sexta-feira, 2 de novembro de 2012

HOSANA, PROSPERIDADE

Hosana, ó Fábrica
              com sua chaminé ereta
              ejaculando o céu 
              e sua
      cloaca gigantesca
      abençoando os rios
E cada árvore dada em holocausto 
              ao mínimo latifúndio 
              é um altar erigido
              à consagração do progresso
              do acúmulo e da Liberdade 
Da Propriedade 
      Do Privado apropriado
Da Prosperidade.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PEDRO:

SENHOR, tu me amas?
...
   Então apascenta minhas tristezas.

SENHOR, tu me amas?
...
   Então apascenta os meus remorsos.

SENHOR, tu me amas?
...
   Então apascenta os meus temores.

sábado, 25 de agosto de 2012

PROVÁVEL ARSENAL 2012/13


- Com a saída de Robin van Persie para o rival Manchester United, de Alex Song para o Barcelona, e a ida do turco Nuri Sahin para o Liverpool este deve ser o time do Arsenal para a temporada 2012/13; já contando com a iminente volta de Jack Wilshere, o melhor Box-to-box inglês da penúltima temporada, e a recuperação de Koscielny e Sagna (em amarelo os movimentos defensivos, em azul claro movimento dos apoiadores, em azul escuro o movimento dos atacantes):

 



- As únicas dúvidas nesta escalação é se Arsène Wenger preferiria Gibbs ou André Santos na lateral esquerda (o técnico parece preferir o francês, eu o brasileiro); e na zaga-central se usaria o francês Koscielny ou o gigante alemão Per Mertesacker. Uma terceira opção é não ter escolha, contra times que se utilizam mais da jogada aérea e menos da velocidade usaria o alemão em detrimento ao francês, e vice-versa; contra um time que vai ficar apenas sentado atrás o brasileiro no lugar do francês, ou o francês quando a necessidade de defender for maior.


- A vinda do turco Sahin melhoraria, e muito, o elenco do Arsenal e daria uma dor de cabeça a Wenger. Se nos últimos três anos, e especialmente na temporada passada, Le Boss quebrava a cabeça para montar um time decente com as peças que tinha a seu dispor, hoje ele quebraria para deixar um de fora. Nesse sentido, o francês teria 5 jogadores pra três vagas: no seu 4-2-3-1 costumeiro (que, às vezes, toma forma ora de 4-3-3 ora de 4-2-1-3, como na primeira partida desta Barclay’s Premier League) Walcott, Giroud, Wilshere, Cazorla e Sahin ficariam lutando pela vaga de regista, enganche e winger do time.


- Minha primeira impressão é que Sahin brigaria pela vaga de Arteta, mas não é verdade. Fazendo um levantamento dos mapas dos últimos jogos, lendo o que se escrevia nos blogs sobre o Arsenal, e assistindo à primeira partida desta BPL, é fácil notar que o espanhol joga, já há algum tempo, na “função-Pirlo”, isto é, um regista que joga no primeiro vértice (seja de um triângulo, seja de um losango no meio-campo), logo em frente à sua própria zaga. Assim como Pirlo, é necessário um jogador mais energético à sua frente, seja um destruidor como Gattuso, seja um Box-to-box como Vidal. Assim, o 8 espanhol e o 21 italiano, usando de suas experiências e visões de jogo, se posicionariam para a cobertura de quem dá o primeiro combate, roubando a bola, ou interceptando um passe (no jogo contra o Palmeiras pela perna da Volta da Copa Sulamericana, Renato, do Botafogo, fez a mesma função). Sahin e Wilshere brigariam por esta posição em frente a Arteta, sem o turco a posição parece ter já dono.


- Com isso diminuiria uma posição no meio, e Wenger poderia decidir jogar com Arteta-Sahin-Wilshere. E para onde iria Cazorla? Se não para o banco (o que eu não acredito que irá a não ser para ser poupado fisicamente da maratona dos jogos), iria para uma das pontas, nas quais o espanhol atua em ambas. Levando em consideração que Podolski veio para ser titular (e que pode jogar em qualquer uma da quatro posições do ataque), Walcott e Giroud brigariam pela vaga que resta. O inglês jogaria na necessidade do time ter mais velocidade, enquanto o francês jogaria dentro da área contra times que sentam na defesa, enfiando-se, dessa forma, entre os zagueiros: abrindo espaços, brigando pelo alto (a sua entrada na primeira partida foi providencial, só consigo os Gunners conseguiram criar verdadeiras chances de gol, e uma deles ele desperdiçou bisonhamente, mas muito mais pela falta de ritmo).


- Rosicky ainda tem espaço neste time, com a sua entrada aconteceria exatamente como o descrito no parágrafo anterior, formando um trio de Arteta-Wilshere-Rosicky, Cazorla iria para ponta. O time teria total controle da posse de bola desta forma (as outras duas vagas no ataque, eu escolheria Poldi-Giroud). Gervinho só entraria para acelerar ainda mais o time.


- O time ainda precisa da contratação, imediata, de um volante de destruição, mas que, pelo tamanho do Arsenal, saiba também manter a posse de bola. Num jogo “grande” (contra o Liverpool, os times de Manchester, Chelsea, ou mesmo na UEFA Champions League), vencendo de 1 a 0 aos 35’ do segundo-tempo, com esta escalação que postei, tirava o Arteta, o Wilshere e o Giroud, botava o volantão no lugar do espanhol, Diaby no lugar do inglês, e Gervinho no lugar do francês, ajeitava a defesa, deslocava Poldoski para o centro, e preparava os contra-ataques com três velocistas.


- Até.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

HAIKAI

Que quer que se compre
        Pagando o seu preço em Sangue
Não desgasta ao Vento

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SONETO: Quando me abandonaste, meu amor

Quando me abandonaste, meu amor,
Eu, por mim, mastigando esta agonia,
Rolei na cama, me rasguei de dor.
         Ia assim remoendo o que sofria
         Sem saber se morria só, calada,
         Ou gritava feito uma louca harpia!
Sentia-me, virava-me uma nada:
Sem teu corpo morria-me sem Céu,
Sem chão, não tinha rosto nem estrada.
         Questionava-me, como insana ao breu:
         Darias para quem o teu amor?
         Foi quando notei que este não foi meu.
Foi morrendo em mim esta pouca dor:
Sol nasce, vida segue, brota a flor...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

SANGUE

Este é meu Sangue
que vês aí no chão
       foi do meu pai
         e do seu avô antes dele
que foi derramado por vós
em sinal de nosso pecado
o Sangue
da imorrível aliança

Sob este Sanguerguerei minha Eclesia
o Sangue
destes bilhões de mortos,
destas orações silenciosas
: nossas aleluias

Este é meu Sangue
e sobre esta mancha vencerás
pois Ele estará convosco
até o consumar das Eras

por todos os séculos
por todos os erros e crimes

Amém

segunda-feira, 30 de abril de 2012

GENERAIS E TÉCNICOS: AÇÕES RELÂMPAGOS, AÇÕES CURTAS


No inicio da Segunda Guerra Mundial, a vanguarda do exército alemão fez estragos enormes na defesa francesa. Os franceses criaram o que seria a maior defesa terrestre da humanidade desde a construção da Grande Muralha da China: a Linha Maginot.
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Os generais franceses – e poloneses, e russos, e austríacos – estavam acostumados com outro tipo de guerra, uma guerra ainda descendente da era napoleônica: lutas diretas, com soldados e infantarias, cavalarias em descidas, e, sobretudo, bombardeios de artilharia pesada (canhões).
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Nem mesmo a Primeira Grande Guerra, que modificou completamente a NATUREZA de luta – ao invés de batalhas campais, a guerra passou a ser “de trincheira” – modificou tanto a ESTRATÉGIA de luta.
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Os estrategistas alemães sugeriram a Hitler uma estratégia completamente nova, e inclusive considerada covarde: a blitzkrieg – o ataque relâmpago –. Os próprios generais de carreira alemães torceram o nariz para o novo modo de lutar que não estava nos manuais. Mas Hitler comprou a ideia, e que ideia.
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Sem preparações, sem posicionamento em campo, sem uma leitura específica entre peças. Os tanques: eles vinham, abriam o caminho, destruíam e não ocupavam, íam embora e deixavam os inimigos atônitos, o ataque terminava antes que a resposta tivesse sido dada.
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No futebol, vejamos, a título de exemplo, a tática utilizada pelo Real Madrid de Jose Mourinho em diversas partidas contra o Barcelona de Josep Guardiola: um inicio avassalador, com pressão nos zagueiros e no goleiro o que permitiu vários gols nos primeiros minutos – e até nos primeiros segundos – de jogo a favor dos galácticos.
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Também está sendo a tática empregada por Arsene Wenger no momento em que conseguiu estruturar o seu Arsenal – já no mês de fevereiro deste ano, com mais de 6 meses de campeonato rolando –, sobretudo iniciando por colocar Rosicky como ponta-de-lança do triângulo médio dos gunners.
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Podemos dividir, deste modo, os jogos do Arsenal em 6 momentos chaves, divididos igualmente – ou quase – em 15 minutos. Nos primeiros 15 o time pressiona tanto que fica difícil determinar uma posição tática para os jogadores (contudo nós já sabemos de antemão do posicionamento NORMAL deles na maioria dos jogos). Depois disso, o time passa 15 minutos de descanso, quando o adversário costuma equilibrar a disputa da partida (usualmente, a posse de bola do Arsenal nestes primeiros minutos ultrapassa os 65%), voltando a pressionar, novamente nos últimos 15 minutos. No inicio do segundo tempo, a proposta é a mesma, mas menos intensa: primeiro terço com “blitz”, segundo de repouso e terceiro com nova investida, esta tão forte (ou quase tanto) quanto os 15 minutos avassaladores iniciais. O resultado é que em quase todas as partidas o Arsenal marca um gol nos primeiros 15 a vinte minutos da partida (e nessa estatística eu incluo, na conta, a vitória em cima do Manchester City, em torno dos 10 minutos: num escanteio, van Persie cabeceia para o gol que foi salvo pelo seu companheiro de time Vermaelen), e em outros tantos marcou gols nos últimos 5 minutos da contenda, ou até mesmo no tempo extra!
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Conjugar um início avassalador, veloz, de pressão alta, tomando controle total da posse de bola, mas ao mesmo tempo um controle curto, passando para um modo de espera e manutenção física, é a característica principal desta estratégia, que começou com os novos estrategistas de Hitler, mas que teve auge justamente com a seleção da Hungria 1952-4.
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Os magiares costumavam fazer pelo menos 2 gols antes dos primeiros 10 minutos de jogo, se utilizando dessa estratégia aliada a um preparo físico e de um aquecimento inédito para os profissionais da época, mas que não era estranho para atletas militares.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A MÁXIMA VITÓRIA DO FUTEBOL


E o futebol venceu.

Venceu como deveria ter vencido, como um herói que é.

É de nossa natureza, traumática e fraca, querer torcer pelo vira-lata – menos quando somos os torcedores do time, é claro, todos querem seus times imbatíveis –.

Ao que me consta, pobremente, só dois times foram invencíveis. A Seleção brasileira com Pelé-Garrincha, e a Seleção brasileira de 69 e 70. O resto, todos perderam uma hora ou outra.

Agourento, o grande e genial Jonathan Wilson já previra, no início da temporada, mesmo à despeito da genialidade tática e estratégica de Josep Guardiola, a queda do Barcelona, por causa da “maldição dos três anos”, isto é, NENHUM time resiste a três anos, ele se desmancha. As alternativas são simples, ou se muda o técnico e preservam-se os jogadores, ou mudam-se os jogadores e preserva-se o técnico. Ora, o Barcelona optou pela primeira opção. Do time de Frank Rjikard, bicampeão de La Liga e ganhador da UCL, o time está quase todo ali, o mesmo. Messi era titular naquele time, Xavi (ainda visto como primeiro volante apenas) e Iniesta eram reservas de luxo. O capitão já era Puyol, Valdés comia de vez em quando os seus galináceos e outras vezes fazia defesas quase estupendas. O Arsenal e o Manchester United optaram pelo segundo, mantém o técnico – e com ele os seus homens de segurança, o que seria de Sir Fergusson sem seu Giggs, por lá a quase tanto tempo quanto o professor escocês –, roda o elenco, para que em 4 anos, o time seja praticamente outro.

Não é o fim de uma filosofia, mas o é de uma era! Não acho que o Guardiola fique. E sem ele vai-se a Magia. É certo que o time continua sendo excepcional, como era maravilhoso o time de Rjikard, mas o time do holandês, mesmo na fase em que chegavam a comparar Ronaldo Assis com Pelé, não é do mesmo nível que ESTE Barcelona. Eu sempre fui categórico: Nem o Barcelona joga igual ao Barcelona O que Pep cunhou nos corações e almas dos amantes de futebol foi outro nível, algo que não se via, há pelo menos 3 décadas – o próprio Barcelona do qual fez parte e foi campeão da Champions, ou até mesmo o grande Milan de Arrigo Sacchi –, ou até mesmo 4 décadas – o Flamengo de Zico –.

É, acima de tudo, o fim porque a fórmula se foi. E hoje (24/04/2012) foi a prova cabal. A estratégia de Guardiola sempre foi clara: em seus 4-3-3 com Eto’o no centro do ataque, Henry na ponta direita e Messi na ponta esquerda. Ora, Henry e Messi entravam na área o tempo todo. Mas o pulo do gato foi quando Pep resgatou o falso 9 de Puskás. Messi foi pro centro, Eto’o pra direita.

Guardiola trouxe Ibrahimovic para que o time tivesse força de área (e aérea). Mas não deu certo. Perdeu-se a UCL. Pedrito apareceu, bancou-se Ibra. Atacantes continuavam entrando, Messi fazia o vai-e-volta no centro do ataque, ora o time era um 4-3-3, ora um 4-3-1-2, e a defesa ficava zonza.

Henry foi embora, veio David Villa. O sistema ficou ainda mais perfeito, mais sincronizado. Messi saia, entravam Villa, Pedrito (que já virava Pedro) e Iniesta dentro da área. Messi e Xavi davam passes açucarados. Messi chutava de fora da área indefensáveis mísseis teleguiados.

Villa quebrou a perna, trouxeram Alex Sanchez e Fábregas (para substituir o envelhecido Xavi, que não joga mais como antes). E chegou-se ao fim. Ao mesmo tempo que louvávamos o fato do Barcelona jogar com 8, 9 ou até 10 jogadores da base (dependendo se jogam os laterais brasileiros, ou Abdal, ou Alex Sanchez), nós víamos que a qualidade caía.

A teoria era simples: Villa na direita, Messi no centro e Alex na esquerda. Alex joga melhor no centro, é 9 de verdade, mas fazia muito bem a função. Villa não se recuperou, e não se sabe se continuará no time. Sanchez não está 100%.

E chegamos finalmente a hoje. Nesta semifinal, o Barça (no 3-1-3-3, chegando ao ápice de 3-3-4), jogava com 4 homens à frente de Messi, mas sem infiltradores. Fábregas na direita (depois Keitá no centro), Sanchez e Iniesta no centro, Cuenca (depois Tello) na esquerda. Depois Iniesta veio pro meio campo e Dani Alves ficou aberto na direita.

E quem infiltrava? Ninguém. Ora, a entrada de Keitá – volante – deveu-se justamente ao fato do time catalão só jogar com chuveirinhos, e, no banco, o gênio Guardiola não tinha nenhum centro-avante grandalhão que entrasse e tivesse presença de área (como Mário Gómez no Bayern de Munique).

E isso ocorreu porque o Chelsea novamente cedeu um campo estreito pro Barcelona jogar e travou completamente a entrada da área. Neste contexto, os blues aproveitaram-se do fato do Barça ter totalmente o centro e, desta forma, instintivamente, flanqueava-se a si mesmo. Assim, acelerando pelos cantos, com Ramires e Torres (e antes dele Drogba), os londrinos marcaram os gols em contra-ataques lateralizados, aproveitando-se desse natural afunilamento do time blaugrana.

(Muitos falaram da tática de Di Matteo lembrar justamente o de Mourinho com a Internationale, inclusive, com 1 a menos, ter colocado o centro-avante de lateral esquerdo, utilizando as costas de Dani Alves pro ataque lateral. Mas vale lembrar que a tática de Guardiola foi a mesma. Na falta de centro-avante, ele usou, antes, Pique de 9, e hoje foi Keitá)

Era a diferença que fazia o lesionado David Villa, a infiltração. TODO MUNDO está dando as pontas pro Barça, e fechando com 2 volantes à frente da grande área. O falso 9 de Messi acabou se tornando inútil, El Pulga tem agora que passar por 4 ou 5 defensores, ao mesmo tempo que ninguém entra dentro da área pra matar as jogadas.

A grande jogada de Messi, durante todo o jogo, foi justamente como um 10 clássico, encontrando um infiltrador pela esquerda, no caso o Iniesta, e dando o passe perfeito pra este finalizar. Ressaltemos também a inteligência do 8 para esperar o momento certo e impedir de entrar em impedimento.

Da mesma forma, louvar Ramires por seu golaço. O difícil no seu gol não foi a conclusão – treinável –, mas justamente a desaceleração: ao dar a bola a Lampard e correr pra receber na frente, o 7 azul simplesmente para a corrida a um passo da grande área, para poder visualizar completamente a jogada. Reitero, o mais difícil e incrível da jogada foi não se empolgar de vez e tentar uma bobagem, mas manter a calma, desacelerar e finalizar com qualidade em frente ao goleiro.

De modo contrário, abrir o olho para o grande carrasco catalão, Fernando Torres. Com este tento, soma 8 golos em cima do time azulgrená. Sozinho contra Valdés deveria, mas o drible que El Niño deu sobre o goleiro barcelonista foi muito errado, a quase três metros de distância, se Valdés fosse outro teria ficado de pé e dado o bote nas pernas de Torres. Mas o goleiro blaugrana é assim, quase leva um gol de Drogba de antes de linha de meio, e cai antes do drible. Talvez, aos olhos de Abramovic, este gol tenha valido os £50 mi investidos e que não deram fruto, principalmente se o Chelsea for campeão lá em Maio.

Faltam PEÇAS ao Barça, faltam mesmo, o time não tem banco a altura. A grande geração está aí, acabando. Xavi (envelhecido) e não dando mais conta do recado como antes, Fábregas (que veio pra substituí-lo), Iniesta e Messi são realmente acima da média, mas se um deles está mal (como Xavi nos últimos jogos, e Fábregas consigo), quem entra pra mudar alguma coisa? Tello, Cuenca? Quem pode ainda dar um caldo é o Thiago. La Mazia está na entresafra, esses garotos vão dar frutos assim como Pedro deu, Pedro que não é nenhum grande jogador, mas que tem qualidade para ajudar a formar um grande time.

Mas quando se chega na fase em que o jogador que fez gols em todos os títulos de 2010, de um time que ganhou tudo possível – inclusive a copa do mundo – e ele acaba por se tornar banco para Tello, que é, por sua vez, reserva de Cuenca, vê-se aí o ponto nevrálgico do problema.

O Barça vai se reerguer, com certeza. La Mazia continuará a produzir grandes jogadores e alguns craques. E provavelmente terão uma geração quase tão boa quanto esta. Mas o ciclo vem em declínio.

Resta saber, então, se Guardiola irá conduzir esta renovação, ou se a renovação se dará em outro sentido, com outro treinador, não tão comprometido filosoficamente com a escola de Cruyff.

Mas enquanto isso, só o futebol vence, quando mantém essa aura de imprevisibilidade. Esporte cujas regras permitem que um time fique o tempo inteiro se defendendo (no vôlei isso é proibido, no basquete, no futebol americano, no beisebol etc.) e que criou uma peça assaz interessante: o goleiro. Não importando a disparidade entre os times, um goleiro em noite inspirada (como foi Cech no jogo de ida) pode mudar completamente o resultado de uma partida. Por isso se diz (embora seja uma meia-verdade) que só neste esporte é possível que o mais fraco vença o mais forte (o que também  não é um acontecimento comum).

DE MÁMORE E MARFIM


basta de bostas!
             gritam nas ruas
                          o povo marchando
             enquanto isso
                          em Brasília
             segue qoroada
                          de mármore
                                            e marfim.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

GENERAIS E TÉCNICOS: CENTRO FRACO, FLANCO RÁPIDO, OS ALEXANDRES DO FUTEBOL

Encontrava-se Alexandre Magno, da Macedônia, com seu ínfimo exército diante de Dario, senhor da Pérsia, este ladeado por incontáveis batalhões. Alexandre que nunca perderia uma única batalha. O resultado era óbvio: Alexandre não poderia, a exemplo de Leônidas, usar o terreno para afunilar os orientais, anulando, deste modo, a sua superioridade numérica. Todavia, acredito eu que estratégia foi inventada para que o mais fraco vença!
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O que Alexandre faz? Uma loucura tática. Diminui as sua falanges e as estende pelo campo aberto. Visualmente o exército helênico pareceria maior, mais vasto. Era um apelo psicológico, mas de nenhuma outra grande utilidade prática, como todos os seus generais sabiam que não funcionaria - se o plano de Alexandre fosse botar Dario pra correr por ver um exército grande, não daria certo -.
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Enfraquecendo o seu centro, Alexandre deslocou a cavalaria para o flanco oposto donde normalmente a prática bélica mandava. O início do combate foi um massacre. As forças de Dario empurravam os poucos homens gregos e macedônios para trás. Quanto mais batiam, mais os persas, encontrando facilidade, centralizavam. Naturalmente a linha helênica tomava a forma de um V. O movimento acentuou-se tanto que, em determinado momento, os homens de Alexandre já flanqueavam os homens de Dario.
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Era o que Alexandre desejava. Numa única ordem, a cavalaria grega, já em posição privilegiada, desistiu do combate direto à cavalaria persa e acelerou sobre as costas do grosso do exército, que já se via completamente flanqueado pelo inimigo, e agora, com a carga macedônica nas costas: não tinham mais o que fazer. A derrota foi tão acachapante que Dario foi obrigado a fugir, deixando a Babilônia aberta para Alexandre, na maior vitória da História ocidental.
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Onde entra isso no futebol? Ora, é uma tática extremamente comum, sobretudo nos fins dos anos 80 até início dos anos 90, no reino do 3-5-2 (3-4-1-2). E isso vem de muito tempo atrás, também. No catenaccio interista de Heleno Herrera a tática era idêntica. A partir da base do WM (3-2-2-3) o time italiano bicampeão da Copa dos Campeões recuava um de seus volantes para a linha de zaga, trabalhando de sobra, formando, assim, um protótipo de 4-3-3 (4-1-2-3).
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Ora, o que Heleno pretendia? Enfraquecendo o seu centro - um volante contra dois meias -, forçava os adversários a trabalhar por aquela zona. Com a bola roubada, o jogo era aberto aos velocistas das pontas, que destruíam os adversário em contra-ataques velocíssimos.
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Não se pode, porém, confundir essa estratégia com aquela usada por Joel Santana durante alguns anos entre o título da Mercosul com o Vasco e a sua saída do Botafogo em 2011. Isto é, enfraquecer o seu centro e sair a partir de chutões pra frente. O chamado muricybol. A ideia é o oposto: 1º ceder o centro, fazer com que o adversário fique estreito, tentando entrar pelo meio, trabalhar a bola por lá. Não é só entregar o protagonismo, pelo contrário, é forçar o adversário a um determinado movimento que lhe interessa. 2º Acelerar os movimentos lateralizados, pegando o adversário "pelas costas". Este movimento só é possível porque o outro time flanqueia-se a si mesmo.
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P.S.: Este texto estava pronto desde quinta-feira. No sábado tivemos o El Clásico (Barcelona x Real Madrid). Notem que a tática de José Mourinho foi justamente esta. Antes do primeiro gol o time estava bem quebrado - o que é bem anti-Mourinho, que sempre gostou de times compactos -, o quarteto ofensivo dava pressão alta sobre os defensores, mas os outros 6 jogadores ficavam sentados em frente à zaga. O resultado é que o Barcelona teve todo o meio-campo (foram 72% de posse ao fim do jogo). Mourinho deixava os velocistas livres pelos lados, eram 4 contra os 3 zagueiros - já que, no WM blaugrana Sérgio Busquets fazia o movimento de ser volante com a bola e zagueiro sem a mesma -. Os gols do Real saíram todos de jogadas deste tipo, tanto o primeiro advindo de um escanteio, conseguido numa aceleração lateral, e, sobretudo o 2º tento, com Özil aberto na direita recebeu o passe do contra-ataque e abriu para Ronaldo que cruzava o campo, em velocidade, da esquerda para a direita, matando o jogo.
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Próxima segunda-feita cometerei um ato capital: Como Hitler entra no futebol - e não, não é nos discursos racistas que vêm encontrando vozes no Velho Continente -.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

GENERAIS E TÉCNICOS: TERMÓPILAS LONDRINAS


Há algum tempo venho pensando em escrever sobre estratégias de guerra que entraram para História, mas aplicadas à tática do futebol, isto é, como os técnicos utilizam, conscientemente ou não, estas estratégias vitoriosas nos seus planos de jogo.
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O jogo de ontem (18/04/2012) de Chelsea Vs Barcelona fez-me voltar ao tema. Ora, vamos ao General Histórico: Tendo o Peloponeso sendo atacado pela maior horda de soldados que o mundo já vira até então (o exército de Xerxes, senhor da Pérsia), Leônidas, um dos três reis de Esparta (capital do Peloponeso), promove um estratagema suicida: levar sua guarda pessoal de 300 guerreiros de elite, liderando um total de 3000 soldados para o estreito desfiladeiro das Termópilas (“passagens quentes”), onde o grande número inimigo ficaria esmagado, na sua estreita estrada, entre os muros do penhasco e a queda direta ao mar revolto da Grécia.
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Devemos compreender a vitória de Leônidas como uma vitória moral e psicológica. Um contingente minúsculo parar o maior exército do planeta. O suficiente pra interromper a marcha de Xerxes – completamente desmoralizado – e, finalmente, unificar toda uma helenidade que, se unida pelos laços culturais e linguísticos, era totalmente fragmentada politicamente, tendo, cada Pólis, seu próprio basileu.
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Analogicamente, podemos ver no jogo de futebol uma situação idêntica. Ora, se pelas regras, não existe maior quantidade numérica de jogadores em time do que em outro, nós podemos nos deparar com uma diferença técnica e/ou física absurda. Um exemplo claro é qualquer equipe que enfrente o atual Barcelona.
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Lembremos, pois, a seleção francesa de 2006.  Para aproveitar ao máximo Zinedine Yazig Zidane, o 4-2-3-1 gaulês defendia em dois bancos de 4, mantendo Zizou e Henry pressionando na frente os zagueiros. Então, com 4 homens podemos defender muito bem, quando sentamos atrás, afinal teríamos um jogador à direita, outro ao centro e um terceiro à esquerda, mais um dobrando a marcação em cada uma dessas três zonas. No entanto, não era isso que o selecionado do Galo Azul fazia: Ao invés de se manterem “largos” (wide) eles se mantinham “estreitos” (narrow), como colocam os ingleses tão preocupados em jogar pelos lados do campo.
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Neste sentido, a estratégia era a mesma da de Leônidas: abrir um campo estreito para o adversário passar, onde sua “maioria” física seria inútil contra os velhinhos franceses. Tendo 8 homens à sua frente, o adversário central procuraria um jogador livre pela direita – por exemplo –, e a equipe azul descia em bloco em direção à bola, sem necessariamente dar combate direto – isto é, não faziam pressão alta sobre a bola, mas a perseguiam-na em bloco em pressão leve –; a saída do jogador na direita era simples, voltar para o centro. E de lápra esquerda, e da esquerda de volta para o centro, etc. etc. etc., sendo induzidos assim ao erro e entregando contra-ataques mortais aos velocíssimos wingers franceses – Assistam novamente ao jogo contra a Espanha, e revejam os golos de Zidane e Ribery nesta partida –.
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Ora, e não foi esta a estratégia do Chelsea, ontem contra o Barça? Um 4-3-3/4-5-1, com três volantes, tendo apenas Lampard como homem que sai – embora, no jogo em questão, ele nem saiu de trás, apenas para bater bolas paradas –. Bem aberto na esquerda estava Ramires na sua função de carrillero (o segundo volante lateral do 4-3-1-2 argentino) aberto, justamente pra bloquear as subidas de Dani Alves, e aproveitar, com sua velocidade e vigor – comparáveis ao próprio lateral blaugrana – as costas do brasileiro do time catalão. Na ponta-direita encontrava-se Mata. Mas Mata jogou praticamente centralizado, aumentando, assim, a quantidade de jogadores na região de posse de bola. Desta forma, Di Matteo fez uma aposta, apostou que o Barça jogaria com um ponta muito aberto na esquerda e com Puyol fazendo o jogo de Abidal – o lateral/terceiro zagueiro pela esquerda –. A sorte de Di Matteo foi que o Barça tinha um lateral apoiador na esquerda, Adriano, mas o ponta era Iniesta, que sempre centralizava naturalmente; Mata, desta forma, não precisaria marcar ninguém, deixando lateral contra lateral na direita do seu time.
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A superioridade técnica do Barcelona foi reduzida a um estreito caminho pela esquerda, com apenas um jogador sendo capaz de utilizar aquele setor eficientemente. No fim da partida, Guardiola tentou aproveitar-se desse corredor, colocando por ali Thiago Alcântara, mas já era tarde. Sendo pouco municiado, Messi foi obrigado a descer até onde não é efetivo, na frente dos volantes adversários, para buscar a bola. Numa dessas descidas, foi desarmado por um Lampard que não subia, que lançou um Ramires solto nas costas de um Dani Alves muito avançado, que correu e deixou Drogba em posição de finalização. Um chute de dentro da área e um gol. A eficiência é necessidade sine quae non para este tipo de estratégia.
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Devemos compreender a vitória de Leônidas, dum ponto de vista futebolístico, como uma vitória deste mesmo tipo. O time mais fraco que estrategicamente se segura e em uma bola faz o resultado. Ou leva o empate até os pênaltis, em que a habilidade individual fica reduzida ao instante da finalização, num embate mano-a-mano contra o goleiro.
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Se Di Matteo usou esta estratégia de forma consciente ou não, isso é irrelevante, como é irrelevante questionar se os traficantes que se utilizam das estreitas vielas das favelas para combater e fugir da polícia nos morros brasileiros conhecem estratégia militar e a História de Leônidas – ou se só assistiram ao filme de Zack Snyder baseado no romance gráfico de Frank Miller –. O fato é: o aproveitamento de uma estratégia antiga, do considerado o maior General da História ocidental, devidamente adaptando a sua filosofia ao “novo campo de guerra”, ainda funciona perfeitamente. Como no caso do rei espartano, esta estratégia necessita, acima de tudo, que os seus guerreiros/soldados/jogadores sejam extremamente disciplinados. No fim do jogo, a defesa dos blues relaxaram um pouco e só não devolveram o empate com gols aos catalães, se não fosse o chute absurdo de Sérgio Busquetes por cima do gol totalmente aberto dos ingleses.
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Na próxima segunda-feira voltaremos ao mesmo tema, investigando onde e como Alexandre, O Grande, da Macedônia está presente na mente tática dos treinadores de futebol.
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Para uma análise tática da partida e uma visualização de como o Chelsea abriu a direita para afunilar o Barcelona, leia aqui, no Zonal Marking

quarta-feira, 18 de abril de 2012

um pouquinho de iconoclastia!


Ó! mestre!
fazei com que eu procure mais
controlar que ser controlado
converter que ser convertido
odiar que ser odiado
pois é tomando que se acumula
e é matando que se vive
mais tempo nessa terra!

quinta-feira, 15 de março de 2012

CRÔNICA, TREZE 1 X BOTAFOGO 1


Eu estive lá.
Eu vi um Botafogo inoperante, dominado por um Treze mordido.
Um treze que vem cambaleando de mal a mal no paraibaninho! Quarto entre dez times. Quarto ainda porque empatou muitos jogos nos acréscimos, é gols nos acréscimos.
Um time contestado no campeonato paraibano, mas que vai jogar a série D, isso mesmo a série D!
Um time de série A, invicto entre grandes nacionais. Ninguém na imprensa acreditava que haveria jogo de volta, mas o discurso era sério, não acreditavam mas torciam.
A Federação Paraibana de Futebol (FPF) não acreditava no jogo de volta. O 13 tem jogo marcado para o dia do jogo de volta. Ninguém acreditava no jogo de volta, ninguém acreditava que o 13 não fosse goleado!
A torcida estava lá, quase 2 pra 1 de botafoguenses no estádio contra o time local. É, éramos maioria.
E o Botafogo só não foi goleado, vexatoriamente, porque Jefferson está em outro patamar, em outro nível. Vi defesas que ousaria dizer: virtualmente impossíveis! Ele cresce, se agiganta na frente do atacante!
Mas deu-se o que se deu.
Por quê? Não, a culpa não é deste jogador que falam. A culpa é daquilo que os técnicos chamam de ATITUDE. Chamem de “raça”, chamem de “respeito”, chamem como quiser: ATITUDE.
O 13 encarou o jogo por aquilo que é: o jogo mais importante do ano. E o 13 é copeiro, gosta da Copa do Brasil. E para quem empatou com Bangu, o 13, o Botafogo-PB, e o Campinense estão no mesmo patamar do times pequenos e médios dos times do Rio de Janeiro, ou acima deles. O Treze é bem melhor que o Bangu.
O Botafogo encarou o jogo por aquilo que achava que ele fosse: massacre anunciado. Não foi, poderia ter sido com outra atitude, mas quando Cidinho é o jogador mais interessado em campo, isto é sintomático.
Muitos paraibanos estão regozijando: foi a vingança do salto-alto. Muito alto, de quem não viu a própria torcida...

quarta-feira, 14 de março de 2012

AMOR À DISTÂNCIA

Amar à distância: coisa complicada!
Amor à distância... meu amado vem de longe.
Amar à distância, para os realistas: adultério; para os românticos: morte.
Meu amor veio de longe.

Acordei meu filho à 1 da manhã, levei-o para o Aeroporto, o meu amado fugiu pelos fundos! 50 a 100 apaixonados ficaram a ver navios... praia distante, esta da Paraíba... pra gente que vai trabalhar de manhã...

À noite mais corajosos 300 ou 500 amantes vão assistir ao treino, gritam os nomes dos atletas, só uma acena de volta: Antônio Carlos. Os dois paraibanos, Fábio Ferreira (de Campina Grande) e Márcio Azevedo (de Guarabira), que NUNCA jogaram neste estado, nem olharam.

Torcedores correm, tentam autógrafos dos atletas que provavelmente nunca mais verão na vida inteira. Ídolos como Herrera, o mais ovacionado nem se move, Cidinho - que nem vinte anos tem - dá um tchau de costas. Os dois paraibanos do time, nem olharam.

Só um dos mais contestados, só um dos mais xingados, Felipe Menezes vem aos torcedores - a partir de hoje, quem falar mal deste jogador, será meu inimigo eterno -.

Será a primeira vez que eu verei o meu amado, rosto-a-rosto, será a primeira vez que meu filho irá a um estádio de futebol, um pouco mais novo do que eu, quando meu pai me levou pela primeira vez para assistir a um jogo de futebol do Botafogo - da Paraíba -.

Era um jogo contra o 13, era 1990, eu tinha 6 ou 7 anos.

Estarão lá também meu alunos, meus parentes, meus amigos, todos irão lá, deleitar-se contigo, amado. Não deveríamos, estamos frustrados, traídos...

Mas eu te amo, o que fazer? Vou lá, constrangido, raivoso, esperançoso, porque amar à distância, para os trovadores era coitar, sofrer.

Como te amar de longe é difícil, era como se eu tivesse lepra, meu amor...

quinta-feira, 8 de março de 2012

HOMENAGEM ÀS MULHERES EM SEU DIA


Sim, há flor.
Mais a flor.
Mulher no meio da estrada...
Sem saber porquê: pétala e perfume, espinho e gineceu.
A terra: germinante,
Semente e ventre.
Mulher sangrando terra.
Vida que pulsa: princípio receptivo.
Princípio doador -> dona de todos os bens, centro unificador de toda pulsão vital: germinante, germinatriz.
Benditas sejam vós e os frutos dos vossos ventres:
Todos nós, os vivos.
A vida que se exala, perfume puro de flor áspera.
A vida: substantivo-substância feminina -> a vida, a flor, a terra.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DEPOIS


De que morri veio a escuridão, da escuridão veio uma praia branca de areia fofa que banhava um mar salgado de água morna embebido pela foz de um rio. Lembro de que tentei mover meu corpo, porém ele ficara na escuridão, e agora eu era uma estrutura quântica que procurava o movimento ondular e cíclico.
            Seguindo o rio deparei-me com um risonho bosque, lá deitei no gramado verde e lembrei todas as vezes que me esqueci de fazer isso quando eu tinha peso para esparramar-me sobre a gramínea, agora é como me deitar em nuvens, com leveza, mas não esquecimento, nada esqueço aqui.
            No bosque eu senti o cheiro de uma cachoeira, lá me refresquei em sua água gelada e a escalei, nunca o fizera em vida pelo peso abdominal que aqui de nada vale, pois nem gravidade nem abdômen.
            A água que alimentava a cachoeira, o rio e o mar, vinha de uma montanha branquinha, daquelas que nos fazem sentar e pensar, no pé da montanha vi uma mesa posta e um local para mim.
            Lá estavam todos os meus ancestrais me esperando, e de um só me abraçaram, perguntei à primeira molécula o porquê dela ter decidido juntar-se em um grupo carbônico e começado a devorar aquelas que ainda não tinham evoluído para uma forma de vida, ela me respondeu de bate-pronto, como se lhe fosse casual este assunto.
            Eis que uníssono declamam para mim o sentido da vida, que não é mais do que um verso épico, e surpreendi-me por ter percebido todo aquele tempo e não ter aceitado o fato.
            Volto-me e vejo todos os meus descendentes até a entropia e o colapso e declamo para eles o verso e eles mo devolvem em uníssono e surpreendi-me por ter percebido todo aquele tempo e não ter aceitado o fato.
            Então alguém chega e me toma o coração, põe-lo numa bandeja de balança e o vejo cair como que se rolasse toda a montanha branquinha, daquelas que nos fazem sentar e pensar, e explica-me, enquanto põe uma pena de beija-flor da outra bandeja da balança, que se o peso do meu coração for maior eu serei punido em medo, agonia e tristeza pelo que fiz a ele, se o meu coração for mais leve eu poderei sentar-me e tomar parte do banquete dos meus ancestrais, se o peso igualou-se eu volto e vivo novamente.
            Pisco e vem a escuridão, da escuridão veio uma praia branca de areia fofa que banhava um mar salgado de água morna, embebido pela foz de um rio. Lembro de que tentei mover meu corpo, porém ele ficara na escuridão, e agora eu era uma estrutura quântica que procurava o movimento ondular e cíclico.
            Seguindo o rio deparei-me com um risonho bosque, lá deitei no gramado verde e lembrei todas as vezes que me esqueci de fazer isso quando eu tinha peso para esparramar-me sobre a gramínea, agora é como me deitar em nuvens, com leveza, mas não esquecimento, nada esqueço aqui.
            No bosque eu senti o cheiro de uma cachoeira, lá me refresquei em sua água gelada e a escalei, nunca o fizera em vida pelo peso abdominal que aqui de nada vale, pois nem gravidade nem abdômen.
            A água que alimentava a cachoeira, o rio e o mar, vinha de uma montanha branquinha, daquelas que nos fazem sentar e pensar, no pé da montanha vi uma mesa posta e um local para mim.
            Lá estavam todos os meus ancestrais me esperando, e de um só me abraçaram, perguntei à primeira molécula o porquê dela ter decidido juntar-se em um grupo carbônico e começado a devorar aquelas que ainda não tinham evoluído para uma forma de vida, ela me respondeu de bate-pronto, como se lhe fosse casual este assunto.
            Eis que uníssono declamam para mim o sentido da vida, que não é mais do que um verso épico, e surpreendi-me por ter percebido todo aquele tempo e não ter aceitado o fato.
            Volto-me e vejo todos os meus descendentes até a entropia e o colapso e declamo para eles o verso e eles mo devolvem em uníssono e surpreendi-me por ter percebido todo aquele tempo e não ter aceitado o fato.
            Então alguém chega e me toma o coração, põe-lo numa bandeja

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

ANÁLISE DOS JOGOS DO BOTAFOGO


Depois de três empates seguidos, faz-se necessário um olhar mais criterioso das qualidades e defeitos do Botafogo de Futebol e Regatas.
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Na fase defensiva do jogo, o Botafogo monta-se num forte 4-1-4-1: Jéfferson; Lucas, Antônio Carlos, Fábio Ferreira, Márcio Azevedo; Marcelo Mattos; Maicosuel, Renato, Andrezinho, Elkeson; Loco Abreu. Com essa estrutura, o time de Gal. Severiano é capaz de aplicar pressão na saída de bola do adversário.     
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Por isso, mesmo com os buracos deixados pelos laterais – sobretudo o esquerdo –, motivo pelo qual o time levou seu três gols na competição estadual, o time já não enfrenta mais problemas defensivos tão sérios como antigamente.
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Essa é a primeira qualidade da equipe de Oswaldo Oliveira: bom posicionamento tático, ocupação inteligente dos espaços a partir da intermediária adversária, estrutura forte, marcação pressão média sobre a bola dos 5 atacantes – os defensores marcam zona –, posse de bola superior a 60% na maioria dos jogos.  
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O lado negativo de se exercer pressão sobre a bola pelos homens de frente, é que isso obriga os zagueiros a fazerem uma linha de impedimento muito alta. Nos dois primeiros jogos, era visível que os defensores não sabiam exatamente o que fazer, o que permitiu lançamentos nas costas de Azevedo. Jéfferson também se posiciona ainda muito dentro da área, ora, se meus zagueiros estão na linha de meio-campo – observem por exemplo o impedimento de Ronaldo Assis, ele está com apenas um pé além da linha divisória do campo –, eu (o goleiro) deve adiantar-me para impedir que os lançamentos dos zagueiros adversários caiam nas costas dos meus zagueiros. É simples isso, mas deve ser assustador para um goleiro ficar fora da sua zona de conforto e jogar onde não possa pegar a bola com a mão.
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Nas transições defensivas, o esquadrão nunca é pego de “calças curtas”, pois a base fica muito bem montada, com os dois zagueiros, Mattos na frente, e com a alternância constante e alternada do apoio dos laterais, ficando um sempre na defesa. O sistema ainda não está perfeito, pois a basculação ainda não está tão afinada quanto deveria ser.
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Apesar destas qualidades defensivas, o time de Oswaldo não demonstra muitas habilidades ofensivas. Acima de tudo, falta criatividade. Andrezinho vem sendo um dos melhores do time, mas ainda não é um 10 que ganhe jogo – a não ser nas cobranças de falta –, que deixa os atacantes na cara do gol duas ou três vezes por jogo.
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Também falta mobilidade. Com a equipe estática do jeito que se apresenta, obviamente não criará chances de gol. Daí a necessidade da profusão de jogadas aéreas para um Loco Abreu que ainda não se encontra 100% fisicamente. Mas com um time que não se movimenta – e que perdeu o que tinha de melhor na época de Caio Jr., a ultrapassagem dos laterais, sobretudo da dupla Maicosuel-Cortêz –, não há jogadas de linha de fundo, e com cruzamentos da intermediária, nem que Abreu tivesse 3m de altura, ele conseguiria vencer essas jogadas, principalmente no meio da região do pênalti (sem contar que, o único cruzamento que realmente funcionou no jogo contra o Flamengo, caindo atrás da pequena área, foi o de Renato).
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Se os meias-extremos do 4-1-4-1 não avançam e viram ponteiros, o time fica assim mesmo, sem penetração, sem profundidade, sem criação. Se o centro-avante fica estático, não abre espaço para a penetração dos quatro homens que vêm de trás, e fica marcado muito facilmente dentro da área. Se os laterais não vão à linha de fundo, acabam fazendo vinte a trinta cruzamentos inúteis para a grande área adversária!
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Eis mais um motivo ainda para que Herrera não volte a ser titular no esquete botafoguense, não sabe se posicionar defensivamente numa linha de quatro meias e não tem capacidade de resolver jogos, o que abriria caminho para a sua presença obrigatória em campo. Por outro lado, será muito mais fácil tirar o Elkeson do time para a entrada do Jobson do que um cara mais amado pela torcida como o Herrera. Jobson este que parece ser titular absoluto na cabeça de The Oz! Jobson, que pelo que está fazendo nos treinos – e se finalmente tiver a cabeça no lugar, pois não terá mais chances e com ninguém – pode realmente chegar e resolver os jogos, um jogador que com ele o time fica muito mais perigoso, no drible, na velocidade, na impetuosidade; mas fica bem menos criativo, o que será um problema se Andrezinho não crescer, ou se não chegar um outro meia capaz de criar condições de gol, o time talvez fique refém da correria de Jobson pela esquerda, e a força física de Abreu dentro da área.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O OGRO


            Era noite e ela já o esperava.
            A menina arregalava os olhos à sua espera.
            As trevas já cresceram e afundavam-se no interior dos seus olhos para que no escuro ela visse tudo.
            De debaixo da cama sairia o bicho-papão.
            Sua mãe lera o livro e terminara o ponto final, fechara-o, beijara-lhe a testa e boa-noitou-lhe.
            Então era só a espera,
                                               longa,
                                                          triste,
                                                                     inacabável.
            Lá fora abocanhava tudo a noite fria e inexpugnável avisando-lhe que seria mais uma vez visitada, queira ou não.
            Um sono de vigília que nunca chegava, o cambalear das pálpebras a fim de fecharem-se, o temor das córneas das pálpebras de fecharem-se.
            Sonhou que fosse uma princesa em alta torre e nos seus fossos distantes dragões potentes e poderosos cercassem sua cela e impenetravelmente nada lhe invadisse violentamente. Teve medo que viessem os dragões lhe perturbar.
            Sonhou que fosse uma borboleta e dali voava, mas à noite borboletas não voam e ficam à mercê dos bichos mais feios e asquerosos. Teve medo que fosse borboleta.
            Sonhou que fosse uma fada com suas asas coloridas e olhudas de borboleta e luzes de vagalumes e gritos agonizantes e audíveis das cigarras todas que brotam das terras e gemem invisíveis das árvores na hora em que o Sol cai. Teve medo que sua luz chamasse os monstros.
            Sonhou que fosse sete coisas perfeitas e lindas. Cada coisa contendo outra coisa e cada coisa contida sendo outra, disfarçada não sendo a primeira.
            A uma de sete era uma flor, e dentro desta flor tinha uma chave que nada abria, mas era em si um enigma, que se girasse de tal forma o segredo da chave pra cima e pra baixo, esta abriria, e lá de dentro sairia um segredo outro irrevelável.
            A dois seria o segredo, um poemeto de quadra em redondilha maior com rima nos versos pares, ao estilo das cantigas antigas populares que sua avó havia de cantá-las. E no poemeto a chave de ser feliz, que não era chave, eram palavras.
            A terceira coisa perfeita e linda que se pensou ser era um cofre, que não era um cofre feito baú ou caixa, era um cofre de menina, coração-rosa-puro, e dentro tinha uma flor que flor não era e que trazia uma chave que não era chave, mas escondia um poema que era uma chave.
            A sua dêsinocência formada não impedia rompantes de criatividade pueril de menina pré-menstruo.
            Sonhou que fosse uma princesa torta montada amontoada em urubus que são dragões que são borboletas que são vagalumes que são cigarras que fingem ser fadas, mas fadas não eram, eram estruturas de prédios, prédios inteiros que não são bonitos nem impecáveis, são o que os prédios são: duros, altos e frios, seres que por não serem não sentem, nem o alívio, nem a espera, nem a dor, nem a tristeza nem a espera. E dentro do prédio tinha outro prédio, que prédio não era, era uma lesma que dentro do prédio caminhava e não se fazia perceber.
            Cinco de sete que se fosse e não era, era o vento e dentro do vento tinha a voz do poema do segredo da chave dentro da flor dentro do cofre. Era nada portanto.
            Um pé que pesava e se arrastava.
            Que fosse um relógio e sempre atrasasse e nunca fosse a hora de todas as noites. E no relógio havia ponteiros feitos todos de brinco de minervas e afrodites e ela não sabendo o que fosse uma minerva ou uma afrodite imaginou e fez que fossem por meio de ser o apenas o que se imagina de ser tipos específicos de flores ou coisas que vêm do mar. E os ponteiros eram apenas os suspiros que abriam os ventos.
            Um bicho grande e enorme adentrou o quarto de três ou mais metros estava nu, silencioso no quarto, era papão, oi papão, boa noite papão, papão, o que foi papão?, e  o silêncio abateu a voz dela e fez O silêncio mudo, que cala toca a perfeição, lindeza e inocência.
            Na sua desinocência formada não residia nenhum assombro de paraíso.
            Sonhou que fosse uma mãe e dentro tivesse amor. Mas amor não fosse amor de comida na mesa, mas amor de ouvir silêncio, o que não era.
            E o ogro devorava-a novamente.
            Toda a noite e no silêncio dos corredores da casa a vizinhança inteira era uma só mudez para os fatos que aconteciam.
            Saberia a mãe dos monstros sob a cama?
            Se sabia o que nada fizera?
            Se não sabia o que nada fazia para não saber?
            Eram sete coisas dentro dela que não eram coisas que são como são, são sete coisas que são outras por aparentarem ser o que não são.
            São sete suspiros, sete segredos, sete engodos, sete salvações, sete confissões, sete perdições, são sete belezas dentro dela, dentro dela e do ogro.
            Dentro dela o ogro.
            Dogro.
            Orgod.
            O susto assimilado pelo ogro era a irracional tortura que fazia em si mesmo e não entendia a id net neo ã neom sem simea izafeu qarutrotlano icarria are orgo olepodal imissaot suso o stuso amadislsio pleo orgo era a ionacrrial tturora que fzaia em si memso e não eentnida.
            São sete coisas escondidas dentro de si: o ogro, a mãe, a estória pré-sono, o relógio, o corredor, as coisas deixadas dentro de si, e si mesma dentro de si, que não é as coisas que estão dentro de si, a não ser as coisas que foram deixadas dentro de si, que são mais do que realmente são por gerarem mais coisas do que realmente são, mas são as coisas que estão dentro de si, mas significam muito mais do que o mero lixo que é e está dentro de si.
            São sete coisas, nenhuma presta.
            Nada portanto.
            O ogro vai embora, a noite converte-se em sono e desgraça para mais um dia de desgraça e sono e uma nova noite de espera,
                                                                        longa,
                                                                                   triste,
                                                                                             inacabável.

domingo, 22 de janeiro de 2012

QUAL TERIA SIDO O ESQUEMA TÁTICO DE OSWALDO DE OLIVEIRA NO 1º JOGO DO ANO?


AZAR, MAIS AZAR, UM POUCO DE SORTE, SÓ ACONTECE COM O BOTAFOGO
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Loco Abreu fez dois. Deveria ter feito quatro gols.
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O Botafogo fez três gols. Poderia ter feito seis.
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Três bolas e meias na trava (o chute de Márcio Azevedo bateu nos dois paus e não entraram).
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Loco Abreu perdeu um pênalti (nas minhas contas é o quarto que perde no comando do ataque botafoguense) – embora, na minha opinião atacante só perde pênalti quando chuta pra fora, o goleiro defendeu: méritos dele, totalmente –. Numa cabeçada limpa, sem sair do chão, o goleiro salvou em cima da linha em seu contra-pé. No fim do jogo, uma cabeçada passou a um palmo do gol. Foi decisivo, ficou devendo. Leia isto, assista o jogo, decida você como julgá-lo.
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ERROS DEFENSIVOS
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O gol do Resende saiu, obviamente de um golpe de sorte. Mas credita-se a ela este gol? Não, é claro. Só faz gol quem chuta, só desvia na barreira quem consegue uma falta para bater. E como surgiu esta falta?
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Eis o ponto. Por duas ou três vezes no primeiro tempo Márcio Azevedo – que foi bastante bem ofensivamente, sobremaneira nos 45 minutos iniciais – foi pego fora de lugar. Mesmo posicionado na defesa, o lateral esquerdo estava à frente do atacante a quem deveria marcar. Disso surgiu a falta. Da falta saiu o gol.
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“Tudo pela falta de um prego”.
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RENATO + ANDREZINHO
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Em teoria, o esquema tático do Botafogo seria um 4-2-3-1. Mas a movimentação em campo, sobretudo dos centrais não parecia formar um W.
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O triângulo do centro com dois volantes, sendo um cabeça-de-área e um regista (armador) e um enganche (ponta-de-lança) à frente, alinhado com os dois wingers (usarei, doravante, o termo pontas), esta é a formação básica do W no meio-campo do 4-2-3-1.
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A movimentação dos centrais destruíam completamente este desenho. O futebol possui quatro momentos ou fases bem distintas. Um bom técnico é aquele que faz com que o time se movimente da forma mais eficiente possível, e ocupe os espaços da melhor maneira. As quatro fases do jogo de futebol são: posse de bola (ou ataque); defesa; transições ofensivas (contra-ataque) e defensivas (reposicionamento para evitar o contra-ataque).
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Quando o Botafogo tinha a bola, Renato – de quem se espera que venha até a defesa para fazer a saída de bola – avançava até o ataque, Andrezinho é que vinha até os zagueiros buscar a bola. Na verdade, Renato jogou mais à frente do que Andrezinho o jogo inteiro, pois quando o time defendia o 10 se alinhava ao 8 e ao 5.
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Essas trocas de posições entre Renato e Andrezinho foram essenciais para o primeiro gol do Botafogo.
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MAICOSUEL+HERRERA
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No segundo tempo, principalmente após a saída de Elkeson, o Mago foi deslocado à ponta-esquerda. Neste momento, a sua movimentação lembrou muito a movimentação de David Silva no Manchester City: defendendo aberto como winger, atacando centralizado como ponta-de-lança.
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Então, quando atacava, o Botafogo chegou a ter três meias-articuladores centrais. Andrezinho atrás, Renato pela meia-direita, Maicosuel pela meia-esquerda, Herrera na ponta-direita.
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Foi daí, da meia-esquerda que o 7 encontrou o gol livre, após rebote incompreensível do goleiro do Resende – que tinha ido, até aquele momento, muito bem no partida –, apenas para empurrar a bola para as redes.
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Quanto a Herrera, pouco se pode falar. No fim da temporada passada, ajudou a queimar Caio Júnior, reclamando da posição em que jogava. Quando, na verdade, o maior problema era ele. No ano passado, o 17 tinha toda a liberdade do mundo para entrar na área de gol toda a vez que a jogada fosse iniciada pelo meio ou pela esquerda – o que mais um atacante poderia querer? –.
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No primeiro jogo desta temporada ele entra de... ponta-direita, com liberdade para entrar na área de gol quando o jogo se desenvolvia pelo lado contrário. Recebeu uma bola limpa na zona de pênalti e finaliza – mais uma vez – muito mal. E numa jogada de ponta, bola na cabeça de Abreu, bola na rede do gol.
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A pergunta fica: quem é que está certo, ele ou os técnicos que insistem em colocá-lo na ponta-direita?
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MANUTENÇÃO DA BASE
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O lugar comum é elogiar a base do ano passado. Afirmação mais errônea impossível. Vejamos:
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Time base de Joel Santana, 2010 (3-4-1-2):
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Jéfferson;
Fahel, Antônio Carlos, Fábio Ferreira;
Alessandro, Marcelo Mattos, Somália, Marcelo Cordeiro;
Maicosuel (depois que se machuca é substituído por Renato Cajá ou Lúcio Flávio);
Herrera, Loco Abreu
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Time base de Caio Júnior, 2011 (4-2-3-1):
Jéfferson;
Lucas (Alessandro), Antônio Carlos, Fábio Ferreira, Cortez;
Marcelo Mattos, Renato (não o mesmo do ano anterior);
Herrera, Elkeson, Maicosuel;
Loco Abreu
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Time base de Oswaldo de Oliveira, 2012 (4-2-3-1):
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Jéfferson;
Lucas, Antônio Carlos, Fábio Ferreira, Márcio Azevedo;
Marcelo Mattos, Renato;
Maicosuel, Andrezinho, Elkeson (Herrera);
Loco Abreu
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Isto é, mais de 60% do time que começou jogando em 2012 está junto, pelo menos, desde o segundo semestre de 2010 (quando Maicosuel foi reintegrado ao time). Outras peças estão em General Severiano desde a desastrosa campanha de 2009, como: Jéfferson (que chegou na 2º metade do campeonato brasileiro), Maicosuel (que jogou apenas o Carioca), Jobson (que também chegou durante o returno do Brasileirão e só poderá voltar a jogar após março).
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Não só são jogadores que conhecem bem General Severiano – sobretudo, que conhecem muitíssimo bem o Engenhão, casa Gloriosa desde 2007 –, o esquema tático também não é nenhuma novidade do Botafogo, e não falo do esquema de Caio Jr., não. Em 2009, o então técnico do time da estrela solitária, Estevam Soares, montou um time que no papel era um 4-2-2-2, mas na prática era um 4-2-3-1: Lúcio Flávio centralizado, Renato (não o mesmo de 2010, muito menos o atual) aberto na direita, Jobson aberto na esquerda, André Lima na área.
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Trocando e melhorando (quase) todos os nomes, o desenho permanece igual.
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CONCLUSÃO
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Muito cedo para se afirmar qualquer coisa sobre o time ainda – a não ser que precisa, e MUITO, calibrar a pontaria e treinar finalizações –. O time jogou, mormente no primeiro tempo e após voltar à frente do placar um futebol vistoso, de passes rápidos e movimentação constante – dos grandes, foi o que criou mais chances claras de marcar –. No entanto, dos grandes foi o único a levar gol – embora tenha ficado na média de gols marcados, nesse quesito, o pior foi o Vasco da Gama –, mesmo a defesa não tendo sido cobrada nunca contra o Resende: ficar de olho!!