segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O QUE SOBRA


Sei que todas flores saem pra passear:
ficam sentadas como pedras à beira-mar.
Sei que todos Solstícios são só de Setembro
Sei também que saudades são só o que me lembro
Sei que todas vontades se são de mentiras
que todos corações se fazem fáceis miras.
Sei que esqueço o que tento lembrar e por sorte
sei que sobra esse fútil querer de não-morte.

Um comentário:

  1. Caramba, olho este poema e vejo o meu passado!

    este ano a limpeza de ano novo foi a mais brutal e avassaladora da minha vida. LPs, isso mesmo, eu ainda guardava LPs, jogados fora.

    os cadernos do ensino médio e da universidade ainda guardados: jogados foras.

    ali encontrei esta pérola, deve ter pelo menos uma década de existência, consigo ver marcas de eu menino mexendo nele!!!

    o trabalho melopaico dele (aliterações e assonâncias) estava perto da perfeição, mas a métrica de 7 dos 8 versos estavam errados - e hoje em dia eu não faria mais rimas encadeadas assim, não -.

    A correção de 5 foi fácil, foi só tirar um "e" (2º e 6º versos) aqui, reduzir um "para" para "pra" ali, e coisas do gênero.

    o mais difícil foi o último verso. O original errado estava mais bonito, mas tava errado, com 14 sílabas e o acento na 9º sílaba: mais errado impossível!!

    Pode parecer frescura, trocar um verso mais bonito por um mais feio só pela métrica. Só que aí quebrava o conjunto harmônico.

    Poesia é como futebol ou como basquete: É melhor ser bonito no todo e coletivo do que na individualidade. É mais eficiente.

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