terça-feira, 6 de dezembro de 2016

INTERPENETRÁVEL

     Minha língua
         Teu mamilo
     Comunicam-se
Em segredo inviolável

      Minha língua
           Teu sexo
      Comunicam-se
Num mistério cósmico

       Minha
           Teu
       Mágica comunicação
Indecifrável

        Interpenetráveis

ASA DA GRAÚNA

"É mais, que a asa da graúna,
Negro o cabelo de Iracema";
É mais forte que a reiúna
Carabina, o que nos una
Na vida, não o que se tema.

É mais segura a esperança
Que a sensação de fracasso.
"É a vida quem me afiança":
O segredo da bonança
É não perder por cansaço.

Pois ser feliz é o que faço:
Voo com a asa da graúna.
Só há segundo passo,
Primeiro é no nosso espaço,
Antes que a Vida nos puna.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ATRAPALHO

Ai, Povo, o que é que tu querias?
                          TRABALHO
E o que é que te dá o governo?
                        aTRAPALHO
Que acham de ti os engravatados?
                          PASPALHO
E se tu segues mais em frente?
                          NÃO FALHO
Mas se te pisam, pisam, pisam...
                          BATALHO
Riem de ti, dentes dourados...
                          EU RALHO
Dizem: "Não mereces salário"...
                          MAIS VALHO
Que ganharás no fim das contas?
                          CARALHO

sábado, 26 de novembro de 2016

EPITÁFIO DE UM DOCENTE

cursou duas habilidades
ele fora licenciado
fez mestrado e fez doutorado
nas nossas universidades
por Notório Saber trocado

25/11/2016

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

DESERTO DOS SENTIDOS

A verdade está sobre
                                  um muro
              Quem sobe
                        Quem o derruba
              Quem a admira
                        Quem nem percebe
?

E tudo é só concreto
           e pedra
A verdade é deserto
                 por certo
Dos sentidos

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

VOZ DA RUA

Não se esquecerá da Rua,
           Minha mente ingênua.
Esta Luta continua!
A nossa voz chama a Tua
           À Luta Contínua

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

DA ELEIÇÃO MUNICIPAL

Na Casa do Povo não
Se faz leis. Que se ensine,
Bate bem a boa lição:
Renova a cada eleição 
Mais empregos do que o SINE.

Mais visível que uma vitrine
De negócios um balcão:
Pra que a aliança se afine
Deve logo que se assine
Mil cargos em comissão.

Bayuex-PB, 04 de Outubro 2016

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

UMA LIÇÃO DE ESPERANÇA

Por que toda esta tristeza
Quando vê o quê tua mão
Frutificou? Tem certeza:
Merecemos nosso pão!

É a vida quem afiança:
Uma lição de esperança.

Não distribua sorriso
Vazio para o desespero.
Tu pisa onde também piso
Pra frente, juntos, com esmero.

É a vida quem afiança:
Uma lição de esperança.

Se furtam nossos direitos
Se compram tua vontade
São sempre os mesmos suspeitos

É a vida quem afiança:
Uma lição de esperança.

É preciso ter coragem
Para não perder de vista
Da vida esta aprendizagem
Tão certa quanto imprevista.

É a vida quem afiança:
Uma lição de esperança.


Thiago Ribeiro 

02/09/2016

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

DANTE ANALISA O GOLPE PARLAMENTAR BRASILEIRO

Neste  dia, o recado é de Dante, Divina Comédia, Inferno, Canto 32, Estrofe 32: No 9º círculo do Inferno, congelados por Satã, estão os traidores da Pátria. Ao ser reconhecido por uma alma, interpela-a o poeta para que possa legá-la para História, responde o pecador:

"'Só quer o olvido quem te fala' exclama
'Vai-te! De sobra já me estás molesto.
Aqui não cabe da lisonja A TRAMA.'"(grifo nosso.)

Os traidores da pátria quererão ter "olvidada a lisonja dA TRAMA", mas nunca os esqueceremos, nossas palavras vão convosco. Os Poetas, demonstra Dante, não perdoam.

No Inferno, congelados por Satã, Dante ouve um traíra delatar outro: "'Ouro chora, que a França lhe há doado" (Inferno, Canto 32, Estrofe 39). Vendem, pois, a pátria para o capital estrangeiro. Por fim, congelado pelo vento satânico, o criminoso confessa os crimes de lesa-pátria:

"'Se perguntarem quem aqui mais era (...)
A quem Florença degolar fizera'"  (Inferno, Canto 32, Estrofe 40).

Por ouro, por vantagens próprias, sangraram, mataram o país em que nasceram. Eis, portanto, a vossa pena, se creem em Inferno ou não. Para sempre tentarão olvidar o crime de lesa-pátria que ora cometem, para sempre, os lembraremos que nos venderam pelo ouro estrangeiro.

31 de Agosto de 2016

domingo, 17 de julho de 2016

PONTA DE SABRE

Ponta de Sabre
             é curva

Ponta de Sabre
       lambe as carnes
                em lépidos
                         talhes

Ponta de Sabre
            fende racha quebra
                     crânios
          encalacrados

Ponta de Sabre
             é minha
                língua

segunda-feira, 27 de junho de 2016

CORPO EXTENSO

meus ossos
eu não os vejo
mas sinto 
que interagem com a gravidade
e me tornam
um corpo extenso no espaço

minhalma
eu não a vejo
mas sinto 
que interage com a gravidade
e me torna
um corpo extenso no tempo

POR QUE HUMANIDADES?

Por curioso que possa parecer, foi um filósofo, o iluminista escocês do século XVIII David Hume, quem propôs que as escolas públicas não deveriam ter ensino de Humanidades, mas apenas o que fosse necessário para a formação de um bom trabalhador ou de um bom burguês.

De certo, as Humanidades não inventam máquinas ou constroem pontes, como as engenharias, não ensinam a fazer pólvora nem remédios, como a química e a biologia podem ensinar.

Então para quê ensinar Humanidades se não servem para a humanidade? Perguntam-se os pensadores liberais desde os Setecentos até hoje. Os conservadores responderiam: para incutir, nos jovens, valores morais que servem de base clássica para tradição da nossa sociedade.

Humanistas progressistas responderiam simplesmente: o valor de se ensinar Humanidades na escola pública está no próprio ato de perguntar o Por quê de se ensiná-las, ensinar qualquer coisa, ou até mesmo, o ato fundador de perguntar, tão simplesmente: por que.

As exatas (engenharias, químicas, biológicas, filhas todas, de certo grau, da matemática) são cheias de respostas, de resultados, onde não há erro, no máximo aproximação e arredondamento. As Humanidades (descendentes que são da filosofia) só têm perguntas. Uma ensina a encontrar soluções, outra a formular questões.

Humanidades constroem pontes e estradas entre pessoas, curam, não os corpos, mas as almas de nossos traumas, vencem guerras com a força da pena. O poeta Paulo Leminski caracterizava a poesia como um inutensílioi:

A poesia é o inutensílio. A única razão de ser da poesia é que ela faz parte daquelas coisas inúteis da vida que não precisam de justificativa. Porque elas são a própria razão de ser da vida. Querer que a poesia tenha um porquê, querer que a poesia esteja a serviço de alguma coisa é a mesma coisa que querer que o orgasmo tenha um porquê, que a amizade e o afeto tenham um porquê. A poesia faz parte daquelas coisas que não precisam de um porquê.

As Humanidades ensinam-nos a ser humanos, a ordenar o caos de nossa psiquê, a compreender melhor a organização de nossa sociedade e o nosso lugar como sujeito dentro da comunidade a qual pertencemos.

          Porque a palavra é ideologia, o que se diz revela o que se pensa e de onde se pensa, “as declarações”, escreve Mikhail Bakhtin, “são a arena de uma luta desesperada com a palavra do outro em todas as esferas da vida e da criação ideológica”, e complementa afirmando que “todo ato essencial [do homem social] é interpretado ideologicamente pela palavra ou diretamente encarnado nela”ii.

             Desta forma, as obras de arte voltam-se para dor, para o sofrimento, pois um humano só pode ser conhecido por outro ser humano através deste mesmo sofrimento. Por isso, como ensina o mestre Antonio Candidoiii, a literatura, ao mergulhar na radicalidade do ser, confirma em nós a nossa humanidade.

            Na alegria, no prazer, não somos compreendidos, não há amigos de verdade nestes momentos, porque neles há só solidão. Compaixão e empatia existem apenas quando nos colocamos no lugar do outro, tentamos entender a sua dor, e a arte, ao colocar-nos no lugar das personagens, dentro de suas mentes, ensina-nos a nos colocar de outras pessoas, tentar pensar como elas.

           As Humanidades, portanto, mostram-nos como questionar o mundo que nos envolve, dissolver as certezas e procurar o nosso próprio caminho, mas, acima de tudo, como ser um ser humano melhor, tanto como pessoa – organizando a nossa alma – quanto como cidadão, desvendando-nos a forma de interagir-nos com os outros.

i A fala de Paulo Leminski sobre a poesia pode ser ouvida aqui: .

ii BAKHTIN, Mikhail. A pessoa que fala no romance. In: -----. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernardini et alli. São Paulo, HUCITEC, 1988.


iii CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: -----. Vários escritos. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

SONETO

Ser amado é permitir
A si ser transfigurado
Por Outrem sem se partir.
     Só o tolo fica apegado,
     Neste mundo do Devir,
     Ao que era no seu passado.
Tudo muda, há de cair,
Este é o verdadeiro fado:
O que é corpo vai sumir.
        Amar, por exemplo dado
        Nos gestos, palavras: pôr
        Em evolução o Amado.
Ama quem dá do melhor
Pro Outrem também melhor for.

domingo, 5 de junho de 2016

CAMAÇARI

bilhões de bolhas de sal efervescem-se sobre meus pés
meus filhos medem seus pés
pelos meus passos
minha cachorrinha
enfia suas garras na fofa areia umedecida
todos os pelos do meu corpo
pin-
      -gam
meço meus pés pelos passos dos meus filhos

05/06/2016

sábado, 4 de junho de 2016

RUGIR

teu lábio RUGE
        de tesão
quando bate em ti
   minha boca

teu lábio ROUGE
       em tensão
quando toca em mim
              tua pele

teu   lábio
 fera carmim
que em mim
      tem toca

Liberal vs. Conservador: Uma Análise Neurocientífica com Gail Saltz

http://bigthink.com/videos/gail-saltz-the-brain-differences-of-liberals-versus-conservatives

Publicado em 29 de mai de 2016

Qual a diferença na estrutura cerebral entre liberais e conservadores? E donde nossas convicções políticas vêm: deliberação racional, ou determinismo biológico? Psiquiatra Gail Saltz explica.

Então eu acho que o que realmente é fascinante é que há um número recente de estudos olhando para as diferenças estruturais cerebrais entre liberais e conservadores. E o que vem sendo descoberto em vários estudos é que liberais tendem a ter um maior giro cingulado anterior. Essa é a área responsável por receber novas informações e aquele impacto das novas informações nas escolhas e tomadas de decisão. Conservadores tendiam como um todo a ter uma maior amídala direita. Amídala sendo uma estrutura profunda do cérebro que processa mais informações emocionais – especificamente informações baseadas no medo. Então, é realmente responsável pelas respostas de lutar ou voar. E isto não é tudo. Não é preto e branco e é claro que então, você sabe, e sobre todas as pessoas no meio? Mas basicamente o estudo mostrou que se você apenas se basear na diferença de tamanho da estrutura cerebral, você poderia predizer quem seria um conservador e quem seria um liberal com uma frequência de 71.6%.

71.6% é uma habilidade bem alta para se predizer quem é conservador e quem é liberal apenas pela estrutura cerebral. Quando você olha para o que os seus pais foram em termos de predição do que você poderia vir a ser em termos de conservador versus liberal, isso te permite predizer em estudos numa taxa de 69.5%. Bem perto. Não tão bom e por que é tão interessante? É porque o cérebro é plástico. Então a questão é se você tem uma estrutura cerebral para começar com as informações se você é liberal ou conservador ou se a formação de certos pensamentos de seus pais, por exemplo, modela sua estrutura cerebral. Porque o cérebro é plástico e sempre mutante, particularmente na juventude. Então, pensar certas ideias ou predominantemente, vamos dizer, utilizar sua amídala direita versus seu giro cingulado anterior informam o crescimento dessas áreas e, desta forma, ajudam-no a predizer, mais tarde, quem é liberal e quem é conservador.

Então, em termos de interpretação do significado dos diferentes tamanhos estruturais para um liberal versus um conservador, eu acho que você tem que olhar para quê aquela área é predominantemente responsável. Então, por exemplo, para conservadores, se sua amídala direita é crescida e essa é a área de processamento de medo, você pode esperar, talvez, escolhas ou decisões ou caráter ou personalidade serem mais informadas por uma resposta por uma situação amedrontadora. Então, por exemplo, conservadores, de fato, me estudos de personalidade realmente tendem a serem avaliados mais em áreas de estabilidade, lealdade, não gostarem de mudança, serem mais envolvidos religiosamente em termos de tomada de decisão, tendo que se avaliar mais importante para eles em fazer certas escolhas. E se você olhar para os liberais a partir de um ponto de vista de caráter e personalidade, você achará fortes avaliações em termos de gostar de mudança, querer realmente basear as decisões em novas informações, em informações científicas. E então, essas diferenças não são surpreendentes à luz destas diferenças de estruturas cerebrais.

Ser um liberal ou ser um conservador realmente não é preto e branco. É realmente uma curva em forma de sino, você sabe, alguém que considera a si mesmo conservador pode ser bem menos conservador, por assim dizer, que alguém que ainda se chama conservador. E esta curva em forma de sino continua por todo o caminho onde o meio pode ser um grande grupo que se chame de independentes.


O que não sabemos é se isso tem a ver com as diferenças nas estruturas cerebrais e então nós o veríamos nos independentes, ninguém faz esse estudo e diz: “oh, independente não mostram nenhuma diferença em estrutura cerebral ou quaisquer diferenças em, digamos, reação de tomada de risco”. Então, nós não sabemos, com certeza, o que significa, mas eu acho que é justo afirmar que, mesmo quando nós olhamos para as diferenças cerebrais com uma confiabilidade de 71.6% que ainda deixa, você sabe, um número muito alto que não se encaixa nessa categoria. Então, você sabe, onde se encaixam? Eles são mais propensos a ser independentes em suas mentes? Nós não sabemos a resposta para isso, mas certamente, você sabe, estas não são regras rápidas e ríspidas. Isto não é ciência diagnóstica e pessoas que são independentes, obviamente, têm certas características, eu diria, de ambos os lados, são, de algum lugar, apenas como se fossem do meio.

Eu penso que compreendendo o que acontece estruturalmente no cérebro e funcionalmente no cérebro, nós podemos compreender o que informa as mais fortes opiniões das pessoas, que, em último caso, informa nosso sistema político, correto. Porque, é uma pessoa, um voto. E, tentando modificar as mentes das pessoas, eu acho, todos têm que olhar para o que está por trás da habilidade de modificar a mente. Ela é realmente modificável?

Quando nós olhamos para os votos e a mudança de mente e, digamos, propaganda política, você tem que reconhecer que toda aquela nova informação sempre vem através do prisma de seu cérebro. O que significa que o que eu digo versus você pode ter ouvido diferentemente, mesmo que eu tenha dito a mesma coisa. Então, vem pelo prisma do que você disse, faz-me nervoso e amedrontado e, desta forma, eu recorrerei à minha velha reserva, eu não quero mudar minha decisão? Ou eu ouvirei a mesma informação e direi: “Oh, isso é novo. Eu tenho a receptividade para novas informações. Desta forma, isso me interessa e eu pensarei a respeito se eu devo mudar minha mente baseado nessa nova informação”.

Eu acho que o que a ciência está basicamente dizendo-nos é que haverá algumas pessoas que ouvirão a informação e recuarão para o seu pensamento original. E outras pessoas ouvirão novas informações e dirão que realmente muda minha mente.

Se nós estamos tentando ter uma sociedade que trabalhará para o seu melhor interesse, vamos dizer, nós realmente queremos estar aptos a nos comunicarmos entre nós. E então, se você é um liberal e, digamos, você quer conversar com um conservador sobre casamento gay, você quer ter em mente como deve ainda falar de lealdade, estabilidade e crença religiosa de alguma forma. Você quer ter aquelas ideias informando sua comunicação como oposta simplesmente dizendo, mas, você sabe, esta porcentagem da população é homossexual e, desta forma, você sabe, nós devemos considerar todos devem ter aqueles mesmos direitos. E, você sabe, ciência mostra que não é uma escolha. É simplesmente um fato de você ser gay ou não ser gay. E, desta forma, não deveriam aquelas pessoas ter os mesmos direitos? Essa não é a melhor forma de apelar, talvez, a um conservador, nesta questão.

Você que apelar para eles em termos de como, por exemplo, regras maritais, ou históricas, devem ser mantidas e não realmente alteradas para aqueles que são, vamos dizer, um “casamento tradicional”. Como não interromperá a fábrica, por exemplo, de suas vidas, das regras às quais eles aderem. Esses tipos de coisas seria mais apelativo a eles se ou não esse for o mais apelativo argumento para você como um liberal.

A verdade é: um conservador é mais propenso a estar apto a apelar a um liberal usando novidades e novas informações que é baseada em ciências e mostrando certos fatos e admitindo, por isso, não é necessariamente para ser puramente baseada em religião. Essa não é a regra do sistema, por assim falar. Por ser empaticamente compreensivo. E, por isso, eu não quero dizer simpaticamente compreensivo. Eu quero dizer, estar realmente apto a se colocar no lugar do outro e ter alguma inspiração onde seus cérebros estão dirigindo-os e apelando a esse argumento. Então, se você é um conservador, você quererá apelar com novas informações, porque liberais são mais potencialmente buscadores de novidades. E, às vezes, basear-se em ciência é uma boa forma de apresentar nova informação.

Parte do que dificulta em termos do que eu estou vendo agora é que, realmente, pessoas estão tendendo a dobrar nos seus próprios estilos e o que apela para o seu próprio grupo de pensadores. E isso está exponencialmente prevenindo o tipo de comunicação que seria importante para nosso futuro, assim, nós não podemos, por assim dizer, atravessar o corredor, porque requiriria experimentar para o tamanho do padrão de pensamento do outro grupo. E isso é duro de fazer. Deixe-me dizer que é difícil de fazer. Então, se sua amídala está gritando com você, você sabe, corra para as montanhas ou dobre e lute, é difícil de dizer: “Bem, deixe-me dar um passo atrás e não ter uma reação baseada em medo, mas, ao invés disso, apresentar a ciência ou apresentar a nova informação”.

Um bom exemplo seria da posse de armas. Se eu falar sobre posse de armas a um grupo liberal, ele automaticamente tem pensamentos provavelmente sobre, particularmente se é um grupo da área urbana, crime e o perigo, porque, estatisticamente, esse é o que ele tem sido privado. A informação tem-lhe sido dada sobre como muitos homicídios são cometidos, quem é, você sabe, morrendo por violência armada, et cetera.

Se você falar sobre posse de armas com um grupo conservador, ele é mais voltado para a forma de pensar de estabilidade leal de um esportista, caçando com a família particularmente, novamente se é de uma área rural. Porque, é assim como cresceu, isto é, como tem sido estável para ele, essa é a memória que tem sobre armas. E então, você pode ver como isso vem de duas direções completamente diferente talvez a mesma palavra, arma. E é duro colocar-se no lugar, por exemplo, do outro grupo, assim você pode vir a tomar decisões sobre isso.

Então, por exemplo, o CDC (órgão responsável pela saúde nos EUA) tem sido barrado de fazer qualquer pesquisa para que nós pudéssemos ter nova ciência sobre violência armada como uma questão de saúde pública, por realmente o grupo político conservador ter dito, você sabe, vocês não podem pesquisar nessa área. Nós não a chamaremos uma questão de saúde pública e, desta forma, você está barrado de conseguir dólares e barrado de ter pesquisa sobre a violência armada em si. E isso vem provavelmente de uma posição de medo que se há qualquer informação nova que balance opinião, nós perderemos nosso posicionamento leal a algo em que nós firmemente acreditamos e remetem a memórias muito prazerosas e confortáveis de nossa vida inicial. Então é muito complicado numa certa forma. Você sabe, o grupo liberal querendo que haja esta pesquisa, não necessariamente para tomar as armas, mas para dizer: “Nós gostaríamos de ver a ciência validar se ou não certas coisas sobre as armas são boas para nós ou não são boas para nós”.

O mais recente estudo olhando o que está acontecendo no cérebro em termos de política, previu, com grande valor, de ser capaz de identificar um conservador versus um liberal 82.6%. E isto foi um olhar para a atividade cerebral, o que é diferente. Você põe alguém num MRI (aparelho de ressonância magnética) funcional que é diferente de tirar apenas uma foto. Ele pega a atividade em certa área do cérebro. E descobriu que quando você os têm fazendo uma ação de risco maior e olha para as suas atividades cerebrais, conservadores eram mais propensos a acender a área de resposta de lutar e voar, a amídala, e liberais eram mais propensos a acender em áreas que têm a ver com a consciência social.

Novamente, você poderia ver como, desta forma, esta diferença informaria o que vêm à mente de tanto liberal ou um conservador, enquanto ambos envolvidos numa ação de risco ou até algo que está acontecendo externamente a eles, mas sente como isso pode impactá-los numa forma arriscada. E que era realmente até mesmo mais previsível do que olhar para a estrutura cerebral ou como seus pais foram em termos de liberal verus conservador.

Dr. Gail Saltz é uma autora bestselling de numerosos livros e perita numa importante variedade de questões psicológicas. Ela é presidenta da 92ª Rua Y “7 Dias de She is Chair of the 92nd Street Y "7 Dias de Comitê Consultivo de Gênios" e Consultora e Moderadora de Evento para a Fundação Clinton Iniciativa Saúde Importa. Dr. Saltz é uma Professora Associada de Psiquiatria na Escola de Medicina do Hospital Presbiteriano Weill-Cornell de NY, uma psicoanalista com o Instituto Psicoanalítico de Nova York, e tem uma prática privada em Manhattan.


Adendo da Tradução: O texto original é uma transcrição literal da fala, mais ou menos improvisada, da pesquisadora. Na tradução, senti-me obrigada a fazer “correções”, como acrescentar vírgulas, dois pontos e aspas que não se encontram no original, tanto porque em inglês não se usa no caso, mas em português sim, outros tantos – como no caso das aspas –, porque achei erro de escrita do digitador. Outras correções que fiz foi em direção à concordância, em muitas passagens a autora fala “grupo” liberal ou conservador, mas usa o verbo e os pronomes no plural, e assim manteve o transcritor, por clareza de leitura, consertei as concordâncias. Quero deixar claro que todas as mudanças que fiz foi no intuito de trazer clareza à tradução, não de modificar o significado, se, por falta minha, ocorreu o segundo, peço desculpas, e por isso, no início do texto, vai o link para o vídeo e a sua transcrição original.

domingo, 22 de maio de 2016

ILUMINADO

"Sidarta, não sofrerás neste mundo"!
E o pai cumpriu sua promessa
E Sidarta fartou-se de manjares
De licores
E das coxas de sua prima.

Mas a fome e a sede que Sidarta sentia
Não poderia ser amainada por qualquer fruto, vinho ou carne
De princesa.
Era um insaciado insaciável.

Então Sidarta fez o que todos aqueles
Que têm desejos proibidos devem fazer:
Desobedecer
O pai.

E Sidarta foi às ruas e viu
A fome, a doença e a morte.
Tocado por seus olhos,
Abandonou tudo,
Jejuou,
Molestou o corpo até que seu umbigo,
Marca de nascido de mulher,
Tocasse a sua coluna ereta,
Como se seu sofrimento purificasse-o
De todo o gozo da juventude.

Mas o sofrimento não estrangulou
Os seus desejos
Não entendia que gozar não era o pecado
E que entender era a sua fome.

Viu, um dia, Sidarta, um menino que
Ao cortar a grama
Matou um grilo e chorou pela vida.

E debaixo da figueira Sidarta entendeu:
O seu pai padecia pelo seu sofrimento,
Por isso o trancafiou na prisão gozosa;
A visão do mundo encheu-lhe de dor,
Por isso se trancafiou na prisão penitente;
O menino compadeceu-se por outra vida,
Por isso foi libertado da prisão da culpa.

O sofrimento une o destino de tudo que vive,
Pois tudo o que vive deseja
O que não possui.
Olhai o hoje e amai teu irmão de dor.

Sidarta
Sob a figueira
Finalmente abriu os olhos,
Estava desperto.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

quinta-feira, 12 de maio de 2016

INTELIGENCIADOR

o poeta é um estivador
encarregado das palavras por todos os lados
cada uma é sua cruz
tem cada peso que, a depender da hora,
equilibra-se com nova medida

o poeta é um estivador
carregado pelas palavras para todos os lados
mas não como diagrama:
                           projeto burguês;
tampouco como mapa:
                           trajeto aventureiro;
mas pelo cadencial pulsar dos seus ouvidos
        pelo diferencial do seu olhar do comum olhar

o poeta é um estivador
emparedado nas palavras em todos os lados
fazem-no ponte suspensa
                 cordame solto
para que possam se entender
As Pessoas
                                   O Mundo

terça-feira, 10 de maio de 2016

MASCARAR

Ainda que o assassinato
Esteja prescrito em todos os códigos de leis;
Ainda que todo o rito processual
Seja seguido em cada etapa sua;
Ainda que me condenem
Sendo eu completamente inocente:
A legalidade do ato não pode 
Mascarar a injustiça da sentença.

Ainda que inventem crime
Para me punir pelos atos cotidianos;
Ainda que me tornem réu
Retroagindo a nova lei inventada;
Ainda que eu vá para a tribuna
Pela suposição do que cometerei:
A ilegalidade do ato não pode
Mascarar a injustiça da sentença.

Ainda que toda a camarilha
Prepare seus achaques contra mim;
Ainda que leiloe meu corpo, cargo, vaga,
Jamais comprará a minha alma;
Ainda que me jogue à cova leonina
Pelo ódio à minha pouca vitória:
Não pode o seu mórbido luto
Mascarar a força com que luto.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

TEMPO E TRONO

Temer, tu tomas mas não
Pegas, sentas, mas não ficas,
Tu nomeias e tu indicas,
Tens toda a negociação,
Mas o trono te pinicas.

Temer, tu trais, mas tu cais
Pois a pena do traíra
É a própria faca que traz
- Corta a si quem fura atrás -,
Seu riso vira só ira.

Temer, tu tens tempo curto
Quem quer que ganhe do furto
Sente a sua hora chegada:
Bruto, vê vulto, tem surto,
Teme a fiel badalada.

06/05/2016

terça-feira, 3 de maio de 2016

COMO VAI?

Quis dizer que estava misérrima, lúgubre, paupérrima de elã e libido. Mas como sem palavras? Dizer: “muito triste”, é condescendência, o que é muito triste, o quanto é muito triste? Com o quê comparar, com quem comparar: consigo mesma ontem, anteontem?; com a colega de serviço e sofrimento?

“Infeliz”? É o mesmo que dizer: “Viva”. Feliz é a busca nunca alcançada da vida. É como que quisesse aparecer. Só diz que está infeliz quem tem preguiça de continuar: “Vou acabar o casamento”, disse o noivo, “estou infeliz”.

É a desculpa vaga para quem se cansa de viver e não tem coragem moral da alternativa. Infelicidade é respirar.

Para comunicar são tão poucas as palavras necessárias que podemos contar-lhes as sílabas e mal chegamos as centenas.

Mas a expressão exige mais, muito mais, para encontrar a radicalidade íntima da alma ou para analisar a complexidade intrínseca do universo. Só as palavras, todas as que existem, ainda não bastam.

E que fazer ela, que não tem nenhuma? Ou tão poucas quanto a negatividade, incapaz de conjurar antônimos ou de enfatizar com jogos sinonímicos?

Como expressar esta dor, este sofrimento, como manipulá-lo em fonemas pronunciáveis? O que pode fazer?, sofrem menos os que não podem dizer a sua própria aflição, ou são obrigados a engoli-la por completo porque não a transformam em consciência?

Então estes sofreriam em exponencial? Sofrem porque vivem; sofrem porque não podem ejacular, em palavras, o sofrimento; sofrem porque a represa aperta e pesa; e sofrem porque não sabem que podem se libertar do sofrer e continuam consigo sem jamais sublimá-lo.

Pois a alma é a narrativa do que vivemos e o espírito é o comentário que fazemos do que percebemos do mundo.

Ela como que olha dentro de si mesma procurando se tem alma ou espírito, mas como rememorar os detalhes de si, daquilo que tem de mais profundo e secreto?; como compreender os mistérios da realidade, entender os intrincados mecanismos empíricos?; quando não há vocábulos corretos ou aproximativos que lhos revelem?

Qual o tamanho de sua alma?

Qual o alcance de seu espírito?

Se toda a sua autoconsciência e a sua consciência do mundo, se todo o seu Nada, não têm escopo, se o corpo do ser são só palavras?

Sem palavras, como traduzir o seu infinito para o ínfimo do seu Eu?

Era como tentar traduzir a divindade absoluta em termos humanos e mal alcançar analogias biológicas.

Era como acreditar que o ser supremo tivesse realmente mãos, barba e pênis, porque era incapaz de configurar em palavras o absoluto, o supremo, estes abstratos, e focalizasse sempre na imagem do macho-pai, do macho-marido, sempre no “o”, no “o”, sem entender realmente, porque suas palavras são poucas para realizar o muito, que todas as palavras são poucas para contemplar o todo.

E tão vasto era o seu dentro, tão grande e potente era sua paixão.

Mas, para ela, paixão era o beijo cênico, o sexo mal filmado, de um açucarado casal cissexual sem sal, representados por atores canastrões em uma telenovela mal escrita, cujo enredo enfadonho e maçante é o mesmo desde sempre, desde que ela era pequena e via novelas na tevê com sua mãe, e sempre será, para amordaçar e entorpecer a sua mente, numa emissora midiática manipuladora e canalha que controla as finanças, a política, os interesses, os corações desse subcontinente subdesenvolvido.

Por isso não entende quanta paixão tem em si, quanta flama resplandescente fulgura-lhe internamente, que lhe corrói como pirose, que lhe angustia, que lhe é uma cintilação vicejante.

Nesse sentido, quando a questão mais importante que um ente pode fazer a um ser para que este encare a momentaneidade de sua realidade objetiva e a totalidade de sua subjetividade afetiva; na hora mais certa que este mesmo ser precisava encarar decisivamente a problemática da sua existência; exatamente quando mais se precisava de empatia, de compreensão alheia, de aproximação amorosa – pois o momento oportuno é a única chance, a única sorte, o único milagre que há no Universo material em que a entropia governa as causas e efeitos –; tudo que ela pôde fazer foi contorcer um sorriso mentiroso com o corpo todo, olhar com um olho o chão e com o outro procurar esconder-se no céu, e responder tão somente:


– “Eu vou indo”.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

ORAÇÃO DE 1º DE MAIO

Meu São José Operário
Proteja o meu ganha-pão.
Querem furtar o salário
13, as férias. Terciário
Fazer-me pra demissão.

Escutai minha oração,
Meu São José Operário.
Da mãe a amamentação
E das domésticas vão 
Retirar o necessário.

Meu Santo trabalhador
Valei-me, força do pobre!
O meu suor, meu amor
É cada calo no ardor
Forjado por pouco cobre.

Com teu martelo nos cobre
- Que sabes bem esta dor -
Pra que em medo não me dobre
Em frente do patrão, do nobre;
Nos una: irmão e soror.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

FÁBULA ALEGÓRICA

Era uma vez um animal chamado O Medo que nascia em porões escuros de muitos gritos.

FIM.

MORAL DA ESTÓRIA: Não se deve falar muito sobre esta história. Esqueça-a.


terça-feira, 19 de abril de 2016

A SEMANA

Há uma semana no ano que sempre senti esburacada, aquela que se estende de 18 a 22 de Abril. Nestes 5 dias, comemoramos o dia do livro (18/04), em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato; o dia do índio (19/04); o dia de Tiradentes (21/04); e por fim, a “descoberta” do Brasil (22/04). É como, que por maldade, deixassem de fora o dia 20, bem no meio, perfeitamente desenhado, nesta configuração, para ser o “dia do navio negreiro”.

Num país de milhões de analfabetos e majoritariamente contemplado por analfabetos funcionais diplomados, um dia do livro para homenagear (data instituída no ano de 2002) um escritor lembrado pelas adaptações televisivas de sua obra é, na acepção mais brasileira do termo, uma hipocrisia! Quando falo para meus alunos de “Urupês”, “Velha praga”, “Jeca Tatu”, eles não fazem a mínima ideia do que estou falando. Para piorar a situação, quando finalmente descobrem a literatura infantil de Lobato, percebem o quanto a ideologia da época permitia o racismo (Tia Anastácia = macaca), o preconceito de classe (o capiau, o Jeca = tatu, urupê, praga), num escritor renomado e tentam proibi-lo, e isto depois de homenageá-lo: não só hipocrisia de classe, mas desejo de censura. Mais sábio é usá-lo para ensinar a ideologia que carrega um neto de barão de café paulista, ao mesmo tempo em que podemos ver a evolução e modificação de sua formação ideológica durante os anos.

No dia 19, comemoramos o genocídio de milhões, o etnocídio de centenas de nações e culturas, a escravização de curumins, a violência e o estupro sistemático de tantas cunhãs, pelas mão invisível e civilizatória do mercantilismo globalizante europeu. Amém.

No feriado de Tiradentes não homenageamos os dentistas, mas a traição, a covardia, o bode expiatório. Quase todos sabem quem foi Tiradentes porque não trabalham, mas o alferes Joaquim José da Silva Xavier é um misterioso desconhecido, cujo rosto é desenhado aos moldes do Cristo-Louro judaico-cristão, e este seu nome serve de nada mais do que pegadinha em provas de História. Comemoramos seu martírio como bode expiatório da Inconfidência Mineira, o que permitiu que os ricos e poderosos conspiradores (à exceção do poeta e jurista Cláudio Manoel da Costa) pudessem sair vivos do inquérito. No dia 21, festejamos o seu enforcamento e esquartejamento, a execução do mais fraco, do mais pobre dentre os conspiradores, lembramo-nos que a insurgência foi sobre impostos, mas “quem paga o pato”? Não foram, não são e nunca serão os que comem filé mignon. Ao lado do cadáver, também rememoramos o seu traidor, pois todo Cristo-Louro judaico-cristão tem seu Judas Iscariotes: Joaquim Silvério dos Reis. Os dois Quincas mais famosos de nossa História: o traído e o traidor.

Dia 22, encerrando os cinco dias comemorativos, somos levados a aplaudir o “achamento” da terra de Vera Cruz, o tratado de Tordesilhas que nos definia como nação nordestina e pátria brasileira já em 1494, o roubo de milhões de toneladas de ouro, prata e gemas, de urânio, de cobre e de muito, mas muitíssimo ferro, que vale menos, mas dá bem mais lucro, pois ferro faz o aço dos prédios, das pontes, das espadas, das pistolas, dos canhões, dos mísseis intercontinentais. Vale, vale, Vale bem mais, os rios doces grandes como mares, os mares salgados de tantos peixes, sujos para sempre. Louvamos a Mata Atlântica devastada para suprir o mercado europeu de púrpura, de açúcar, de café, de cacau, de sangue. Amazônia devastada para suprir o mercado europeu de borracha, de carne, de couro, de suor e soja.

Falta-me, ou não, um dia do navio negreiro, já que neste mês, no dia da mentira (01), lembramos o dia do Golpe Civil-Militar de 1964, que, de tão vergonhoso, é sempre revolucionado para horas antes?

Como lembraremos, então, o dia 17/04? O dia da hipocrisia, em que o povo finalmente viu a incompetência, a inutilidade, e a ideologia de classe, ou melhor, de família da Câmara federal? O dia do genocídio de 54 milhões de votos e do estupro de nossa constituição? Os rostos dos traídos e dos traidores, dos heróis e dos conspiradores? A devastação da democracia brasileira para o enriquecimento do mercado estrangeiro pelos nossos bens primários como o petróleo?

A verdade é que só o futuro olhará com olhos de passado para hoje. E nesta frase, ausente de qualquer efeito poético, tento entender esta semana pátria, estes seis dias tão maravilhosos para nos compreendermos como nação, como carnaval de nós mesmos.


E, em nome dos meus filhos, da minha companheira, dos meus pais, da minha cadelinha, pelo meu nordeste, pelos professores em sala de aula sem cuscuz alegado e sem ventiladores, pelo Jiraia, pelo fim dos pikachu laranja, pela volta do Superman com calção vermelho, eu voto pela inclusão do dia do navio negreiro na data de 20 de Abril.

19/04/2016

Adendo: Descobri recentemente (08/05/2016) que o dia 17 de Abril foi a data em que Joaquim Silvério dos Reis traiu e denunciou seus aliados, salvando o Visconde de Barbacena, Luís Antônio Furtado de Mendonça, futuro 1º Conde de Barbacena, do golpe. Este iniciou a derrama, acabando com a insurreição independentista. Entrou para a História o governador anterior, o cruel e corrupto Luís da Cunha Meneses, o Conde de Lumiares, imortalizado nas CARTAS CHILENAS, provavelmente escritas por Tomás Antônio Gonzaga: O Fanfarrão Minésio.

9/05/2016

PÃO COM MORTADELA

Petista petralha
Esquerdista esquerdopata
Da revista a calúnia inventada
Me vista o que me valha:
Bolivarista, pão com mortadela,
Artista da Rouanet, um Favela,
                  Sou

                  Mas
Fascista, cara de canalha;
Elitista que bate a panela
(Golpista) sorrindo da janela;
Jurista com a bandeira de mortalha;
Integralista pra quem a justiça amarela;
Financista colhendo os juros da cangalha;
                   Jamais

13/04/2016

quarta-feira, 13 de abril de 2016

MARIA JÚLIA

Peguei tua mão
Galáxias pulverizaram-se
Sóis engoliram-se

E

Para nós
O momento manteve-se

Tua mão
        Tão acalentada
Tão          Pequena
                Dentro da minha

Uma flor serena
                 delicada
de meu centro eclode
                         explode
                      me move

Em teu nome,
meu canto ebuliu mais doce
fulvo fluvial 
de melífluas palavras

este amor que brotou
entre nós
                instantaneamente
no golpear de nossas peles
no penetrar de nossos olhos
                             princesa
                             pequena
                             serena
                             delicada
flor fulva do meu centro
é a gema mais sagrada
                                        arada nas altas aras 
                                                                     do ser que me sei.

SOBRE 2 DE NÓS

CAPÍTULO I
(Os dois fizeram amor no carro).

CAPÍTULO II
Amante: Por que não ficamos juntos de vez? De uma vez para sempre, como sempre deveria ter sido? Eu, você, minha filha,… nossos filhos…
Amante: Não posso… Não podemos, somos casados!
Amante: Sim, mas existe separação, temos que nos perder de novo?

CAPÍTULO III
Eram amigos de infância, famílias vizinhas, aos sete anos prometeram-se casar um com o outro, aos treze, viraram namoradinhos, ela se mudou aos 15 anos.
Nunca chegaram a se beijar.

CAPÍTULO IV
Amante: Mas eu amo a pessoa com quem estou hoje.
Amante: Eu também, mas eu também te amo, mais que tudo, depois de minha filha.
Amante: Aí é que está! Você tem sua filha, suas responsabilidades…
Amante: Não venha colocar a culpa de seu medo sobre minha responsabilidade para minha filha!, ela é minha filha e sempre será, nunca deixará de ser, mas amor de casamento também amo, mas nada como você! você não me quer por causa de minha filha, é isso?
Amante: Não, por ela!, Deus, eu adoraria ter uma filha, ainda mais a sua, teremos os nossos também, já que não os tive no meu casamento.
Amante: E então?
Amante: E então que é minha responsabilidade, minha honra.
Amante: Então sua responsabilidade, sua honra, vale mais do que seu amor por mim?
Amante: Não! sim, isto é, tente entender, não sou só eu, tem minha família, meus pais, meus sogros, tanta gente… Como poderia deixar alguém que gosto tanto por outrem que conheci ou reencontrei hoje? Não é que eu não te ame, que eu não ame a pessoa com quem vivo, foram tantos… tantas dificuldades, tantas tristezas, prazeres e alegrias. Não, não é certo, simplesmente não é certo.

CAPÍTULO V
Festa de fim de ano na empresa. Os dois foram levados por seus respectivos cônjuges.

CAPÍTULO VI
Cônjuges: Amor, quero que você conheça…
Amantes: Você!?
Cônjuges: Vocês já se conhecem?
Amantes: Éramos amigos de infância.
Cônjuges: Ah, que bom, então vamos deixar que matem a saudade dos velhos tempos.

CAPÍTULO VII
Amante: Eu seu que não é certo, e se você falasse outra coisa agora, eu não te reconheceria, não seria a pessoa que tanto amo, que mais amei.
Amante: Também nunca amei ninguém assim. Mas isso também não quer dizer que não ame...
Amante: Eu sei, um amor assim, tão bonito, construído em tantos anos, não se abre mão tão fácil por uma aventura. Mas é isso que somos? Uma aventura? Uma aventura, um para o outro, que, depois do prazer, do risco, perde todo sabor?
Amante: Não sei o que somos. A ilusão do beijo nunca dado? Uma coisa irreal, ideal, que é perfeita e nunca poderá ser vivida e igualada? Ou a coisa verdadeira que, se nunca tentada, será sempre o vazio?
Amante: E pode se amar duas pessoas tão assim, no de-verdade?
Amante: Existe limite para amar? Por que escolher a quem amar dói tanto, é tão assustador?
Amante: Abandonar o amor certo pelo amor louco? É, não é correto isso mesmo.
Amante: Não é correto mas eu quero tentar.
Amante: Contra tudo e contra todos?
Amante: Sim.
Amante: Devemos?
Amante: Ã?
Amante: Devemos, assim, devemos mesmo?
Amante: Não. Nosso dever e nossa vontade são dois inimigos naturais.
Amante: Não podemos conciliar isso?
Amante: Como? Como estamos fazendo agora?
Amante: Sim…
Amante: Mas o que fizemos, é tão errado, é tão mais errado!
Amante: Mas poderíamos manter os nossos dois amores.
Amante: É verdade, não teríamos que escolher, que nos dividir, que sofrer e fazê-los sofrer.
Amante: Mas é tão mais errado! Não é que seja mais fácil para nós, ou não os magoe, que faça do ato mais certo, ou menos errado.
Amantes: Estaríamos só enganando.
Amante: A nós e a eles.
Amante: O que fazer neste dilema tão absurdo!
Amante: Chegar ao ponto de escolher a quem amar sabendo que sempre haverá sofrimento.

CAPÍTULO VIII
Ali, um e outro, olhando-se, no meio daquela festa, o que dizer? O que calar? Nunca o coração batera tao rápido entregando-se. Como mentir naquele instante tão revelado?

CAPÍTULO IX
Amante: Eu te amo.
Foi a primeira coisa que se disse ali, com ninguém por perto.

CAPÍTULO X
Qual era a verdade daquele momento?

CAPÍTULO XII
Amante: O quê? O que você está dizendo?
Amante: O que eu não posso mentir.
Amante: Ó Deus, teus olhos!

CAPÍTULO XIII
Quem prestasse atenção às calças dos dois perceberiam imediatamente a excitação sexual que tomou conta deles.

CAPÍTULO XIV
Amante: O que você fez todo esse tempo?
Amante: Estudei, trabalhei, casei…
Amante: Eh! Tudo no passado.
Amante: É, tudo no passado. O que me faz questionar: “E o meu futuro? E o seu?
Amante: E o nosso?”
Misturavam ali verdades profundas com verdades fúteis, enquanto as pessoas aproximavam-se e iam, deixando-os a sós.

CAPÍTULO XV
Amante: O que faremos nós?
Amante: Aqui, neste carro? Talvez primeiro sair dele.
Amante: É a última coisa que quero no mundo. Este momento, indefinidamente.
Amante: Logo amanhece?
Amante: Logo, amanhece.

CAPÍTULO XVI
E amanhecendo ali, o dia tão vermelho.

CAPÍTULO XVII
Enquanto as pessoas iam e voltavam:
Amante: Tem filhos?
Amante: Não, nós nunca quisemos ter… Bem, eu sim.
Amante: Eu tenho uma filha. Quer ver?
Amante: Claro.
Amante: Não é a coisa mais linda do mundo?
Amante: É. Talvez a segunda… ela tem seus olhos, sua boca…
Amante: É, é muito linda, mesmo!
Amante: Presunção!
Riram chamando a atenção do salão.

CAPÍTULO XVIII
Amante: Eu vou me perdoar?
Amante: Vão nos perdoar?
Amante: Por que pensar no sofrimento deles se o nosso é tão palatável? Eu vou me arrepender de ir? Vou me arrepender de ficar?
Amante: Vamos nos perdoar de nossa escolha?
Amante: É, paramos e olhamos: é nossa família.
Amante: E enquanto nos olhamos é o nosso amor.
Amante: É.

CAPÍTULO XIX
Amante: Deus, os teus olhos!
Amante: O que é que têm?
Amante: Você tem que parar de me olhar assim.
Amante: Você não consegue ler meus pensamentos, olhando para eles?
Amante: Que me amaria agora mesmo, neste chão.
Amante: É, a mesma coisa que o teu.

CAPÍTULO XX
Enquanto o elevador desce para o estacionamento no subsolo, a respiração ofegante dos dois sozinhos deixou o ambiente fechado retumbantemente ensurdecedor. Mesmo assim não se tocaram. Mas os olhos…

CAPÍTULO XXI
Amante: Não podemos ficar aqui, desse jeito.
Amante: É, não podemos ficar aqui.
Amante: Não, não aqui, quer dizer, devemos ficar, mas não desse jeito.
Amante: É. Devemos.
Amante: Devemos nos beijar.
Amante: Eu tenho que sentir o gosto da tua boca.
Amante: Não podemos.
Amante: Por quê?
Amante: Porque, se fizermos isso, não sei se conseguirei voltar.
Amante: Eu também.

CAPÍTULO XXII
Amante: Você já fez isso antes?
Amante: Eu?, nunca! Você acha que sou do tipo que trai o casamento?
Amante: Não.
Amante: E… e… vo-você?
Amante: Também… não.

CAPÍTULO XXIII
Subia o elevador. Tinha certeza que não poderia voltar atrás, não importava o resultado da volta para casa, mesmo que no futuro venha a se separar, mesmo que qualquer coisa aconteça, não poderá jamais voltar a este amor de infância roubado e reencontrado, revivido e regozado, este amor tão lindo e tão gostoso estava totalmente perdido para si.

CAPÍTULO XXIV
Ao entrar em casa, encontram esta carta:
“Meu Amor,
Não sei se tu se lembra daquela pessoa que te apresentei naquela festa da empresa, que é casada com aquela tua amizade de infância?
Bem, aquela pessoa que te apresentei e eu somos amantes. Estamos juntos há três anos agora e eu já não suporto mais esta mentira que me come por dentro porque te amo.
Sim, é verdade. Pode me achar hipócrita, viver te mentindo, te traindo e te amando! Mas esta é a verdade, por isso eu aguentei por tanto tempo.
Não quero dizer que te aguentei por tanto tempo, mas eu me aguentei por tanto tempo, o lixo que vivi por tantos anos, me odiando por te amar e te magoar sem que tu saiba.
Por isso tomei esta decisão, a mais difícil de minha vida. Eu te deixei, Amor, eu vou embora com o meu Outro-Amor, não me odeie, por favor, eu não viveria se tu me odiasse. Eu sei que tu vai sofrer, eu estou sofrendo, sei que tu entristecerá, vai amargurar, mas não me odeie.
Mesmo que não me perdoe (mas tente, tente, tente, por favor, tente), não me odeie.


 Eu te amo e adeus,”