Para o Senhor
que ficou livre da senzala
do capitão do mato
e do tráfico negreiro?
Para o Estado
que não precisa mais fazer
Para a sociedade civil
que não precisa mais saber
Para a imprensa
que não precisa mais dizer
Ou para o povo
que ainda precisa viver?
A escravidão acabou para quem?
Para a multidão de corpos mortos
espalhados por nosso chão?
Para a multidão de mulheres violadas
e de crianças orfanizadas
sem perdão?
Para as quebras de Xangô diárias
e de gente sem teto da multidão
sem futuro
e sem pão?
A escravidão acabou para quem?
Para meus olhos e para minha boca
acaba de novo
e de novo
e de novo
todos os dias
quando se fecham!
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