçar o relho
Para afagar a pistola?

Todos querem cospe fogo.
Então: prometam, prometam!
Pobre vai ficar querendo,
A arma é cara, é para bem poucos.

Ter trabalho sem direitos
Tem nome de escravidão,
Mas quero o meu cospe fogo
Porque vai encher de ladrão.

A ameaça é muito simples,
Vi na rede social.
Meu pastor disse que existe.
A Mentira é a nova moral.

A esculhambação virou regra!
É divertido dar tiro,
Mesmo queimando inocentes,
Assassinos de bandidos.

"Odeio a corrupção d'outro,
Mas minha própria esperteza
Eu celebro em minhas redes
Ameaçando as mulheres."

Há mulher princesa. Há mulher
Cadela. Assim nos dizem:
Há bandidos pro Céu,
Há bandidos para as balas.

É no "estupro corretivo"
Que conserta universitária,
É na paulada viril
Que se morre o identitário.

Na passeata adversária
Tome bala, tome bala,
Deixe que este jovem morra
"É filho de sindicalista".

E na beira deste Caos
Como zumbis nós marchamos
Incertos para o Fascismo,
Como condenados marchamos.

Para a borda do precipício
Como cordeiros marchamos;
Pro nosso próprio abate
Como otários votamos.

Pois nesta esculhambação
Perdemo-nos como nação;
Pois é neste nosso escárnio
Que nos desmanchamos no Ódio.

É bom ter medo, bastante,
É bom lutar neste instante
Pois, aqui, em São Saruê,
Há sempre um erro escondido

13/04 - 30/04 - 14/09 - 21/09 - 10/10 - 16/10 - 27/10 - 28/10

segunda-feira, 9 de abril de 2018

SONHOS

alguns Sonhos são vírus

tentam nos curar com partes mortas doutros sonhos

mas eles mudam
              crescem
              evoluem

nos infectam

de sono em sono 
            de alma em alma 
                       de olhos em olhos 
                                   de milhões em milhões 
                                                            somos um só

revulsionando numa febre utópica

até que não haja mais Sonhos,
só gente 
só povo

trêmulos de esperanças e realidades 


sexta-feira, 6 de abril de 2018

SOBRE LULA

Quando as barras de aço
       Prende alguém inocente
Fazem dele Herói

Quando um líder morre
       Nas garras dos fascistas
Fazem dele um mártir

Se um líder do povo
        Solto arrasta multidão
Livre é presidente