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Publicado em 29 de mai de 2016
Qual a diferença na estrutura
cerebral entre liberais e conservadores? E donde nossas convicções
políticas vêm: deliberação racional, ou determinismo biológico?
Psiquiatra Gail Saltz explica.
Então eu acho que o que
realmente é fascinante é que há um número recente de estudos
olhando para as diferenças estruturais cerebrais entre liberais e
conservadores. E o que vem sendo descoberto em vários estudos é que
liberais tendem a ter um maior giro cingulado anterior. Essa é a
área responsável por receber novas informações e aquele impacto
das novas informações nas escolhas e tomadas de decisão.
Conservadores tendiam como um todo a ter uma maior amídala direita.
Amídala sendo uma estrutura profunda do cérebro que processa mais
informações emocionais – especificamente informações baseadas
no medo. Então, é realmente responsável pelas respostas de lutar
ou voar. E isto não é
tudo. Não é preto e branco e é claro que então, você sabe, e
sobre todas as pessoas no meio? Mas basicamente o estudo mostrou que
se você apenas se basear na diferença de tamanho da estrutura
cerebral, você poderia predizer quem seria um conservador e quem
seria um liberal com uma frequência de 71.6%.
71.6% é uma habilidade bem alta
para se predizer quem é conservador e quem é liberal apenas pela
estrutura cerebral. Quando você olha para o que os seus pais foram
em termos de predição do que você poderia vir a ser em termos de
conservador versus liberal, isso te permite predizer em estudos numa
taxa de 69.5%. Bem perto. Não tão bom e por que é tão
interessante? É porque o cérebro é plástico. Então a questão é
se você tem uma estrutura cerebral para começar com as informações
se você é liberal ou conservador ou se a formação de certos
pensamentos de seus pais, por exemplo, modela sua estrutura cerebral.
Porque o cérebro é plástico e sempre mutante, particularmente na
juventude. Então, pensar certas ideias ou predominantemente, vamos
dizer, utilizar sua amídala direita versus seu giro cingulado
anterior informam o crescimento dessas áreas e, desta forma,
ajudam-no a predizer, mais tarde, quem é liberal e quem é
conservador.
Então, em termos de
interpretação do significado dos diferentes tamanhos estruturais
para um liberal versus um conservador, eu acho que você tem que
olhar para quê aquela área é predominantemente responsável.
Então, por exemplo, para conservadores, se sua amídala direita é
crescida e essa é a área de processamento de medo, você pode
esperar, talvez, escolhas ou decisões ou caráter ou personalidade
serem mais informadas por uma resposta por uma situação
amedrontadora. Então, por exemplo, conservadores, de fato, me
estudos de personalidade realmente tendem a serem avaliados mais em
áreas de estabilidade, lealdade, não gostarem de mudança, serem
mais envolvidos religiosamente em termos de tomada de decisão, tendo
que se avaliar mais importante para eles em fazer certas escolhas. E
se você olhar para os liberais a partir de um ponto de vista de
caráter e personalidade, você achará fortes avaliações em termos
de gostar de mudança, querer realmente basear as decisões em novas
informações, em informações científicas. E então, essas
diferenças não são surpreendentes à luz destas diferenças de
estruturas cerebrais.
Ser um liberal ou ser um
conservador realmente não é preto e branco. É realmente uma curva
em forma de sino, você sabe, alguém que considera a si mesmo
conservador pode ser bem menos conservador, por assim dizer, que
alguém que ainda se chama conservador. E esta curva em forma de sino
continua por todo o caminho onde o meio pode ser um grande grupo que
se chame de independentes.
O que não sabemos é se isso tem
a ver com as diferenças nas estruturas cerebrais e então nós o
veríamos nos independentes, ninguém faz esse estudo e diz: “oh,
independente não mostram nenhuma diferença em estrutura cerebral ou
quaisquer diferenças em, digamos, reação de tomada de risco”.
Então, nós não sabemos, com certeza, o que significa, mas eu acho
que é justo afirmar que, mesmo quando nós olhamos para as
diferenças cerebrais com uma confiabilidade de 71.6% que ainda
deixa, você sabe, um número muito alto que não se encaixa nessa
categoria. Então, você sabe, onde se encaixam? Eles são mais
propensos a ser independentes em suas mentes? Nós não sabemos a
resposta para isso, mas certamente, você sabe, estas não são
regras rápidas e ríspidas. Isto não é ciência diagnóstica e
pessoas que são independentes, obviamente, têm certas
características, eu diria, de ambos os lados, são, de algum lugar,
apenas como se fossem do meio.
Eu penso que compreendendo o que
acontece estruturalmente no cérebro e funcionalmente no cérebro,
nós podemos compreender o que informa as mais fortes opiniões das
pessoas, que, em último caso, informa nosso sistema político,
correto. Porque, é uma pessoa, um voto. E, tentando modificar as
mentes das pessoas, eu acho, todos têm que olhar para o que está
por trás da habilidade de modificar a mente. Ela é realmente
modificável?
Quando nós olhamos para os votos
e a mudança de mente e, digamos, propaganda política, você tem que
reconhecer que toda aquela nova informação sempre vem através do
prisma de seu cérebro. O que significa que o que eu digo versus você
pode ter ouvido diferentemente, mesmo que eu tenha dito a mesma
coisa. Então, vem pelo prisma do que você disse, faz-me nervoso e
amedrontado e, desta forma, eu recorrerei à minha velha reserva, eu
não quero mudar minha decisão? Ou eu ouvirei a mesma informação e
direi: “Oh, isso é novo. Eu tenho a receptividade para novas
informações. Desta forma, isso me interessa e eu pensarei a
respeito se eu devo mudar minha mente baseado nessa nova informação”.
Eu acho que o que a ciência está
basicamente dizendo-nos é que haverá algumas pessoas que ouvirão a
informação e recuarão para o seu pensamento original. E outras
pessoas ouvirão novas informações e dirão que realmente muda
minha mente.
Se nós estamos tentando ter uma
sociedade que trabalhará para o seu melhor interesse, vamos dizer,
nós realmente queremos estar aptos a nos comunicarmos entre nós. E
então, se você é um liberal e, digamos, você quer conversar com
um conservador sobre casamento gay,
você quer ter em mente como deve ainda falar de lealdade,
estabilidade e crença religiosa de alguma forma. Você quer ter
aquelas ideias informando sua comunicação como oposta simplesmente
dizendo, mas, você sabe, esta porcentagem da população é
homossexual e, desta forma, você sabe, nós devemos considerar todos
devem ter aqueles mesmos direitos. E, você sabe, ciência mostra que
não é uma escolha. É simplesmente um fato de você ser gay ou não
ser gay. E, desta forma, não deveriam aquelas pessoas ter os mesmos
direitos? Essa não é a melhor forma de apelar, talvez, a um
conservador, nesta questão.
Você que apelar para eles em
termos de como, por exemplo, regras maritais, ou históricas, devem
ser mantidas e não realmente alteradas para aqueles que são, vamos
dizer, um “casamento tradicional”. Como não interromperá a
fábrica, por exemplo, de suas vidas, das regras às quais eles
aderem. Esses tipos de coisas seria mais apelativo a eles se ou não
esse for o mais apelativo argumento para você como um liberal.
A verdade é: um conservador é
mais propenso a estar apto a apelar a um liberal usando novidades e
novas informações que é baseada em ciências e mostrando certos
fatos e admitindo, por isso, não é necessariamente para ser
puramente baseada em religião. Essa não é a regra do sistema, por
assim falar. Por ser empaticamente compreensivo. E, por isso, eu não
quero dizer simpaticamente compreensivo. Eu quero dizer, estar
realmente apto a se colocar no lugar do outro e ter alguma inspiração
onde seus cérebros estão dirigindo-os e apelando a esse argumento.
Então, se você é um conservador, você quererá apelar com novas
informações, porque liberais são mais potencialmente buscadores de
novidades. E, às vezes, basear-se em ciência é uma boa forma de
apresentar nova informação.
Parte do que dificulta em termos
do que eu estou vendo agora é que, realmente, pessoas estão
tendendo a dobrar nos seus próprios estilos e o que apela para o seu
próprio grupo de pensadores. E isso está exponencialmente
prevenindo o tipo de comunicação que seria importante para nosso
futuro, assim, nós não podemos, por assim dizer, atravessar o
corredor, porque requiriria experimentar para o tamanho do padrão de
pensamento do outro grupo. E isso é duro de fazer. Deixe-me dizer
que é difícil de fazer. Então, se sua amídala está gritando com
você, você sabe, corra para as montanhas ou dobre e lute, é
difícil de dizer: “Bem, deixe-me dar um passo atrás e não ter
uma reação baseada em medo, mas, ao invés disso, apresentar a
ciência ou apresentar a nova informação”.
Um bom exemplo seria da posse de
armas. Se eu falar sobre posse de armas a um grupo liberal, ele
automaticamente tem pensamentos provavelmente sobre, particularmente
se é um grupo da área urbana, crime e o perigo, porque,
estatisticamente, esse é o que ele tem sido privado. A informação
tem-lhe sido dada sobre como muitos homicídios são cometidos, quem
é, você sabe, morrendo por violência armada, et cetera.
Se você falar sobre posse de
armas com um grupo conservador, ele é mais voltado para a forma de
pensar de estabilidade leal de um esportista, caçando com a família
particularmente, novamente se é de uma área rural. Porque, é assim
como cresceu, isto é, como tem sido estável para ele, essa é a
memória que tem sobre armas. E então, você pode ver como isso vem
de duas direções completamente diferente talvez a mesma palavra,
arma. E é duro colocar-se no lugar, por exemplo, do outro grupo,
assim você pode vir a tomar decisões sobre isso.
Então, por exemplo, o CDC (órgão
responsável pela saúde nos EUA) tem sido barrado de fazer qualquer
pesquisa para que nós pudéssemos ter nova ciência sobre violência
armada como uma questão de saúde pública, por realmente o grupo
político conservador ter dito, você sabe, vocês não podem
pesquisar nessa área. Nós não a chamaremos uma questão de saúde
pública e, desta forma, você está barrado de conseguir dólares e
barrado de ter pesquisa sobre a violência armada em si. E
isso vem provavelmente de uma posição de medo que se há qualquer
informação nova que balance opinião, nós perderemos nosso
posicionamento leal a algo em que nós firmemente acreditamos e
remetem a memórias muito
prazerosas
e confortáveis de nossa
vida inicial. Então
é muito complicado numa certa forma.
Você sabe, o grupo
liberal querendo que haja esta pesquisa, não necessariamente para
tomar as armas, mas para dizer: “Nós gostaríamos de ver a ciência
validar se ou não certas coisas sobre as armas são boas para nós
ou não são boas para nós”.
O mais recente estudo olhando o
que está acontecendo no cérebro em termos de política, previu, com
grande valor, de ser capaz de identificar um conservador versus um
liberal 82.6%. E
isto foi um olhar para a atividade cerebral, o que é diferente.
Você põe alguém num MRI
(aparelho de ressonância
magnética) funcional que
é diferente de tirar apenas uma foto.
Ele pega a atividade em
certa área do cérebro. E
descobriu que quando você os têm fazendo uma ação de risco maior
e olha para as suas atividades cerebrais, conservadores eram mais
propensos a acender a área de resposta de lutar
e voar, a
amídala, e liberais eram mais propensos
a acender em áreas que
têm a ver com a consciência social.
Novamente, você poderia ver
como, desta forma, esta diferença informaria o que vêm à mente de
tanto liberal ou um conservador, enquanto ambos envolvidos numa ação
de risco ou até algo que está acontecendo externamente a eles, mas
sente como isso pode impactá-los numa forma arriscada.
E que era realmente até
mesmo mais previsível do que olhar para a estrutura cerebral ou como
seus pais foram em termos de liberal verus conservador.
Dr. Gail Saltz é
uma autora bestselling
de numerosos livros e
perita numa importante variedade de questões psicológicas.
Ela é presidenta da 92ª
Rua Y “7 Dias de She is
Chair of the 92nd Street Y "7
Dias de Comitê Consultivo de Gênios"
e Consultora e Moderadora
de Evento para a Fundação Clinton Iniciativa Saúde Importa.
Dr. Saltz é uma
Professora Associada de Psiquiatria na Escola de Medicina do Hospital
Presbiteriano Weill-Cornell
de NY,
uma psicoanalista com o
Instituto Psicoanalítico de Nova York,
e tem uma prática privada
em Manhattan.
Adendo da Tradução: O texto
original é uma transcrição literal
da fala, mais ou menos improvisada, da pesquisadora. Na tradução,
senti-me obrigada a fazer “correções”, como acrescentar
vírgulas, dois pontos e aspas que não se encontram no original,
tanto porque em inglês não se usa no caso, mas em português sim,
outros tantos – como no caso das aspas –, porque achei erro de
escrita do digitador. Outras correções que fiz foi em direção à
concordância, em muitas passagens a autora fala “grupo” liberal
ou conservador, mas usa o verbo e os pronomes no plural, e assim
manteve o transcritor, por clareza de leitura, consertei as
concordâncias. Quero deixar claro que todas as mudanças que fiz foi
no intuito de trazer clareza à tradução, não de modificar o
significado, se, por falta minha, ocorreu o segundo, peço desculpas,
e por isso, no início do texto, vai o link
para o vídeo e a sua transcrição original.
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