segunda-feira, 28 de março de 2011

NOVA FASE, NOVA VIDA, NOVO BOTAFOGO?

Finalmente Joel Natalino Santana deixou o BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS depois de cerca de 14 meses no comando do time. Fez um ótimo trabalho muito criticado por mim. Boleiro nato, ajeita bem as equipes, mas seu trabalho é sempre de curto prazo: suas equipes aparecem rapidamente azeitadas e posicionadas, com um padrão bem definido. E aí mora a sua maior virtude e o seu maior defeito. Ele não muda. Precisa perder pelo menos dois jogos seguidos para fazer qualquer mudança pontual na sua equipe. Desta forma, todos os seus times transformam-se, com o tempo, em presas fáceis de técnicos estudiosos, que preparam armadilhas simples, que desmontam as suas armações – como a modificação do posicionamento dos volantes do losango armado por Gomes no time cruz-maltino, no último clássico, que desmanchou completamente o losango de Joel, tudo porque sabemos que Natalino arma marcações individuais, não por zona ou pressão –. Todavia o maior problema de Joel sempre foi estratégico, arma o time sempre atrás, esperando para o contra-golpe, enquanto estuda durante todo o primeiro tempo como joga o adversário para pegá-lo na segunda metade do jogo. Muitas vezes acontecia de simplesmente os rivais terem um Plano B, justamente para quando Joel ADAPTAR seu time ao padrão de jogo contrário, desmontarem aquilo que Joel levara de 50 minutos a uma hora para fazer.
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Mas Joel levanta a moral da equipe, impõe disciplina e tem resultados rápidos. Vistos tudo isso a olho nu, não resta dúvida que é um grande técnico, mas, como ressaltei acima, de trabalhos curtos. Com o tempo a sua equipe parece mal-treinada, mecanizada num mesmo estilo, sem variações ou opções: travada. Sempre jogam igual – estrategicamente – tanto no 3-4-1-2 como no 4-3-1-2: recuada, esperando o adversário para o contra-golpe, parecendo um time pequeno, mesmo quando enfrenta minúsculos clubes brasileiros. Joel cobrava atitude ofensiva de seus comandados, mas como ter esta atitude se treinaram para recuar? Natalino botava o time para frente, mas em números, não com estratégia! Santana exigia pontos – não vitórias, o que demanda bom desempenho, mas pontos, os resultados frios que anotamos em tabelas –, mas se contentava com empates.
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A contundente prova disso tudo que afirmei acima ocorreu no jogo de ontem (26/03/11), com um técnico interino e TREINADOR DE GOLEIROS. O mesmíssimo esquema (4-3-1-2, com volante-zagueiro que “senta” na frente da defesa liberando os laterais, na prática um 3-4-1-2), os mesmíssimos jogadores no time misto: na parte defensiva a única mudança que realmente ocorreu foi entre Jéfferson – defendendo a seleção brasileira – e Renan (1), Alessandro (2) – no lugar de Lucas, machucado –, Fahel (5) – no lugar de Rodrigo Mancha, suspenso –, e Marcelo Mattos (8) – no lugar de Arévalo Rios, na seleção uruguaia –, sempre foram titulares até há bem pouco tempo atrás, aliás, Marcelo Mattos é titular absoluto, capitão da equipe e uma quase unanimidade entre a torcida. Na frente sim, houve mudanças: Caio (9) – no lugar de Herrera, suspenso –, Fabrício (10) – no lugar de Éverton, suspenso –, e William (11) – no lugar de Loco Abreu, seleção uruguaia –, embora Caio Canedo seja praticamente titular da equipe. (Completaram o time titular: Antônio Carlos (3), Márcio Rosário (4), Márcio Azevedo (6), Somália (7)).
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A diferença entre os times de Joel e o de ontem foi outra: estratégica; mesmo sem ter treinado a equipe, o time jogou diferente, para cima, atacando sempre, sendo pouco ofendida – apenas entre os 30 e 40 minutos do segundo tempo! –. Entre os 29 e 31 minutos do primeiro tempo, o BFR teve um momento de Barcelona, rodando a bola com extrema eficiência, tocando passes em um ou dois toques, da extrema direita para o meio, e daí para a esquerda, até entrar na área para uma má conclusão. E olhe a diferença entre peças entre os dois times. O time fez pressing alto, comandou a partida, fez valer o peso da camisa, mesmo contra um Boa Vista que ganhou do cruz-maltino, eliminou os tricolores das Laranjeiras, e só perderam para os rubro-negros numa cobrança de falta de exceção de Ronaldo Assis.
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A ausência de um criador ainda fazia-se sentir, se o Éverton não é um enganche clássico – é um winger (extremo) esquerdo –, ele é muito mais eficiente do que o Fabrício, muito mal a péssimo ontem, sobretudo quando Éverton sai do meio e vai para as pontas, de onde seus cruzamentos renderam dois gols. Fabrício não conseguia driblar, nem correr, nem o que era o principal: passar. E ficou pior depois das mudanças, com Somália jogado para a ponta-de-lança.
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Porém quem mais fez falta foi Abreu. Muitas bolas cruzadas para nenhum atacante de área, William até passou perto da bola muitas vezes, mas não alcançava. Caio teve três chances claras. A primeira numa enfiada de Mattos, que o zagueiro impediu o gol do 9. A segunda num lançamento de Somália, nas costas dos zagueiros – bola que o “lento” Abreu recebeu três só este ano e, na arrancada desde o meio de campo, matou as três, e no ano passado lembro de pelo menos dois lances idênticos num mesmo jogo, em que El 13 deu uma assistência para Edno e fez o segundo de cavadinha –, correu, avançou, mas de frente a área, ao invés de tentar forçar a entrada em linha reta e bater ao gol, driblou um zagueiro – e não chutou –, driblou outro zagueiro – e não chutou –, driblou um terceiro zagueiro e chutou, a bola bateu em mais um defensor e saiu. A terceira numa sobra de escanteio, frente a frente com o goleiro, matou no peito e chutou para cima por causa da pressão do goleiro – era mais fácil meter a cabeça logo na bola e matar o goleiro no contrapé –. Mas o pior foi o lance de William, que recebeu enfiada bola, com tranquilidade e instinto de matador deixou um zagueiro no chão e parou porque o árbitro apitou impedimento mal-assinalado.
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Não é pouca coisa a falta que faz Sebastian Abreu, gênio ou craque não é, mas é matador, aquele que assusta qualquer zaga, que joga muito sem fazer nada, só puxando a defesa e abrindo espaços – você, como técnico, deixaria um Abreu sozinho dentro da área ou colocaria pelo menos um defensor em cima dele? –. Uma conta rápida de cabeça: São 7 jogos da Taça Guanabara (TG), mais 1 de semi-final. Com o jogo de ontem foram 5 jogos da Taça Rio (TR). Ao todo o BFR jogou 13 vezes no Campeonato Carioca 2011 (CC-11). Destes jogos pelo menos 1 jogo o Abreu não jogou lesionado, outro não jogou suspenso, e este último não jogou porque foi convocado para a seleção. Tradução, o vice-artilheiro do cariocão tem 8 gols em 10 jogos (média de 0,8, isto é, é quase certo que ele fará um gol no seu time). Além dele já ter feito gols nos dois turnos, Fred, o artilheiro até este momento, só fez gol na TG. Há jogadores que se destacam pela qualidade de jogo, às vezes os seus números não condizem com a realidade – não fazem gols, não dão assistência –, mas vê-se o bom desempenho – como, no Botafogo, são os casos de Marcelo Mattos, Bruno Tiago entre outros –, e há aqueles cuja eficiência ululam nas estatísticas, se Loco Abreu fosse um motor, seria dos melhores, 80% de eficiência.

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