domingo, 22 de junho de 2014

UM OLHAR DE JAGUAR, ou o que Messi viu?

O cronômetro marca 90'.

A bola vem a Messi, ele olha para a meta uma, duas, a bola chega, ele olha três. O que vou Messi?

A Pulga corta da direita para a esquerda, um toque na bola, dois toques, fica o marcador para trás, no terceiro a pelota voa, faz uma curva e mata o goleiro. Entre Messi e rede encastelam-se onze defensores. Todos estacionados como duas muralhas vermelhas.

Quatro companheiros marcados, onze defensores batidos num movimento insinuante. O que Messi viu?

Ele olhou os companheiros antecipando uma tentativa de passe penetrante? Ele olhou a posição dos defensores para tentar infiltrar na base do drible? Ele olhou o goleiro para ver se o local para onde sempre chuta (a parede destra da baliza) estava livre? Ou ele viu tudo isso ao mesmo tempo construindo um mapa mental e deixando o instinto resolver antes dos acontecimentos, na certeza de que conseguiria executar o impossível?

Mas a pergunta central é: por que agora? O que viu Messi DESTA VEZ que o levou ao lance supremo, magistral? Foi o desespero dos últimos segundos? 

Messi tivera, pelo menos, mais duas oportunidades como esta durante do jogo, de trazer da ponta pro centro, ficando perpendicular ao gol para bater de esquerda e refugou, tentou o passe, ora mais incisivo, ora lateral. 

O que viu desta vez que não vira das outras vezes? O que havia de diferente na sua frente para tentar o seu lance mais característico das outras chances que teve? Ou foi apenas o desespero que ativou a genialidade?

Ficam minhas dúvidas para os analistas de vídeo que um dia encontrarão (talvez não) as nuances que só os olhos de Messi puderam ver naquele quase segundo em que ele olhou três vezes, deu três toques e marcou seu terceiro gol em Copa do Mundo.

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