quarta-feira, 20 de maio de 2020

SONETO

Aqui, quebrada! Tiram minha força,
Porém não podem rapinar a minha
Coragem, por bem mais que o algoz se esforça.
     A vida ou é vida, ou vil rainha,
     Ou ela é digna, ou com rancor te obriga
     Beber o sumo amargo desta vinha
Regada em sangue e no suor da briga
Pelo dinheiro. Não há amor por perto.
No beco sento. A escuridão me abriga.
     Afogo o meu cansaço em meu aperto.
     Cai produção, o capataz me cobra.
     Porém, com a Máquina não tem acerto.
Da Humanidade olhe a grandíssima obra:
De fome morta, amamentada a Cobra.