quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A QUEDA TÁTICA E ESTRATÉGICA DE JOEL NO COMANDO DO BFR

Averiguando o que houve com o time do BOTAFOGO no último mês de setembro, entre o período de lesão de Marcelo Mattos, na última vitória alvinegra por 2x0 sobre o tricolor paulista até o seu retorno – ainda fora de forma – no empate sem gols contra o tricolor carioca; fui obrigado a perceber um retrocesso tático no time de Joel se comparado ao mesmíssimo time que fora campeão carioca neste ano.
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O primeiro retrocesso ocorreu justamente durante a parada para a copa do mundo da FIFA da África do Sul. Para não desfazer o 3-4-1-2 de seu coração, Joel desistiu do esquema 4-2-4 que adotava no 2º tempo do carioca. Assim, Alessandro (2) fica fixo como um 3º zagueiro, adianta-se o volante-zagueiro da vez para a linha de meio de campo, e transforma o Caio num ala. Caio não tem cacoete para servir de ala, de defensor, ele é um ponta puro, clássico, no máximo um winger como sir Alex Fergusson utiliza no Manchester United. O resultado é claro: em 30 rodadas, um dos jogadores que mais entraram em campo, não fez nenhum gol, assim como a maioria dos defensores do time.
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Esquema base de Joel no 1º tempo de TODOS OS JOGOS do carioca (3-4-1-2):
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2----------5------------7----------6
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Onde: JEFFERSON (1); ANTÔNIO CARLOS (3), FÁBIO FERREIRA (4), FAHEL (8); ALESSANDRO (2), LEANDRO GUERREIRO (5), SOMÁLIA (7), MARCELO CORDEIRO (6), LÚCIO FLÁVIO (10); HERRERA (17), LOCO ABREU (13).
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Esquema base de Joel no 2º tempo dos jogos do carioca (4-2-4):
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------------3-------------4----------
2-----------------------------------6
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9------------------17------------11
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Onde: CAIO (9), EDNO (11).
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No 4-2-4 carioca, Herrera se movimenta como um ponta de lança clássico, partindo de trás para atacar em velocidade, e servindo de “garçom”; Edno e Caio indo pelas pontas até a linha de fundo; todos os três buscando a tabela ou a assistência ao Loco Abreu, sempre ótimo pivô, com os laterais chegando também para apoiar, e defendendo em duas linhas de 4, bem ao estilo inglês de Fergusson e dos seus Red Devils, este time sim, chegava a encantar, com velocidade, agressividade, e penetrações.
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Durante a parada da copa, chegaram dois ÓTIMOS reforços para Joel, JOBSON (9) e MAICOSUEL (7), além do inesperado e MARAVILHOSO Marcelo Mattos (8). O time tinha tudo para voar, num provável 4-2-3-1, mais do que imaginável neste esquema, mas Joel manteve a mentalidade, e como já discutimos, conseguiu um jeito de “destruir” o futebol do menino de aço, Caio.
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O segundo grande erro de Joel foi repensar o time SEM LOCO ABREU, foi nítido durante o retorno do uruguaio o quanto ele foi deixado de lado, tempo demais para uma simples recuperação física de alguém que acabara de disputar uma copa do mundo. O time estava rápido, incisivo, mas faltava referência na área; os dois pontas do time procuravam sempre o cruzamento para o centro vazio; Maicosuel chegava, mas faltava o pivô para a ultrapassagem. Mesmo assim, o time voava, fazia muitos gols com o poder ofensivo de Jobson – o time chegou a fazer 10 gols em 4 jogos. Logo após parou, o time começou a fazer apenas 1 gol por jogo, sem o Marcelo Mattos o time começou a levar também, e Loco Abreu se firmou como titular no time, enquanto o salvava de derrotas certas.
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A presença do 13 traz um outro problema tático: num 3-5-2, joga-se com 3 zagueiros para os alas terem liberdade total de apoiar e atacar, o que não ocorre no Botafogo: Alessandro não apóia nunca e Marcelo Cordeiro não chega a linha de fundo, além de dever um bom cruzamento, pelo menos um decente, há mais de dois meses. As jogadas de fundo são feitas apenas por Jobson, e quando estão em bons dias, por Caio e Edno – todavia o único que soube botar bolas na cabeça do uruguaio foi o argentino Herrera, provando que há uma ótima química entre eles.
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Time do retorno da copa, 1º tempo (3-4-1-2):
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--------3--------------------4-------
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2----------8------------10----------6
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Onde: JEFFERSON (1); ANTÔNIO CARLOS (3), FÁBIO FERREIRA (4), LEANDRO GUERREIRO (5); ALESSANDRO (2), SOMÁLIA (10), MAICOSUEL (7), MARCELO MATTOS (8), MARCELO CORDEIRO (6); HERRERA (17), JOBSON (9).
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No 2º tempo, o que variava era quem saía para a entrada de Caio (18) e Edno (11). Normalmente saía um volante, Marcelo Mattos ou Somália, e um da frente, ou Herrera ou Maicosuel. Criava-se um problema tático enorme, quem centralizava em busca da área: Edno ou Herrera? Quem apoiava pela ponta esquerda: Edno ou Herrera? Quem criava: Edno ou Herrera? O time passou a ter um problema crônico na frente, sem homem de referência na área, porém com três, até quatro atacantes em campo, era necessário uma definição maior de quem fazia o quê na frente.
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-------2------------3----------4------
------------5--------------8---------6
18----------------10-----------------
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O time ideal talvez para a felicidade de Joel, após a séria lesão do Mago, seria próximo daquele que venceu o São Paulo:
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-------3----------------4-----------
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2-----------8----------10--------6
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--9--------------13---------------
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Onde: JEFFERSON (1); ANTÔNIO CARLOS (3), FÁBIO FERREIRA (4), LEANDRO GUERREIRO (5); ALESSANDRO (2), SOMÁLIA (7), LÚCIO FLÁVIO (10), MARCELO MATTOS (8), MARCELO CORDEIRO (6); LOCO ABREU (13), JOBSON (9).
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Joel não promove nenhuma mudança tática no time, conhecidíssimo pelos adversários. O problema no entanto, não é ter um time conhecido, mas ter um time incapaz de se impor, de impor seu modo de jogo.
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O pior são as mudanças de 2º tempo de Joel, que não são feitas para mudar o panorama do jogo, mas para botar os seus dois “queridos” em campo: Edno e Caio. Ele – Joel – não é movido por nenhuma necessidade tática, para abrir o adversário, para tentar destruir a defesa oposta, ou para manter o resultado conseguido em campo, mas apenas para pôr os seus 13 titulares. Esse sim, ao meu ver, é o maior problema tático de Joel.
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Para piorar a situação e opções táticas do técnico, o elenco deste ano perdeu 2 peças importantíssimas: Fábio Ferreira, o líder de desarmes do time e uma das seguranças pelo alto na defesa, e Maiocosuel, importantíssimo na defesa – era o 2º roubador de bola do time, atrás do próprio Fábio, e o maior desarmador entre os homens de frente do brasileirão –, e que podia ser, taticamente, tanto um ponta-de-lança quanto um enganche, e de grande qualidade técnica e muita velocidade. Sem contar com o variável Herrera que arrasava em 1 jogo e passava 3 jogando muito ruim.
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Eu montaria o time, segundo as preferências de Joel, assim – já levando em conta a ausência de Antônio Carlos por 3 semanas –:
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-----------3----------------4----------
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2-------------8-----------7----------6
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Basicamente, apenas trocando Lúcio Flávio por Renato Cajá.
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O meu time, neste momento, no entanto, seria um 4-3-1-2, taticamente, recuava Alessandro e Marcelo Cordeiro para a linha de defesa, e avançado Leandro Guerreiro para o meio campo, mudava o time inteiro, simplesmente sem mudar nada:
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2----------3------------4-----------6
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------------8------------7-----------
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--9---------------13----------------
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Onde: JEFFERSON (1); ALESSANDRO (2), DANNY MORAES (3), MÁRCIO ROSÁRIO (4), MARCELO CORDEIRO (6); LEANDRO GUERREIRO (5), SOMÁLIA (7), RENATO CAJÁ (10), MARCELO MATTOS (8); LOCO ABREU (13), JOBSON (9).
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Pensando nas opções do time – doravante sem mexer mais nos números dos jogadores –: CAIO (18), EDNO (11), TÚLIO SOUZA (15), FAHEL (14), LÚCIO FLÁVIO (19); o time acima poderia ser modificado de várias maneiras:
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1. Saída de um dos meia-volantes (8 ou 7) do losango para a entrada de um dos pontas (18 ou 11), do mesmo lado do volante que saiu; com isso o time passaria de 4-3-1-2 para 4-2-3-1. Essa mudança se daria numa necessidade de abrir o time e jogar mais pelas pontas, principalmente porque Jobson joga afunilando, fazendo o “facão”, e tanto Edno quanto Caio podem fazer a linha de fundo por um dos dois lados – lado no qual o adversário mostrasse mais deficiência técnica.
2. Troca de Loco Abreu por um atacante de velocidade, perdendo a referência na frente, mas aumentando a velocidade e uma movimentação constante. O time perderia o definidor, aquele cara que poderia matar o jogo num lance aos 47 do 2º tempo – como já fez algumas vezes nesse campeonato –, mas deixava um time muito difícil de marcar. O time permaneceria no papel no 4-3-1-2.
3. Saída de Renato por um ponta, abrindo o time, mantendo a pegada. Sem criação, o escrete dependeria da velociade de Jobson, e das jogadas aérias com o Loco Abreu – na verdade o time já se encontra assim, mas não de forma pensada, e sim por inépcia de algumas peças titulares –. O time sairia do 4-3-1-2 para o 4-3-2-1. Os volantes pelos lados teriam que sair mais ainda para o jogo.
4. Contra um time totalmente fechado na retranca, não se faz necessário 3 volantes, assim poder-se-ia trocar 1 deles por 1 armador e outro por 1 ponta, abrindo o time, num 4-3-3 clássico dos anos 70, com 2 meias, ao invés dos 2 volantes que se vê hoje em dia. Joel poderia escolher entre Marcelo Mattos e Leandro Guerreiro para ficar como volante fixo, com Renato mais atrás e Lúcio mais próximo do gol, permitindo que o 19 possa trabalhar como kicker, já que haveria pouca agressão do adversário.
5. A última opção, com o time perdendo, lançar mão do 4-2-4 usado no campeonato carioca, que deu certo lá e pode ainda dar certo em qualquer momento, principalmente pela grande posse de bola e agressividade do time, diminuindo o perigo adversário, que ficaria obrigado a pensar mais em defender do que atacar. Com isso, sairia Somália e Renato, deixando os dois volantes mais defensivos em campo (5 e 8), para a entrada de Caio e Edno, este último fazendo a função de ponta-de-lança que era de Herrera no início do ano, com o 9 bem aberto pela esquerda e o 18 aberto pela direita.
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Desta forma, sim, as mexidas de 2º tempo surtiriam efeito, mudando o panorama do jogo de acordo COM O ADVERSÁRIO, podendo fazer um “nó tático” nos mesmos, que teriam que se preparar para jogar contra 6 times diferentes. É aí que se vê a qualidade de um treinador: a sua forma de ler o jogo e mudá-lo com uma ordem tática ou uma mexida simples do banco. TODAS ESTAS MUDANÇAS devem ser treinadas constantemente, não adianta testar em campo, o jogador, como todo ser humano, tende a repetir o que treina.
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É uma mudança simples que eu proponho, Joel fez Marcelo Cordeiro começar a defender, mostrando-lhe o banco e Somália com o 6 nas costas, porque não conseguiria fazer o time jogar um pouco mais para frente?
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Fica, então, o meu mote, que por algum tempo não usei: No futebol, ganha quem faz mais gols, quem não leva SÓ EMPATA...

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