sábado, 24 de dezembro de 2011

MENSAGEM NATALINA


À todos os meus amigos e conhecidos da vida real.

À todos os meus amigos e conhecidos da vida virtual.

À todos os meus alunos e ex-alunos com quem interajo por esta ferramenta.

À todos vocês:

a PAZ.

Jesus não nasceu em Dezembro.

Muito menos em Belém (ele é Nazareno, lembram, não Belenense).

São Nicolau (o Santo mais importante e reverenciado das Igrejas Católicas Ortodoxas) virou um palhaço de vermelho que na verdade encarna o espírito do consumismo (vale lembrar: o dia de São Nicolau foi 23 de Dezembro).

Mas, E DAÍ?

Se há pelo menos um dia para celebrarmos a graça de sermos seres humanos,

A dádiva de acreditarmos numa Salvação e num Salvador,

A alegria de estarmos vivos em comunhão,

O prazer de doar virtudes e receber felicidade,

Então que seja este dia qualquer dia, esta hora qualquer hora, este momento qualquer momento, esta celebração qualquer celebração.

E que meu abraço abarque a todos nesta celebração da Irmandade Humana, da sublimação da carne e do enlevo do Espírito.

Se você é Cristão, então é seu aniversário também.

Se você não é, mas é um Irmão-Humano - Humanirmão -, é seu aniversário também.

É nosso, celebremos a Gratidão de estarmos vivos, a Esperança da Comunhão, a Fé no Após: A PAZ.

MESSACRE: PARTE II: A Análise

1.      Introdução
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Antes de qualquer coisa, quero fazer o mea culpa pela demora desta segunda parte que vai. Dezembro é um mês cheiíssimo para a minha profissão (professor): são provas bimestrais, provas finais, reuniões pedagógicas antes e depois destas últimas; alunos chorando em súplicas, pais chorando em súplicas, alunos ameaçando, pais ameaçando... mas esse texto não é sobre as questões educacionais públicas brasileiras.
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Tampouco ater-me-ei simplesmente à devastação futebolística da final do mundial de clubes – partida tão importante para os blaugrana que os próprios jogadores do time decidiram não ganhar o “bicho” do título, como não ganham por outros títulos “sem importância”, como as Recopas e Supercopas que vencem –. Para tal intuito indico diretamente o texto do Zonal Marking, o melhor que li sobre o jogo. 
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Minha abordagem procurará ser outra: tentar compreender que revoluções nas práticas e nas táticas o “messecre” culé implicará para o futebol mundial, e sobretudo brasileiro; tomando também como perspectiva a vitória anterior sobre o Real Madrid de Mourinho.
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A primeira parte será encontrada aqui.
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2.      Dupla-Tripla-Quádrupla Função
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A questão fundamental da escola holandesa de futebol total que o Barcelona prega e pratica até hoje – que Josep Guardiola aprendeu diretamente de Cruyff, que chegara na Cataluña junto com Rinus Michels no fim dos anos 70 para implantar o estilo que fizera sucesso na Europa no início dessa mesma década no Ájax e na seleção laranja –, é a inversão de posições verticalmente: o lateral vira ponta e o ponta vira lateral, ou o centro-avante vira meia e o meia vira centro-avante, por exemplo. É isto que se convém chamar de “carrossel holandês”.
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Essa troca de posições só é possível se todos os jogadores nela envolvidos souberem o que fazer na nova posição em que se encontram. Isso obriga que os jogadores tenham, no mínimo dupla-função, isto é, sejam atacantes e meias, ao mesmo tempo, ou laterais e meias ao mesmo tempo, zagueiro e volantes, zagueiros e laterais, laterais e volantes, etc. etc. etc.
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2.1  Cesc Fábregas chega às mãos de Guardiola
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Francesc Fábregas saiu das canteras do Barça e foi direto para às mãos de Arsene Wenger, no Arsenal. Lá começou como um segundo volante tipo Box-to-box no 4-4-2/4-5-1 de Wenger, com Bergkamp fazendo a função de 9,5, como se diz na Itália e na França. Isto é, um trequartista adaptado à função de second striker – é só lembrar de Roberto Baggio, Alessandro Del Piero e tantos outros –.
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Depois da saída do holandês, Fábregas foi adaptado à ponta-de-lança. Nas mãos de Arsene, o jovem espanhol desempenhara já estas funções. Chegando, enfim, de volta ao Barcelona, Cesc foi logo posto na “função Messi”, ou falso nove. Isso era necessário porque a principal necessidade da contratação do 4 foi aumentar a qualidade do “banco”. Jogando com pressão alta sobre a bola o tempo inteiro, o treinador tem que rodar a equipe, sobretudo as duas últimas linhas – meias e atacantes –.
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Com Messi em campo, Fábregas jogou de ponta-de-lança no losango do 3-4-3 de Guardiola – desdobrado em 3-1-3-3 –, com Xavi à sua direita e Iniesta ou Thiago Alcântara à sua esquerda. Sem David Villa, normalmente Iniesta joga de ponta-esquerda, mas com o 8 machucado, Guardiola arrumou mais uma quarta função para Cesc: também a ponta-extrema – a utilização do mesmo na ponta-direita contra o Santos vou considerar como mesma função, mas se o leitor preferir, pode considerá-la uma quinta –.
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Contra o Real Madrid, num inusitado 4-4-2, Fábregas foi o winger-esquerdo, invertendo com Iniesta, o meia-central; contra o Santos, numa espécie de 3-1-4-2 – ou como eu prefiro ver, um 3-1-5-1 – o 4 foi um meia-central que invertia com winger-direito Dani Alves.
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Percebe-se então uma certa coerência de Guardiola. Sua escolha por contratar jogadores inteligentes, com histórico de múltiplas funções em times anteriores, reflete diretamente o pensamento culé de formar na base futebolistas totais, jogadores capazes de inverter posições e manter o carrossel rodando.
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2.2  Sérgio Busquets e o esquema 3,5 – 3,5 – 2,5
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Messi é gênio (poucos contestarão?). Xavi, Iniesta, Fábregas são craques entre os melhores do mundo hoje. Mesmo assim, com qualidades individuais tão gritantes à sua frente, o elemento tático que vêm chamando mais atenção nos últimos tempos é Sérgio Busquets.
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Busquets é reconhecidamente o metrônomo do time, marcando a perfeição do seu tempo, é a base da troca de passes do time. Ora, se estamos diante dum “carrossel”, ele só gira – tal qualquer roda ou móvel, como bem já observara Aristóteles – a partir de um eixo fixo. Este eixo é Busquets. Entre todas as receitas que se colocam de “como parar o Barcelona”, todas começam com: “parem Busquets”. 
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Daí observar de perto as funções deste “volante”. Na temporada 10-11, diante de tantos times com apenas um atacante, o 4-3-3 barcelonista se transformava num ancestral WW(2-3-2-3), esquema tático com o qual a Itália foi bicampeã do mundo (1934-38). Diante de um ataque de dois atacantes fixos Guardiola mandava o 16 fazer o que eu gosto de chamar de “jeitinho brasileiro”: o nosso jeito de transformar o 4-3-1-2 em 3-4-1-2. Os laterais viram alas e o primeiro volante vira terceiro zagueiro – o “sobra” –.
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Porém não posso comparar Busquets aos volantes médios brasileiros. Pode parecer exagero, mas a comparação mais clara seria com Kaiser Franz Beckenbauer. O único homem a comparecer na seleção ideal de três copas FIFA seguidas, começou como volante do 4-2-4 germânico e acabou como quarto zagueiro do 4-3-3 do time campeão do mundo em 1974. Na verdade, sua função ficou conhecida como líbero. Com a posse de bola, Beckenbauer tinha total liberdade de avançar ao meio de campo e iniciar as jogadas, controlar a posse de bola, estabelecer a linha de passes.
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Já no Barcelona, com a volta de Abdal à equipe depois de curar-se de uma doença gravíssima, os catalães puderam formar seu 3-4-3 mais devidamente, já que o francês faz a base para dar total liberdade para Daniel Alves. Parecia desnecessário, então, que Busquets precisasse voltar a descer para a zaga.
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Parecia. Contrariando todos os prognósticos, Mourinho botou o Real Madrid num 4-2-3-1 para enfrentar o Barcelona, quando todos esperavam um 4-3-3. Com isso, numa só tacada, o treinador português tirava o tempo de Busquets com a bola e matava a defesa azul-grená que não tinha sobra. Como Guardiola responderia a isso? Eu, assistindo ao jogo, logo reclamei: “tem que recuar Dani Alves de volta à defesa”! Mas Pep mantém Dani adiantado e recua Busquets. Sem a bola, Busquets era zagueiro (compondo a sobra defensiva), com ela podia adiantar-se, jogando no meio-campo, reiniciando a linha de passe.
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Com a bola o time, por causa da dupla função de Busquets, configurava-se num 3-4-3, sem ela num 4-3-3. Poder-se-ia dizer, então, que o Barça joga com uma linha de 3,5 atrás e com 3,5 no meio, dependendo apenas donde jogaria Sérgio.
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E como Messi é na verdade um falso nove – só é centro-avante quando o time está sem a bola, e com ela torna-se praticamente um enganche –, não é bem um 4-3-3, e sim um 4-3,5-2,5!!! Se bem que, contra o Santos, o ponta-direita (Fábregas) descia e invertia com o meia-direita (Alves), o ponta-esquerda (Thiago) descia e invertia com o meia-esquerda (Iniesta), Messi invertia com Xavi, e nessas alturas já se esquecia quem era quem neste mundo bicolor.
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Se a “função Busquets” virar tendência, como o falso nove, não haveria lugar no mundo com jogadores que melhor se adaptem às características desse “falso cinco” – ou líbero – do que o Brasil, tão repleto de cabeças-de-área (e de bagre), com volantes que sabem virar o “sobra” como ninguém (e daí só faltaria alguém para ensiná-los a dar passes e comandar a posse de bola de todo o time para poderem ser chamados de líberos).
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3.      Guardiola: entre a retranca fascinante e invencionices revolucionárias
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Pep Guardiola é um professor pardal. Este é o ponto mais importante em se observar taticamente neste Barcelona: suas invenções táticas. O elenco é praticamente o mesmo da época de Frank Rijkaard, que montou uma equipe incrível: bicampeã espanhola, campeã da UEFA Champions League – doravante UCL –, com a estrela do time ganhando seguidamente o título de melhor do mundo, aplausos por todo o planeta.
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Mas logo no primeiro ano no comando da sua equipe, Guardiola ganhou tudo, baseado na sua covardia ativa e na retranca linda e fascinante que montou.
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Sem homens fortes ou grandes defensores para o meio, Guardiola montou a sua defesa com pressão alta sobre a bola, e depois na sua posse absoluta. Todos correm para retomar a bola. Com ela, iniciam trocas de passes incessantes, o chamado tik-taka. Novidade? Nenhuma. Pressão alta sobre a bola e a posse da mesma baseada na troca de passes é o fundamento do futebol do Arsenal de Wenger – que inclusive cunhou o termo que melhor caracteriza essa possa de bola de mais de 60%: “posse estéril”, isto é, tem-se a bola só por tê-la, sem nenhuma outra intenção de criar jogadas ou marcar gols –.
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A posse estéril, portanto, não é uma atitude ofensiva, pelo contrário. É uma forma PRÓ-ATIVA de se defender. O que Arsene e, principalmente, Guardiola se propunham não é recuar e montar barricadas em frente às suas áreas, mas ficar com a bola o máximo de tempo possível, seguindo uma teoria bem simples: se a bola está com você então o seu adversário não está com ela, e, portanto, não pode atacá-lo. É simples assim. Mas só é simples na teoria, na prática nada mais complicado, nem mais complexo.
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Hoje, com apenas três anos da “era-Guardiola”, todos procuram emular estas duas características defensivas do Barça. Uns com melhores (sobretudo aqueles que entendem que a posse estéril é uma característica defensiva), outros com piores resultados. Alguns já até desistiram e tentam uma via alternativa – e só de imaginar uma alternativa para uma opção que nem existia há cinco anos atrás é de assustar –.
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Mas não foram nem Guardiola nem Wenger que inventaram isso. Pressão alta sobre a bola e o controle da sua posse eram o fundamento do Dream Team do Barcelona com Cruyff de técnico e Pep como jogador, e também do grande Milan de Arrigo Sacchi – o último time bicampeão da UCL –.
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O que estes quatro times – e consequentemente os quatro técnicos – têm em comum? Todos se baseiam nos ideais do Ájax e da seleção holandesa da primeira metade da década de 70.
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É da formatação destas equipes holandesas que também vem a segunda invencionice revolucionária de Guardiola: o falso nove. A “função Messi” virou febre, mas nem todos os treinadores conseguiram um jogador capaz de se encaixar nessa função. Guardiola “inventou” essa função para La Pulga a fim de surpreender o grande Sir Alex Fergusson, na final da UCL de 2009, que entrou com Ronaldo de centro-avante, montando-se praticamente num 4-6-0, seu esquema, na época, para “jogos grandes”, muito comum na Inglaterra, enquanto Guardiola botou Messi de centro-avante, recuando para armar, desmontando, assim, todo o desenho defensivo do Manchester United.
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Novamente Pep remontava ao Ájax, à Holanda e ao Barcelona que tinham Cruyff de centro-avante. O 14 fazia justamente a função de falso nove, sem a bola, jogava no alto do campo, com ela poderia vir até a linha de volantes para receber e articular o time.
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Também podemos remontar a décadas antes. A Hungria e o Honved de Puskas, Czibor e Kocsis. Hidegkuti era o falso nove. Puskas e Kocsis, os dois meias do WM (3-2-2-3) húngaro, viravam atacantes; os pontas Czibor e Toth recuavam e viravam meias: inversão vertical, com já dissera, é a base do carrossel holandês – que foi pioneiro, realmente, na pressão sobre a bola e na compactação total do time no menor espaço possível –. O falso nove, por sua vez, remonta a Sindelar do Wunderteam – seleção da Áustria de 1934 –. Inversões de posições que remonta ao Dínamo de Moscow da década de 1940.
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A grande modernidade de Pep Guardiola tem sido de adaptar as grandes revoluções táticas DA EUROPA ao mundo do futebol moderno, cuja preparação física é primordial. E a preparação física do Barcelona é incrível: por ter sido o “primeiro” a propor este tipo de jogo, ele saiu na frente da preparação física adaptada a este fim, e com peças de reposição à altura. Todos os times que tentam se impor contra o Barcelona no seu mesmo jogo, até conseguem se manter no mesmo nível por 30 minutos, um tempo completo, mas depois cansam e acabam por ceder terreno e posse de bola aos blaugrana.
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Por isso também não se pode comparar o futebol barcelonista com o futebol brasileiro “clássico”. Sempre houve a troca de passes no Brasil, mas a escola sulamericana é de investida, do drible, do um-dois. Nossa posse sempre foi objetiva, procuramos espaços para a infiltração, não para matar o tempo do jogo. Tampouco pode-se sonhar em estabelecer um novo Barcelona na seleção argentina só porque eles têm Messi. O toco-e-me-voy platino é futebol sulamericano, toco e vou, toco e vou: quero receber na frente para concluir. O tik-taka é o oposto disso: a bola vai e volta, vai e volta, vai e volta.
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O Barcelona é a apoteose da Escola Danúbia. Escola que, apesar do nome, começou na Escócia, no Queens Park – não o Rangers que hoje joga a Premier League –, mas frutificou com maior força na Hungria, na Áustria e na Rússia – países pós-Danúbio –. A ligação dos culé com essa escola remonta a ANTES da chegada de Cruyff, da época em que parte do time do Honved e da seleção húngara aportou por lá, como Kocsis – a outra parte, como Puskas, foi para o Real Madrid, mas a maioria permaneceu no país –. Ainda podemos ver ecos dessa escola também na Holanda, na França – em pequena parte, mas influenciou fortemente nomes como Arsene Wenger – e na Alemanha – que absorveu a Áustria, o seu time, os seus craques, e a sua maneira de jogar, somando-a a sua eficiência já conhecida, quando Hitler anexou este país ao terceiro Reich –.
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4.       Conclusão
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Um, dois jogos. Tantas revoluções táticas. Não me admirará no início do ano que vem, que tanto Guardiola, quanto Messi recebam os prêmios de melhores do mundo. A dúvida fica de quando este time parará. O Milan de Arrigo Sacchi, o Dream Team de Cruyff, duraram o quê, três, quatro anos?
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A dominação do Ájax e da Bayern na década de 70 durou também uns quatro anos. O Botafogo de Garrincha, o Flamengo de Zico, dominaram por uns quatro anos também. Santos de Pelé dominou por em torno de uma década.
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O Barcelona de Guardiola e Messi dominará por quanto mais tempo o cenário mundial?




domingo, 18 de dezembro de 2011

MESSACRE - parte I: A crônica

Para o leitor e pensa comigo: não haveria trocadilho mais infame para idolatrar a mais brilhante de todas? Fico eu sem resposta, já cunhara um "messianismo" quase 8 meses atrás. Defeito meu, defeito meu, que não me reinvento como Guardiola inventa reinventa tresinventa coisas e mais coisas, para que tudo fique no mesmo: Barcelona tem a bola, Barcelona faz gols, Barcelona brilha, Barcelona encanta, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona,  Santos, Barcelona,  Santos, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona,  Santos, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona,  Santos, Barcelona,  Santos, Barcelona, Santos, Barcelona,  Santos, Barcelona,  Santos, Barcelona, Barcelona,  Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Santos, Barcelona, Santos, Barcelona,  Santos, Barcelona, Santos, Santos, Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Santos, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Barcelona, Santos, Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona, Barcelona, Santos, Barcelona...
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Isso mesmo, leitor, isso mesmo. Fora esta a proporção de posse de bola. Em torno de 70% em favor dos culé. Dá pra ver em uma única olhadela - sim, eu sei que você pulou - a palavra Santos encrustada no meio? Mas ela está lá, escondidinha, não ela, ELAS. Na mesma proporção de posse de Santos... Como perceber uma palavrinha num oceano de tantas mesmas coisas?
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Como perceber um futebol medíocre e incompetente no meio de tanta coisa magnífica?
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Se espantará com os adjetivos? Ora, o que fizera o Santos nos últimos seis meses? Treinos de luxo na 5º liga mais valiosa do mundo e a mais competitiva - e com a derrota do Santos prova-se de vez que é competitiva sim, mas é nivelada por baixo -, sem nenhuma pretensão de grandes nadas... O que fizera o Santos nas últimas três semanas? DESCANSOU a equipe titular, abdicando, ATÉ de jogar o último jogo do brasileirão!!!
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Descansou pra quê, se não correu? Treinou tanto pra quê, se não jogou?
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Santos covardia e apatia. Muricy PROVOU que seu estilo funciona quando a competição está nivelada pra baixo. Quando ninguém quer ganhar - temendo, na verdade o RESULTADO derrota -, Muricy Ramalho é gênio. Mas contra quem quer vencer e vencer bem e vencer sempre e vencer belo? Muricy é o quê. Treinador nota 10 no Brasil?
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A derrota era esperada. A ausência de futebol não. 
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O Santos é enorme por natureza. O barça é fenomenal, tem Messi, tem Xavi, tem Iniesta e Fábregas - os grandes, próximos a gênios deste time composta pela maioria absoluta de acimas da média -, mas não chega aos pés do time que tinha Mengálvio, Coutinho, Pepe, e um monstro incompreensível e inenarrável chamado Pelé.
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O Santos, portanto, merecia mais, mas muriceu o messacre.
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E vou terminando, antes que enfileire outra epifânica mediocridade linguística, e me iguale a um certo gênio de fora das quatro linhas...
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Leia aqui a segunda parte.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A CONSTRUÇÃO DO IMPOSSÍVEL


Em pouco mais de 24 horas o atual time do Santos enfrentará o jogo de sua vida: final do mundial de clubes contra o já mítico time do Barcelona. Todos os jogadores, comissão técnica e torcedores estão voltados para este confronto. Para dois indivíduos, no entanto, este embate é crucial.
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Para Neymar é a chance de provar que já é um world class. Que pode ser colocado no mesmo patamar de Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi – e hoje, pelo que está fazendo em campo pelo combalido time do Arsenal, Robin van Persie –.
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Para Muricy Ramalho, é a chance de mostrar que é um dos melhores técnicos do mundo. Ganhou 3 ligas nacionais – uma das top 5 da FIFA – seguidas, além de uma Copa Libertadores, a única competição com o mesmo nível – pelo menos de importância – da UEFA Champions League.
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Estranhamente, talvez aquilo que possa mais dar certo contra o futebol total catalão – herdado diretamente da dupla Michels-Cruyff pelo jovem Guardiola – é o anti-futebol do técnico santista, alcunhado tão oportunamente de Muricybol.
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Uma retranca fortíssima com o máximo possível de jogadores; saída em velocidade extrema nos contra-ataques; aposta na individualidade; chutões da defesa para o ataque atrás da ligação direta – na esperança que o centro-avante segure a bola na frente –; ênfase na bola parada. Esta é a receita do Muricybol, e talvez o que mais funcione contra o Barca. Sobretudo pela ausência de força física do time de Guardiola.
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Os bleugranas não são perfeitos, como muitos imaginam. A ausência de uma força física e potencial aéreo no time são notórios. Contudo, numa equipe tão talentosa e tão bem sincronizada, são prescindíveis. Mas foi na bola parada para a cabeçada do zagueiro Thiago Silva que o Milan empatou no primeiro jogo da Champions e quase repetiu a dose no jogo de volta. Este é o preço que o Barça paga para estar recheado de atletas extremamente habilidosos e rápidos. Quanto mais baixos os jogadores, mais hábeis são – tem tudo a ver com o centro de gravidade mais baixo –, quanto mais leves, mais rápidos. É uma soma básica. Raros são os Zidanes e os Ronaldos que conseguiam conciliar altura e força com habilidade.
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E uma coisa que o Santos tem é zagueiro alto. Outro somatório é um técnico especialista em preparar jogadas de bolas paradas – por muitas décadas no Brasil acreditava-se que treinador era pra orientar o posicionamento da defesa e inventar jogadas de bola parada, e deu seus resultados –.
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O contra-ataque em velocidade, contudo, é o item mais importante nesta receita. Foi assim que o Arsenal bateu o Barcelona no início do ano no Emirates Stadium. Foi somando uma defesa sólida, uma jogada de velocidade de Di Maria sobre Dani Alves com um conseqüente cruzamento perfeito para a cabeçada não menos perfeita de Ronaldo, que o Real Madrid bateu o Barcelona pelo título da Copa do Rei de Espanha.
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E o mais importante. NÃO HÁ JOGO DE VOLTA. O Arsenal até venceu em casa o Barça, mas como segurar o ímpeto do time azul-grená na volta? Não segurou. Jogo único. Se Muricy não levar gol, pode tentar ser campeão nos pênaltis. Os santistas seriam os mais felizes da Terra e o mundo ficaria um pouco mais triste, pois a covardia e o não futebol teria batido o que há de melhor no esporte.
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Só resta torcer para que SE o Santos vencer, seja – mesmo na receita de Muricy – no talento de Neymar. Ramalho sempre apostou nos embates individuais – Messi provavelmente terá DOIS MARCADORES INDIVIDUAIS, um volante, caso La Pulga desça para o meio-campo, e um zagueiro, quando estiver jogando de centro-avante –, que aposte também na individualidade de Ganso e Neymar sobre os seus adversários.