Na madrugada deste domingo de nosso
Criador
Fomos abençoados com o brilho no Céu
Da chuva meteórica de fósforo branco
Entre os escombros de escolas
e hospitais
Recolhemos ensandecidos
os fragmentos de nossos filhos
Entre os Brutos flanqueados
pelo Ódio pela ganância pelo fuzil
Ali, bem ali naquele morrinho,
A Oliveira plantada pelo bisavô
do bisavô
do meu bisavô
Foi sacrificada pelas motosserras
do Imperador
Ali, bem ali naquele vale,
A Fonte d'água cavada pelo pai
do pai
do meu pai
Foi abençoada pelo concreto seco
do Genocida
Eu
que fui abençoado com
A Voz
Clamo por
Ti
que deste de beber a Agar
Guia as pedra de nossas fundas
Que sejam mais poderosas
Que os mísseis que arrasam nossas casas
Que sejam mais certeiras
Que os drones que nos caçam
Que sejam mais rápidas
Que as mentiras que espalham
Que sejam mais perdoadas
Que os nossos massacres
Nesse dia que seremos irmãos de novo
Na Terra donde nos expulsaram
Não haverá mais sangue jovem escorrendo
Sobre feridas velhas
Nesse dia que seremos irmãos de novo
Na Terra que nos tomaram
Em que as olivas e os peixes terão mais valor
Que as balas do verão
Em que os balneários não sejam aterrados
De valas comuns
Nesse dia que seremos irmãos de novo
Na Terra em onde nascemos
Não haverá vingança
Porque a justiça já fora servida!