domingo, 29 de junho de 2014

domingo, 22 de junho de 2014

UM LUGAR VAZIO, ou cadê meu 10?

Vire e mexe: cadê o dez? Mexe e vira: onde está o homem da criação? A Seleção Brasileira vai mal: faltou quem pense o jogo!

Mas talvez o problema seja este mesmo: Qual é a nossa referência de 10? Pelé e Zico são os que me vêm mais rapidamente. Mas ao vê-los em vídeo não reconheço neles o que os ingleses, que por falta de nomenclatura exata para jogador deste tipo, chamam de função do número 10 (number 10 role).

Pelé sobretudo. É um atacante driblador e carregador de bola, que jogava mais dentro de área do que dando os passes para quem está entrando. Guardadas as devidas proporções, mais próximo de um Cristiano Ronaldo do que de um Xavi.

Quem tinha a função de criação nos três primeiros campeonatos mundiais eram Didi e Gérson, números 8, o que antigamente chamávamos de meia-armador. 

A Copa em que Pelé fez mais assistências do que gols foi a de 1970, justamente aquela cujo sistema tático era mais próximo do 4-2-3-1 moderno do que o 4-2-4 (ou 4-3-3) em que jogava no Santos e na Seleção durante os anos 50 e 60.

O mesmo pode se dizer de Zico em 1982: quem fazia a função de meia-central naquele 4-2-3-1 (4-2-2-2) era Sócrates, número 8.

Rivaldo em 2002 era muito mais atacante, funcionando melhor à borda da grande área; Ronaldo Assis e Kaká também têm esta característica de carregar a bola, driblar e finalizar, mas que, com a cabeça levantada e com a qualidade acima da média que possuem, podem achar um passe para um jogador mais bem colocado. 

O 10, portanto, tornou-se o símbolo do nosso futebol completo, total: alguém que dribla, finaliza de dentro da área ou arremata de média distância e, quando alguém se posicionar melhor, faz a assistência.

Nesse sentido, Neymar realmente cai bem nesta função, e é com ele pelo centro que a Seleção de Scolari apresentou os melhores repertórios.

Nós não temos um Özil, um Hazard, ou um Fábregas para convocar, jogadores que criem situações de gol e façam passes chave. O jogador mais próximo a esta característica que temos na seleção é Hernanes, um 8 clássico.

O que realmente sentimos falta é de um jogador que posicionado nos 3/4 do campo possa dar o passe final, algo mais ao estilo de um Zidane, um Platini, um Maradona.

A ausência tanto deste antigo armador que possuíamos e que não há mais, ou desse 10, também ficou acentuado pela troca do 4-3-3 pelo nosso 442 (4-2-2-2) que transformou o 8 em destruidor e na dupla de meias em carregadores de bola que tentam, desafortunadamente, ligar a defesa e o ataque, algo que não acontece no 442 argentino (4-3-1-2): um destruidor, um criador e dois carregadores de bola para auxiliar tanto o 10 quanto o 5.

Desta feita, talvez se torne no maior benefício do uso quase irrestrito do 4-2-3-1 no Brasil (ainda que mal executado), ou o retorno ao 4-3-3 (4-1-4-1 na fase defensiva), seja ensinar aos nossos jovens como jogar nesta posição de 10 e de 8, duas funções praticamente mortas no nosso futebol.

Mas a pergunta final é: há realmente um lugar vazio no nosso futebol para ser preenchido, ou é só choradeira que retorna quando o time vai mal e "ninguém" se importa quando vai bem? 


UM OLHAR DE JAGUAR, ou o que Messi viu?

O cronômetro marca 90'.

A bola vem a Messi, ele olha para a meta uma, duas, a bola chega, ele olha três. O que vou Messi?

A Pulga corta da direita para a esquerda, um toque na bola, dois toques, fica o marcador para trás, no terceiro a pelota voa, faz uma curva e mata o goleiro. Entre Messi e rede encastelam-se onze defensores. Todos estacionados como duas muralhas vermelhas.

Quatro companheiros marcados, onze defensores batidos num movimento insinuante. O que Messi viu?

Ele olhou os companheiros antecipando uma tentativa de passe penetrante? Ele olhou a posição dos defensores para tentar infiltrar na base do drible? Ele olhou o goleiro para ver se o local para onde sempre chuta (a parede destra da baliza) estava livre? Ou ele viu tudo isso ao mesmo tempo construindo um mapa mental e deixando o instinto resolver antes dos acontecimentos, na certeza de que conseguiria executar o impossível?

Mas a pergunta central é: por que agora? O que viu Messi DESTA VEZ que o levou ao lance supremo, magistral? Foi o desespero dos últimos segundos? 

Messi tivera, pelo menos, mais duas oportunidades como esta durante do jogo, de trazer da ponta pro centro, ficando perpendicular ao gol para bater de esquerda e refugou, tentou o passe, ora mais incisivo, ora lateral. 

O que viu desta vez que não vira das outras vezes? O que havia de diferente na sua frente para tentar o seu lance mais característico das outras chances que teve? Ou foi apenas o desespero que ativou a genialidade?

Ficam minhas dúvidas para os analistas de vídeo que um dia encontrarão (talvez não) as nuances que só os olhos de Messi puderam ver naquele quase segundo em que ele olhou três vezes, deu três toques e marcou seu terceiro gol em Copa do Mundo.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

LISTA DE POEMAS

Caríssimos alunos,

Eis aqui o link para baixar os textos que iremos usar durante o resto do ano letivo, correspondente a uma parcela do cânone literário luso-brasileiro.

Abraços, Prof. Ms. Thiago Ribeiro