Ele que é mais sábio do que o vento
mas mais doce do que as vagas
volta
para meu lado
fica
o tempo necessário para ser inesquecível
Não me transponho a si
Ele não atravessa a mim
Não me desvendo o meu corpo
Ele não cobre o meu copro
e neste jogo de brisas e ondas
permanecemos nos reencontrando
porque Eu sou o Mar
Rainha de muitos
quarta-feira, 30 de maio de 2018
sexta-feira, 25 de maio de 2018
CON-SENTIMENTO
deixe-me
morder teus beiços
lamber teus lábios
chupar tua língua
eu estou tão faminto de ti
fome sem fastio
sem limites
sem satisfação
mas se dizes não,
sem tua permissão,
deito-me e faço-me chão,
desapareço na escuridão,
como-me e morro
de tua inanição
morder teus beiços
lamber teus lábios
chupar tua língua
eu estou tão faminto de ti
fome sem fastio
sem limites
sem satisfação
mas se dizes não,
sem tua permissão,
deito-me e faço-me chão,
desapareço na escuridão,
como-me e morro
de tua inanição
AFETOS
Se, numa emoção, teu pelo se arrepia,
Ou se um sorriso se arredia
Por uma lágrima indecente,
Aceita que o corpo é quem manda na mente
Se tu procuras por conforto
Só podes achar dentro do teu bom corpo
A Verdade que dos fatos não tem vetos
É esta verdade dos afetos
Ou se um sorriso se arredia
Por uma lágrima indecente,
Aceita que o corpo é quem manda na mente
Se tu procuras por conforto
Só podes achar dentro do teu bom corpo
A Verdade que dos fatos não tem vetos
É esta verdade dos afetos
domingo, 13 de maio de 2018
PORTO PEREGRINO
Como flutuar
sendo sólido
num mundo líquido?
encho-me de ar
mudo de forma
deságuo
desabo
desisto
volto à tona
Como,
num mundo líquido,
flutuar
sendo sólido?
o poeta perdido
o barco desgovernado
o pé sem peso
Ser tábua
para pés alheios
sem fundamento
mas porto peregrino
sendo sólido
num mundo líquido?
encho-me de ar
mudo de forma
deságuo
desabo
desisto
volto à tona
Como,
num mundo líquido,
flutuar
sendo sólido?
o poeta perdido
o barco desgovernado
o pé sem peso
Ser tábua
para pés alheios
sem fundamento
mas porto peregrino
terça-feira, 8 de maio de 2018
A CARNE DE ELZA SOARES
A voz de Elza Soares é como o metal que tine, ataca os tímpanos a fim de despedaçá-lo num ato perfeito como cristais que vibram.
Sua voz é cheia, elétrica e poderosa como uma motosserra, como uma microfonia afinada.
Há algo mais que técnica e potência, há algo mais que emoção, profunda brasilidade: a alma atormentada de uma negra, pobre, favelada que se contorce como um fantasma em pena eterna.
A voz de Elza é um arco voltaico, relâmpago, suor de corpos. É poder em estado bruto. Sua voz escutamos com a pele, como estática no ar, sentimos como um raio: lampejo e trovejada.
Potência, técnica, emoção: uma voz saída do "Planeta Fome" na forma de Estrela. A voz de Elza Soares é raiva pura.
https://www.youtube.com/watch?v=1YmBHAu-oeg
Assinar:
Postagens (Atom)