domingo, 30 de novembro de 2014

ARGUMENTAÇÃO

cientificamente comprovado
                   =
           está na Bíblia

sábado, 29 de novembro de 2014

LABIRINTO DE CONCEITOS

Um gênio, 
Disfarçado de outro gênio,
Olha-se no espelho.

O espelho pergunta: 
"Quem não é o verdadeiro"?

O abismo vê o abismo
Quando olha o céu
Labirinto de conceitos infinitos
Aberto por todos os lados.

A Roberto Bolaños (vestido de "Vagabundo", de Chaplin), 30/11/2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

REALISMO MÁGICO

Passou 20 anos
Procurando ouro
No mesmo buraco

Até que achou

Passou mais 20 anos
No mesmo buraco
Buscando o que procurar

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Me espere

Meu amor
Me espere
Com
         Vestido
Sem
         Calcinha
Com
         Sorriso
Sem
          Vergonha
Que eu te quero
Que tu me te
                       nhas

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

AMOR É ÁGUA

O amor não é fogo
é água
desenrola-se sempre em líquidos
fluidos
           nossos
corpos
           misturando-se
profundos mistérios 
de se redescobrir-se
                   sempre
tanto

AMOR É ÁGUA

O amor não é fogo
é água
desenrola-se sempre em líquidos
fluidos
           nossos
corpos
           misturando-se
profundos mistérios 
de se redescobrir-se
                   sempre
tanto

OS SEGREDOS DE NÓS DOIS

Como um templo estranho
eu devassei o teu corpo,
Com sutis pensamentos
e atos brutos.

Como um riacho inteiro
teu corpo se desmancha
e me inundou
e eu naveguei.

Como dois pássaros
nós cantamos
nos gemidos certos
os segredos de nós dois.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

JUVENTUDE E A CULTURA ESCOLAR

       Estética é um termo proveniente do grego que significa “o que causa emoção”. O valor estético de um objeto é igual à sua capacidade de emocionar o receptor. Neste sentido, forma-se um tripé: autor-obra-público, sendo a obra o elemento central e intercomunicante entre os três fatores.
       Daí falarmos de função poética: “poieu”, em grego significa criar, poesia é criação, poeta é criador e poético é criatividade. O autor cria a obra, o receptor cria o seu entendimento da obra, a obra cria a emoção que deve unir tudo.
       O poeta, nas sociedades primitivas, tem, portanto, a função de inteligenciador da comunidade, isto é, ele faz com que o povo entenda a si mesmo, a sua função na sociedade, ao seu mundo, e a relação que estes têm entre si, a natureza e os deuses. Por isso a palavra em latim para poeta, “vate”, é a raiz de vaticínio: prever o destino de um indivíduo ou de um povo.
       O poeta, o artista, tem uma responsabilidade muito grande: o de fazer a sua comunidade olhar para si mesma e compreender-se; sem ele, a comunidade dissolve-se e perde-se, deixa de existir e passa a ser, tão somente, um aglomerado de pessoas, que não se comunica e não se ama.
       A adolescência marca, na maioria das sociedades, o momento de transição em que se é praticado o Rito de Iniciação. Após Iniciado, o jovem descobre o seu lugar na sociedade. No mundo ocidental em que vivemos, este rito está dissolvido e fragmentado em várias etapas, uma dessas etapas é a entrada no Ensino Médio. Nesta etapa, nós começamos a nos encaminhar no mundo e a nos posicionar como membro de uma comunidade. É quando começamos a olhar para o nosso mundo e às vezes descobrimos um sopro: a capacidade de olhar para as mesmas coisas que todos olham e ver algo diferente.
       “Pinte bem a tua aldeia e serás universal”, afirmou, certa vez, o grande escritor Leon Tolstoi. Assim reconhecemos aqueles que trazem a lasca do talento: o olhar dele nunca saiu da aldeia, por mais que sua voz ecoe pelo mundo. Mesmo quando o adolescente chora a dor adolescente: da inadequação, do procura do amor, da decepção do amor, da construção de sua percepção de pertencimento; há sempre a sensação que aquela dor não é só do autor, ele fala do seu grupo para o seu grupo.
        Cultura é aquilo que é cultivado, produzido na terra, o fruto de nosso trabalho. E o que é aquilo que uma escola produz? O que a escola cultiva? A cultura de uma escola são pessoas, cidadãos. Não se espera que de uma escola saia artistas: poetas, pintores, dançarinos e dançarinas, atores e atrizes, músicos, fotógrafos e fotógrafas. Não se espera que uma escola produza cientistas ou atletas de elite. Muito menos engenheiros, advogados, médicos. Apenas que produza gente que volte para a comunidade para construir a sua comunidade: um cidadão; seja como médico, como advogado, como engenheiro, como atleta, como cientista ou como artista.
        Tampouco se espera que um adolescente saiba o que quer com 15 ou 16 anos, ou que seus planos de futuro tenha qualquer aspecto de realismo. Mas espera-se que tenha planoS para o futuro. Quem cultiva este futuro no coração do jovem é justamente a escola. Espera-se que o jovem experimente, que busque alternativas para a sua alma, além da mentalidade bancária que se instalou na nossa educação. 
         Não se espera, finalmente, que um jovem de 16 anos seja um artista pronto, nem sequer que seja artista. Mas como este adolescente saberá o que ele é se não experimentar, se não tentar? O que será de sua comunidade se ele não tentar? Quem vai compreender a terra em que vive, o lugar de onde veio se não for ele mesmo? Se ele não construir, quem irá cultivar a auto-estima de sua escola, do seu bairro, de sua cidade, do seu povo?
         A escola abriu-se para a sua juventude, esperando colher o que tanto cultivou, se a juventude quis responder é irrelevante: a terra é fértil, as sementes lançadas, cada fruto tem o seu tempo. 
Se o jovem não se olhar, quem olhará para ele? Os velhos? E com quais olhos e donde vem este olhar? Será compreensivo ou será punitivo? Se o jovem não se entender, quem o entenderá?

QUANDO A SITUAÇÃO FICA PRETA

Quando a situação está ruim, ela está preta. Quando o cabelo é ruim, é porque ele é de preto. A lista das pessoas más? A lista negra. Qual é a cor da pele do teu amigo? Ele é moreninho. E do teu desafeto? Ele é tição.
Em torno de 60% da população nordestina é negra ou descendente de negros. Mas esta parcela da população não está representada nas cadeiras do curso de medicina, de direito, nas pós-graduações. Não é a porcentagem que vemos entre juízes, promotores, vereadores, generais, deputados, governadores, senadores, ministros. Presidente? Jamais.
Nas novelas da TV, salvo raríssimas exceções, gente preta é o empregado doméstico, o núcleo cômico. Protagonistas? Talvez uns cinco, menos de dez com certeza.
Onde se escondem os negros brasileiros?
Provavelmente, os negros brasileiros adoram ter empregos inferiores, não ocupar posições de mando, ganhar menos que os brancos pelas mesmas funções, ser sempre o feio, ser sempre motivo de piada, ser comparado com fezes, ser tratado e chamado de animal. A mulher negra ama ser estereotipo do objeto sexual do macho brasileiro, desde as redes dos sinhozinhos da Casa Grande, do mato do capataz até as “globelezas”, os “Sexo e as Negas”. 
E com certeza, quando um negro defende-se e devolve na mesma moeda – o que nunca é educado – uma expressão racista, tem que aguentar ser chamado de racista invertido: como se ter olho azul fosse feio por natureza, cabelo dourado e liso fosse motivo de piada: fuá, pixaim, cabelo duro.
        Não é a sua religião que é um antro de demônios.
Ter consciência negra não é particular do negro, nem uma reafirmação de humanidade, porque uns são mais gente do que outros, mas é tomar consciência de toda uma construção histórica e simbólica que escraviza e escravizou – hoje culturalmente, inferiorizando pelas estruturas de diferenciação –. 
         Falar que todos são iguais é uma violência, uns são mais iguais que outros. Falar que uma pessoa deva se fazer pelo próprio mérito é um absurdo num país em que um negro vindo de uma comunidade carente, descendente de séculos de empregadas domésticas e pedreiros, deva concorrer com um garoto branco filho de um juiz branco, de dez, doze gerações de doutores.
          Ter consciência negra é lembrar, é olhar, é pelejar pelo futuro. Porque, ainda hoje, a situação não está nada branca para quem tem melanina a mais do que o “normal” na pele.

QUANDO A SITUAÇÃO FICA PRETA

Quando a situação está ruim, ela está preta. Quando o cabelo é ruim, é porque ele é de preto. A lista das pessoas más? A lista negra. Qual é a cor da pele do teu amigo? Ele é moreninho. E do teu desafeto? Ele é tição.
Em torno de 60% da população nordestina é negra ou descendente de negros. Mas esta parcela da população não está representada nas cadeiras do curso de medicina, de direito, nas pós-graduações. Não é a porcentagem que vemos entre juízes, promotores, vereadores, generais, deputados, governadores, senadores, ministros. Presidente? Jamais.
Nas novelas da TV, salvo raríssimas exceções, gente preta é o empregado doméstico, o núcleo cômico. Protagonistas? Talvez uns cinco, menos de dez com certeza.
Onde se escondem os negros brasileiros?
Provavelmente, os negros brasileiros adoram ter empregos inferiores, não ocupar posições de mando, ganhar menos que os brancos pelas mesmas funções, ser sempre o feio, ser sempre motivo de piada, ser comparado com fezes, ser tratado e chamado de animal. A mulher negra ama ser estereotipo do objeto sexual do macho brasileiro, desde as redes dos sinhozinhos da Casa Grande, do mato do capataz até as “globelezas”, os “Sexo e as Negas”. 
E com certeza, quando um negro defende-se e devolve na mesma moeda – o que nunca é educado – uma expressão racista, tem que aguentar ser chamado de racista invertido: como se ter olho azul fosse feio por natureza, cabelo dourado e liso fosse motivo de piada: fuá, pixaim, cabelo duro.
        Não é a sua religião que é um antro de demônios.
Ter consciência negra não é particular do negro, nem uma reafirmação de humanidade, porque uns são mais gente do que outros, mas é tomar consciência de toda uma construção histórica e simbólica que escraviza e escravizou – hoje culturalmente, inferiorizando pelas estruturas de diferenciação –. 
         Falar que todos são iguais é uma violência, uns são mais iguais que outros. Falar que uma pessoa deva se fazer pelo próprio mérito é um absurdo num país em que um negro vindo de uma comunidade carente, descendente de séculos de empregadas domésticas e pedreiros, deva concorrer com um garoto branco filho de um juiz branco, de dez, doze gerações de doutores.
          Ter consciência negra é lembrar, é olhar, é pelejar pelo futuro. Porque, ainda hoje, a situação não está nada branca para quem tem melanina a mais do que o “normal” na pele.

domingo, 16 de novembro de 2014

HAIKAI EM HOMENAGEM A MÁRIO SIMÕES

Morte dói e passa
     Nos corações de quem fica
Lembrar vamos sempre.

A Mário Simões, 16/11/2014.

RECURSIVIDADE

                     Pirahã
                 Não precisa
                     Contar
Nem lembrar            Nem prever
                      Deus
Inventou-se              Para os infelizes
                     Pirahã
                 Não precisa