quinta-feira, 28 de novembro de 2019
SOB A LUZ
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
NECROPODERES
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
LIBERDADE NÃO ESTÁ NO MERCADO
domingo, 29 de setembro de 2019
MAIS UM DOS ESQUECIDOS
não mergulhe comigo nos
abismos
da tristeza
bem além destes caminhos
de solidão
e incertezas
nunca se jogue nas minhas claras
profundezas
nem queira explorar de mim
as belezas
à meia-noite estarei só
teu corpo, amor, ali deitado,
mas não estaremos perdidos
depois de desencontrados
não te carregarei por onde vou
não te deixarei mais minhas palavras
nem culpas pelo que não houve
quando deslizar por estes infernos
estarei só
como mais um dos esquecidos
dos caídos
perdidos
malditos
da jangada
do barqueiro
sábado, 28 de setembro de 2019
FUZIL DA POESIA
Voltamos a um tempo de fuzilar toda poesia
Neste tempo, para quê falar de sol
de manhãs
de adultérios?
Meninas são fuziladas pelo Estado
Neste tempo, para quê falar de festas
de danças
de bebidas?
Meninas são fuziladas pelo Estado
Neste tempo, para quê falar de olhos
de beijos
de abraços
de paixão?
Meninas são fuziladas pelo Estado
Neste tempo em que as armas são
os filhos
prediletos
de Mamon
Estamos, diariamente, fuzilando meninas
Ou ressuscitamos a poesia do fuzil
de amor e
de luta
Ou continuaremos, por omissão,
fuzilando meninas
em nome do Estado
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
PRECISO AFOGAR ESSA PAIXÃO
Preciso afogar essa paixão
ou em lágrimas
ou em sangue
ou em suor e saliva
Preciso me perder do meu desejo
e jamais encontrá-lo
nas tuas esquinas
nas tuas coxas
nas memórias minhas
Preciso me abandonar do teu corpo
fugir de meus suplícios
de minhas malícias
de teus indícios
Preciso afogar-me de ti
ou em ti
por mim
por nós
fugir
de tua voz
abandonar
os nus lençóis
prender
o meu desejo
Preciso afundar-me dessa paixão
sempre
sábado, 21 de setembro de 2019
QUANDO VOLTAR PARA CASA
quando você voltar pra casa
não precisa fazer silêncio
estarei dormindo
quando você voltar pra casa
não precisa esconder teus cheiros
apagar a luz
desviar dos móveis
estarei dormindo
não precisa se esconder
nem me contar fantasias
não precisa nem me ver
estarei dormindo
quando você voltar pra casa
apenas deite-se ao meu lado
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
MOFINO
nesta manhã, a morte me visitou
velha estranha e faminta amiga
no seu jogo eterno de se despedir
nesta tarde, eu me corto
procurando por uma rota reta
encho-me de cicatrizes tortas
nesta noite, dormirei com amante misteriosa
cujos segredos só se mostram no silêncio
e em meus medos fará amarga morada
amanhã, a maldita não me procurará
deixando-me nesta modorrenta monotonia
de procurá-la no temor de me descobrir
terça-feira, 17 de setembro de 2019
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
IMPULSO
resistir?
é para derrotados!
tu já me visse de joelhos?
só estou tomando impulso
impulso
tomando
estou
só
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
EU TE DEIXEI, SIM
Eu te deixei sim
Se não consegues amar
De novo não é por mim
Porém porquê tu és babaca
Eu te deixei sim
Fiz-me ser livre e feliz
Amores se vão enfim
Contigo, é porquê és babaca
Eu te deixei sim
Vou amando muito a muitos
Se negas ouvir assim
Meu nome é porquê és babaca
Eu te deixei sim
Se não sabes ser sozinho
Que tenho eu deste teu fim?
Tens culpa porquê és babaca
SETEMBRO
Descendo montanha russa com meus [demônios
Te vi lá
embaixo
Posso parecer frágil
Mas é só Setembro
eu aguento
Se a dor dos teus pulsos
não te deixar erguer
Me agarro contigo
Tomando amargo chá com meus demônios
Te vi lá
afogando
Posso parecer ébrio
Mas é só Setembro
sempre aguento
É apenas fel das mesmas manhãs mortas
é apenas o teu Setembro
a gente aguenta
juntos
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
DESPEDAÇADO
Sem forças eu me parto
Não há qualquer parte minha nas partes [sobrantes
Não há qualquer sobra para onde parto
Partido fraco fico
Arrisco meu pouco por toda a parte
Desiludido em tudo por onde fico
Se soçobro ou desanimo
se sou repasto ou desalinho
Sobro em pedaços dos desamigos
Sem forças me refaço
Mesmo a cada caco que tenho achado pelo [caminho
Sem forças me reparto
É o que vês aí distribuído
Nesses versos em descaminho
Nesses carinhos bem despedaçados
VEJO FLORES
Quando eu vejo flores
às vezes fico esquecido
pensando lesos amores
há muito adormecidos
Enquanto vejo flores
fico andando distraído
meu peito tem morrido
em ilusões anteriores
Quando vejo teus olhos
fico apenas partido
todas as pétalas que desfolho
foram os teus sorrisos
domingo, 1 de setembro de 2019
SONETO
Não poderá dizer que sabe a vida:
Quem não provou o sabor da macambira
Ou o bruto fruto duma dura lida
Sem conhecer da faca que bem fira
Sem entender a luta que defina
Sem suar a labuta que transpira
Quem de verdade vive nesta sina
De continuar sempre em mesma trilha
Do cansaço que nunca que termina
Quem jamais congregou duma partilha
Nem pode imaginar a dor infinda
De perder a presença duma filha
Só quem pelejou pode ver ainda
Com visão limpa como a vida é linda!
sábado, 31 de agosto de 2019
A LIBERDADE É GRATUITA
É gratuita a Liberdade
Porém dinheiro é prisão
As águas o ar a amizade
As matas têm gratuidade,
Mas Mercadoria, não
Vende o corpo por salário
Pra poder comprar a vida
Este método arbitrário
É cruel e autoritário,
Mas Mercado é sem saída
O medo nos paralisa
Na ausência de consciência
Trabalho nos humaniza,
Mas o Mercado escraviza
Comprando a nossa vivência
A gente só muda o mundo
Quando se transforma a gente
Não se vê porque profundo,
Mas o Mercado é, no fundo,
Gaiola de aço pra mente
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
SAMBA-SONETO
Não vou pedir pra você ficar
Na estrada é melhor de caminhar
No coração a gente não manda
Inda mais quando o passo é demanda
E a rua está sempre a nos chamar
O teu rosto viu a cor da brisa
Reflita no azul que não se pisa
O querer de voar te comanda
Não tem rastro quem veloz se manda
Nem vestígio deixa na camisa
Só é pura a pista quando se anda
Mas é vil o ferro da gaiola
E cruel ter ternura tão branda.
Te dou amor, mas não peço esmola!
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
MARGARIDAS
A estrada nos traz feridas
Mas faz mudar nossas vidas.
Marcham muitas flores e anjas:
Quem nasce pra ser laranjas
Jamais será Margaridas!
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
CONTINENTE
Vou maratonar por teus morros e trilhas
Tocar pelos teus montes e matas
Errar por tuas praias e tuas águas
Navegar nu por teus límpidos rios
Por teus vales e depressões paradisíacos
Percorro portos e estradas tão seguras
Viajo nas tuas imperfeições maduras
E pelos teus magníficos precipícios
E ao saciar-me de teu continente
Peregrino fugirei para outras partes
Esquecer-me triste noutras artes
Até encontrar-me de volta feito penitente
SONETO
E todo o teu poder virará pó
D'ouro se desmanchando no chão!
Tens muito dele, mas lutarás só!
Fardados fuzis por ti marcharão;
Narrativas da mídia as consciências
Como mercadorias venderão;
Os doutores da Igreja e das ciências,
E as frias leis do Estado são por ti,
Pois possuis toda a força e violências.
Findará a paciência dos daqui,
Cansados de apanhar, da fome ingrata,
Vender trabalho sem jamais sorrir.
Verás um dia o Morro igual cascata
Quando a Terra em resíduo for tornada.
DE MÁRTIRES E TIGRES
Socialismo ou barbárie
Do Fascismo. Quando a crise
Embrutecer, nos avise:
Não seremos vossos mártires,
Pois saberemos ser tigres!
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
DESASSOMBRADO - Parte 5 - Final
1: E como das provas de sua ligação, por assim dizer, “telúrica” com o seu patrimônio, fez-se mister transportarmos alguns tijolos do porão onde atentou contra a sua propriedade primeira.
DESASSOMBRADO - Parte 4
DESASSOMBRADO - Parte 3
DESASSOMBRADO - Parte 2
DESASSOMBRADO - Parte 1
sábado, 29 de junho de 2019
PARAÍSO DO TEU CORPO
Deita aqui na minha rede
Para eu matar nossa sede.
Não terás gota de sono,
E, ao fim, tombarás caída
Com o corpo, desfalecida,
Qual caem folhas no Outono.
Vem deitar aqui ao meu lado.
Meu corpo ao teu grudado
Apagará tua mente;
Nunca mais terás certeza,
Nem dúvida, nem clareza,
Seremos amor somente.
Pela manhã, tu sem mim,
Estarás perdida, sim:
Nunca acharás outro pouso.
E não terás mais conforto
Se distante do meu corpo,
Paraíso do teu gozo.
segunda-feira, 24 de junho de 2019
ESCUSAS, MEU BEM LORPA
Escusas, meu caro amado
Por tu teres descoberto que te traía
Perdoe-me todas as tontices tuas
Que nem sei se me dava conta
Que nem me dava conta se sabias
Que é tudo mentira e fingimento
De quem me expõe e me revela
Por tanto defender-me,
Por tanto vangloriar-me,
Por tanta paixão
Que a outro amado jamais zombei,
Jamais acredite
Nas minhas palavras que
Escutas, jamais finja as verdades que não
Acusas, jamais esqueça estas
Excusas que de tanto amor te envio
segunda-feira, 10 de junho de 2019
A UM TOQUE POR VEZ
Estou te perdendo a um toque por vez
Nos afastamos a um passo por mês
Nos perdemos por olhares através
Deixando suores nos lençóis dos motéis
Esquecemos nossos beijos sob o céu
Rompendo roupas como se fossem véus
E tu te vais, sem causa, toda ao léu,
No mesmo sonho do qual sempre fui fiel
Não esqueci donde viemos
Mas não nos prometemos o que hoje temos
O teu caminho foi se fazendo
E a um toque por vez, acabo te prendendo
sexta-feira, 29 de março de 2019
IMPRESSÕES RETALHADAS
sexta-feira, 22 de março de 2019
SONETO
Vês: Moisés era preto, mas Maomé também.
Diz: Jesus era preto e Sidarta também.
Qual a cor do coração dos que dizem amém;
Que cor têm nossas almas quando vão pro além?
Até Machado: preto, gago e favelado;
Todas palavras sábias: elas que cor têm?
Que cortem nossas almas com ódio amolado;
Desidratem as belas vozes da favela
Com as afiadas facas do Patriarcado!
Martin, Malcolm, Mahatma, Mahin, Mandela:
Mortes, prisões, torturas, silêncios nos guetos;
Sir Morien, Dandara, Yas(u)ke, Mariguela;
Xangô, Oxóssi, Zumbi, os Severos, os sem tetos:
São todos nossos nomes, Força e Fé dos povos pretos!
quinta-feira, 21 de março de 2019
O MANIFESTO DO CAMINHONEIRO
Um caminhoneiro
Parado de greve.
NO NAZISMO, IRMÃO,
E TEREI RAZÃO!"
Ficou indignado!
Não que moralmente
Fosse ele contrário
Ao Nazismo em si,
Mas, ele, afastado
Quer manter o Estado
De suas empresas.
Pela discrição,
Força Militar
Para Intervenção,
Que sentava o pau
No povo bandido,
Mas não se metia
Na economia:
Era Liberal.
Afirma o Patrão,
A TV confirma,
O caminhoneiro
Nos dois acredita
E espalha geral:
Tinha. Também nada
Desse feminismo
Que é uma doença
(Todo mundo sabe)!
E sem corrupção
(Que militar é
Limpo e general
Sempre morre pobre,
Seus filhos também)!
Quer é desviar
A boa conduta
Das nossas crianças,
Na Escola ensinando,
Nesses tais 'museus',
Na novela em casa,
Essas safadezas todas
(Só bala na causa)!"
MAS TORTURA, NÃO!"
terça-feira, 19 de março de 2019
RESILIÊNCIA
sábado, 9 de março de 2019
PRIVATIZAÇÃO (Crônica-Alegoria)
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
ÀS VEZES SÓ SOMEM
Eu sou só
dialogando com este caderno vazio
que boca dura!
que brancura pesada!
que palavras transparentes!
Mas não me dizem nada
estas fúrias tão invisíveis
"Nenhum dos três temos culpa"
Quem teria?
Elas não têm dono
não devem obediência
não fazem juízo
Às vezes elas só somem
O MEU POVO
O meu povo
os olhos tristes do meu povo
sem trabalho
sem cultura
sem educação
O meu povo
o espírito triste do meu povo
que eu encontro pelas calçadas
que eu encontro pelas sarjetas
que eu encontro pelas esmolas nossas de cada dia
do subemprego
da fome adiada
da vergonha degustada
O meu povo
minha carne
minha língua
minha falta
O meu povo
que, para além da extensão de mim,
é o todo
do qual faço parte
sou
O meu povo
quando sofre é
O meu corpo
com fome e fé
quando morre
cada menino preto para o Mercado (de) Negro
quando viola
cada menina pobre para a "vida"
quando cobre
cada pessoa de vergonha pelo pão
O meu povo
sou eu quem me humilha