segunda-feira, 30 de abril de 2012

GENERAIS E TÉCNICOS: AÇÕES RELÂMPAGOS, AÇÕES CURTAS


No inicio da Segunda Guerra Mundial, a vanguarda do exército alemão fez estragos enormes na defesa francesa. Os franceses criaram o que seria a maior defesa terrestre da humanidade desde a construção da Grande Muralha da China: a Linha Maginot.
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Os generais franceses – e poloneses, e russos, e austríacos – estavam acostumados com outro tipo de guerra, uma guerra ainda descendente da era napoleônica: lutas diretas, com soldados e infantarias, cavalarias em descidas, e, sobretudo, bombardeios de artilharia pesada (canhões).
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Nem mesmo a Primeira Grande Guerra, que modificou completamente a NATUREZA de luta – ao invés de batalhas campais, a guerra passou a ser “de trincheira” – modificou tanto a ESTRATÉGIA de luta.
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Os estrategistas alemães sugeriram a Hitler uma estratégia completamente nova, e inclusive considerada covarde: a blitzkrieg – o ataque relâmpago –. Os próprios generais de carreira alemães torceram o nariz para o novo modo de lutar que não estava nos manuais. Mas Hitler comprou a ideia, e que ideia.
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Sem preparações, sem posicionamento em campo, sem uma leitura específica entre peças. Os tanques: eles vinham, abriam o caminho, destruíam e não ocupavam, íam embora e deixavam os inimigos atônitos, o ataque terminava antes que a resposta tivesse sido dada.
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No futebol, vejamos, a título de exemplo, a tática utilizada pelo Real Madrid de Jose Mourinho em diversas partidas contra o Barcelona de Josep Guardiola: um inicio avassalador, com pressão nos zagueiros e no goleiro o que permitiu vários gols nos primeiros minutos – e até nos primeiros segundos – de jogo a favor dos galácticos.
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Também está sendo a tática empregada por Arsene Wenger no momento em que conseguiu estruturar o seu Arsenal – já no mês de fevereiro deste ano, com mais de 6 meses de campeonato rolando –, sobretudo iniciando por colocar Rosicky como ponta-de-lança do triângulo médio dos gunners.
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Podemos dividir, deste modo, os jogos do Arsenal em 6 momentos chaves, divididos igualmente – ou quase – em 15 minutos. Nos primeiros 15 o time pressiona tanto que fica difícil determinar uma posição tática para os jogadores (contudo nós já sabemos de antemão do posicionamento NORMAL deles na maioria dos jogos). Depois disso, o time passa 15 minutos de descanso, quando o adversário costuma equilibrar a disputa da partida (usualmente, a posse de bola do Arsenal nestes primeiros minutos ultrapassa os 65%), voltando a pressionar, novamente nos últimos 15 minutos. No inicio do segundo tempo, a proposta é a mesma, mas menos intensa: primeiro terço com “blitz”, segundo de repouso e terceiro com nova investida, esta tão forte (ou quase tanto) quanto os 15 minutos avassaladores iniciais. O resultado é que em quase todas as partidas o Arsenal marca um gol nos primeiros 15 a vinte minutos da partida (e nessa estatística eu incluo, na conta, a vitória em cima do Manchester City, em torno dos 10 minutos: num escanteio, van Persie cabeceia para o gol que foi salvo pelo seu companheiro de time Vermaelen), e em outros tantos marcou gols nos últimos 5 minutos da contenda, ou até mesmo no tempo extra!
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Conjugar um início avassalador, veloz, de pressão alta, tomando controle total da posse de bola, mas ao mesmo tempo um controle curto, passando para um modo de espera e manutenção física, é a característica principal desta estratégia, que começou com os novos estrategistas de Hitler, mas que teve auge justamente com a seleção da Hungria 1952-4.
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Os magiares costumavam fazer pelo menos 2 gols antes dos primeiros 10 minutos de jogo, se utilizando dessa estratégia aliada a um preparo físico e de um aquecimento inédito para os profissionais da época, mas que não era estranho para atletas militares.

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