terça-feira, 24 de setembro de 2024

VOLTAS

O bode doce miou
Num canto torto da sala
Em seus cem sonhos sem cor
Sob o sovaco uma mala

Para longe o bode santo
Se admirou e cresceu
Dançando forró mais eu
Na espia do torto canto

Cem dias em cem novelas
Um novelo de lã pelas
Esquinas do meu sovaco
Fiou o bode doce e opaco

Com o Mal, eu cortei meu vínculo
Ficou o bode doce e santo
Aqui quase tudo é símbolo 
Feliz danço doido e canto

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

SONETO

A lágrima é a alma liquefeita
Que embora tendo sombra e brilho
Transparente é em sua perfeita
         Forma. E quando cai por seu trilho
         De alegria rica ou tristeza
         Doente, explode -> grão de milho <-
Em toda sua flor-branqueza.
Lágrima é a alma que se derrama
Às vezes leve, e na aspereza
         Também: flor de fogo sem flama -
         Que se desfaz salgando a boca
         Tal se limpa poço de lama.
Lama e alma: cai no céu e toca
O rosto em sua fuga pouca.