No inicio da
Segunda Guerra Mundial, a vanguarda do exército alemão fez estragos enormes na
defesa francesa. Os franceses criaram o que seria a maior defesa terrestre da
humanidade desde a construção da Grande Muralha da China: a Linha Maginot.
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Os generais
franceses – e poloneses, e russos, e austríacos – estavam acostumados com outro
tipo de guerra, uma guerra ainda descendente da era napoleônica: lutas diretas,
com soldados e infantarias, cavalarias em descidas, e, sobretudo, bombardeios
de artilharia pesada (canhões).
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Nem mesmo a
Primeira Grande Guerra, que modificou completamente a NATUREZA de luta – ao
invés de batalhas campais, a guerra passou a ser “de trincheira” – modificou
tanto a ESTRATÉGIA de luta.
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Os
estrategistas alemães sugeriram a Hitler uma estratégia completamente nova, e inclusive
considerada covarde: a blitzkrieg – o
ataque relâmpago –. Os próprios generais de carreira alemães torceram o nariz
para o novo modo de lutar que não estava nos manuais. Mas Hitler comprou a
ideia, e que ideia.
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Sem
preparações, sem posicionamento em campo, sem uma leitura específica entre
peças. Os tanques: eles vinham, abriam o caminho, destruíam e não ocupavam, íam
embora e deixavam os inimigos atônitos, o ataque terminava antes que a resposta
tivesse sido dada.
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No futebol, vejamos,
a título de exemplo, a tática utilizada pelo Real Madrid de Jose Mourinho em
diversas partidas contra o Barcelona de Josep Guardiola: um inicio avassalador,
com pressão nos zagueiros e no goleiro o que permitiu vários gols nos primeiros
minutos – e até nos primeiros segundos – de jogo a favor dos galácticos.
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Também está
sendo a tática empregada por Arsene Wenger no momento em que conseguiu
estruturar o seu Arsenal – já no mês de fevereiro deste ano, com mais de 6
meses de campeonato rolando –, sobretudo iniciando por colocar Rosicky como
ponta-de-lança do triângulo médio dos gunners.
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Podemos
dividir, deste modo, os jogos do Arsenal em 6 momentos chaves, divididos
igualmente – ou quase – em 15 minutos. Nos primeiros 15 o time pressiona tanto
que fica difícil determinar uma posição tática para os jogadores (contudo nós
já sabemos de antemão do posicionamento NORMAL deles na maioria dos jogos).
Depois disso, o time passa 15 minutos de descanso, quando o adversário costuma
equilibrar a disputa da partida (usualmente, a posse de bola do Arsenal nestes
primeiros minutos ultrapassa os 65%), voltando a pressionar, novamente nos
últimos 15 minutos. No inicio do segundo tempo, a proposta é a mesma, mas menos
intensa: primeiro terço com “blitz”,
segundo de repouso e terceiro com nova investida, esta tão forte (ou quase tanto)
quanto os 15 minutos avassaladores iniciais. O resultado é que em quase todas
as partidas o Arsenal marca um gol nos primeiros 15 a vinte minutos da partida (e
nessa estatística eu incluo, na conta, a vitória em cima do Manchester City, em
torno dos 10 minutos: num escanteio, van Persie cabeceia para o gol que foi
salvo pelo seu companheiro de time Vermaelen), e em outros tantos marcou gols
nos últimos 5 minutos da contenda, ou até mesmo no tempo extra!
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Conjugar um
início avassalador, veloz, de pressão alta, tomando controle total da posse de
bola, mas ao mesmo tempo um controle curto, passando para um modo de espera e
manutenção física, é a característica principal desta estratégia, que começou
com os novos estrategistas de Hitler, mas que teve auge justamente com a
seleção da Hungria 1952-4.
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Os magiares
costumavam fazer pelo menos 2 gols antes dos primeiros 10 minutos de jogo, se
utilizando dessa estratégia aliada a um preparo físico e de um aquecimento
inédito para os profissionais da época, mas que não era estranho para atletas
militares.
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