sábado, 20 de maio de 2023

QUANDO ME VISTO DE SOL

Quando me visto de Sol
refugiando em minhas roupas
secas horas dispersas me avisam
que estou sentenciado.

Todos estão sentenciados
a quê, meu Deus?
A viver às vezes uma vida
que de vida se esquece.
A viver às vezes esquecido
da própria roupa de Sol.

Se sou Sol? Sou o seu brilho,
sou seu raio, sou luz,
sou refúgio seu,
Sol é sol, mais que sol,
olhos dos esquecidos
do próprio brilho
estou, estamos todos, refugiados
de uma vida que de vida
se esquece de tão luminosa.

Sou luz? Não, sou Sol.
Mais que sol,
sou uma pessoa dentro
de uma roupa de sol
esquecendo às vezes
que viver é às vezes
fingir que não se é Sol.


2016

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