quinta-feira, 13 de outubro de 2011

CORÍNTHIANS 0 X BOTAFOGO 2: PRIMEIRO TEMPO, FUTEBOL DE CAMPEÃO; SEGUNDO TEMPO, DEFESA DE CAMPEÃO

Como os amigos sabem estou "de férias" um pouco do blog em virtude de estar preparando/terminando meu projeto de doutorado, porém ao assistir ao jogo desta quarta-feira entre Corínthians e Botafogo, senti-me impelido ao registro rápido do jogo.
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Primeiro devo salientar que acredito que o Tite seja um técnico muito corajoso, disfarçando o seu 4-6-0 (desdobrado em 4-2-4-0) num 4-4-2 (4-2-2-2). Com dois volantes, dois pontas-de-lança e dois meias-extremos - ou meia-puntas, como chamam os espanhóis -, o time de Tite tem uma força enorme pelas laterais do campo, mas é dependente que pelo menos um dos meias se transforme em centro-avante para concluir dentro da área a jogada criada por um dos seus outros três companheiros.
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Campinho Corínthians:
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Dito isto me fascina o fato do técnico ter conseguido que seu time efetuasse tão bem as movimentações propostas nos últimos dois jogos. Até que Caio Jr. tivesse destruído a sua estratégia. O questionamento fica, a mudança foi pontual, para enfrentar o Corínthians, ou será a nova formação tática botafoguense? Só o fim de semana dirá.
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Qual foi a mudança do Botafogo? Troca do esforçado e brioso argentino Herrera pelo técnico e, às vezes, desleixado Felipe Menezes. E daí, é uma mudança que é feito no decorrer de muitos jogos para ganhar o meio campo? É. Foi esta a grande mudança? Não. A Grande Mudança foi a inversão do triângulo botafoguense. O time ainda era um 4-2-3-1 nominalmente, mas seria mesmo na prática? Ouso ainda dizer que sim, o triângulo era muito assimétrico para que se transformasse num 4-1-4-1 - no caso com o regista Renato e o enganche Felipe Menezes alinhados, o que não ocorreu, o 10 jogava a frente da linha de meio, o 8 atrás -.
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Mas desta mudança decorrem outras 3 no sistema defensivo botafoguense: 1º Renato foi deslocado da direita para a esquerda. Marcelo Mattos da esquerda para o meio - virando, literalmente, um cabeça-de-área -. Desta forma, Menezes ocupou o lado direito do triângulo assimétrico de base alta. 2º Em decorrência disso, é completamente modificado o sistema de cobertura aos laterais. Antes, Marcelo era obrigado a cobrir as subidas de Cortêz, Renato as de Lucas, Herrera ajudava pouco na composição, e ninguém cobria a entrada da área, porque os laterais do Botafogo muitas vezes subiam juntos, o que obrigava a dupla de volantes a cobrir os dois simultaneamente, limpando a área para batidas de fora dela.
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Lembrem-se dos erros sucessivos do Botafogo em decorrência disso: Contra o São Paulo: o primeiro gol sai de um chute despretencioso da entrada da área sem que ninguém desse cobertura, Renan falha e o gol; no segundo, falha na cobertura de Cortêz, a falta é feita para parar a jogada, resultando no gol de empate. Contra o Atlético Goianiense: 1º falha novamente na cobertura do lateral esquerdo, gol; o segundo também pela lateral esquerda, Marcelo Mattos falha bisonhamente tentando cortar a bola, e o segundo gol. Contra o Bahia, o primeiro gol sai de uma falta boba numa saída errada entre Renan e Cortêz; já o segundo sai de um pênalti cometido por Mattos quando ele marcava, dentro da área o lateral direito baiano, obrigação de Cortêz que estava fora do lance. Resumo: 3 jogos, 6 gols e 6 pontos jogados fora.
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Conclusão: TODOS estavam explorando as costas das subidas constantes do selecionável Bruno Cortêz, com a consequente má cobertura de Marcelo Mattos. No jogo deste feriado, o 5 jogou onde ficava mais confortável, na cabeça-de-área, descendo e virando um 5º zagueiro, protegendo as batidas de fora, desta forma evitou pelo menos três chutes perigosos. Renato protegeu Cortêz, e como sempre, de forma magnânima. Pela direita com Elkeson marcando bem - diferentemente de Herrera, mas marcando quase tantas faltas quanto - e Menezes protegeriam Alessandro que subiu efetivamente uma única vez, mas, quando o fez, teve o ponta-de-lança ficando na sua cobertura.
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Um sistema de cobertura e compensações perfeita, sem abdicar das suas crenças - dos técnicos brasileiros Caio Jr. é um dos que mais elogiam abertamente o 4-2-3-1, embora não seja o único a tê-lo como sistema favorito, Dorival Jr. e Celso Roth (em estilos completamente opostos de proposta de jogo, o primeiro é ofensivo e o segundo defensivo) viram e mexem, flertam com sistemas mais comuns nos clubes em que são contratados até que ganhem a confiança dos jogadores e implantem os seus sistemas diletos -, o "Professor Pardal" inverte tudo, gira o seu triângulo mediano, sem na verdade ter modificado "nada".
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Campinho do Botafogo:
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Desta forma devo salientar alguns aspectos do jogo.
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1º O melhor jogador ontem foi Caio Jr., ele ganhou o jogo. Suas iniciativas de véspera de partida foram decisivas, muito mais do que aquela na última hora antes do jogo na troca do 17 pelo 10. Quais iniciativas? Primeira: chamar um por um dos titulares e conversar em particular com eles, cada um expôs o que pensava etc. Isto deve ter ganho de vez os jogadores, o espírito era outro em campo - espírito este influenciável também pela grande liderança de Abreu que sempre faz falta, durante o segundo tempo ele chamava a atenção dos seus colegas para que não desanimassem e não permitissem um "novo São Paulo" -. 
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Segunda iniciativa: treino tático às véspera do jogo. Sou extremamente a favor disso. Rachão? Isso é torneio profissional, oras! Rachão só quando não tem jogo 2 vezes por semana e NUNCA na véspera, é treino tático mesmo! Isso foi importantíssimo. Pelo menos duas jogadas ensaiadas ficaram nítidas e resultaram em gols - mesmo um sendo anulado POR TOTAL DESCONHECIMENTO DAS REGRAS DO FUTEBOL por parte do assistente 2 -: o primeiro colocando DELIBERADAMENTE Loco Abreu e Antônio Carlos (os melhores cabeceadores do time) em IMPEDIMENTO PASSIVO, a bola é lançada no 2º pau para 2 homens que vêm de trás - no caso Elkeson e Marcelo Mattos - que receberiam e tocariam para os dois homens livres na área que, COMO SE CARACTERIZARIA UMA NOVA JOGADA, estariam aptos a participar.
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O segundo lance ensaiado foi a cobrança de lateral que resultou no 2º gol válido do time. O comentarista da Rede Globo, Júnior (grandioso lateral), percebeu que fora jogada ensaiada ao ver o replay e notar a movimentação sem bola de Felipe Menezes e Maicosuel. Notei um pouco antes quando a jogada foi repetida, agora tendo Elkeson de pivô.
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2º Felipe Menezes teve boa atuação, mas o que fez de melhor foi quando não tentou fazer nada de melhor. Sem velocidade e sem habilidade não dá para sair carregando a bola, o que ele deveria fazer como um 10? Tocar de primeira e de segunda (mata-e-passa). Quando executou isso foi muito bem, quando tentou sair driblando concedeu contra-ataques. Observe-se o 1º gol válido do time: Felipe recebe e passa para Elkeson antes da chegada do marcador. O 9 pega em velocidade e toca para trás em direção ao 10 que vinha TROTANDO, este, de primeira, devolve para Elkeson, que livre, cruza para Loco Abreu marcar de cabeça - mesmo tendo a bola desviado num zagueiro, acho improvável que um jogador de bom chute e bom passe, sem marcação, não conseguisse botar a bola na cabeça de Abreu, que bom cabeceador que é, dificilmente perderia este gol, o desvio só facilitou a vida do uruguaio, lance completamente diferente do gol do Mago, cuja batida na defesa tirou completamente o goleiro da jogada -. Isto é, Felipe acelerou o jogo sem ter que correr com a bola, ao tocar de primeira ele destrói o sistema de marcação o que lhe permite receber livre a bola, mesmo trotando em campo, ao receber de volta a bola, chamando a marcação para si, e devolvendo-a imediatamente, novamente faz desmoronar todo o sistema defensivo corinthiano.
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3º Loco Abreu recomeçou a voltar para fazer o pivô no meio campo, algo que ele fazia muito no auge do time, muitas vezes jogando atrás da linha de 3 meias. Mas o seu momento mais importante foi quando virou zagueiro também: com um a menos e com Adriano em campo, Loco ficou de vez na área - e já tivera sido deveras importante cortando diversas bolas dos quase trinta escanteios do Corínthians -, marcando o 10 adversário que já acertara uma bola sozinho na área. Neste momento do jogo, o Botafogo que começara nominalmente com 2 zagueiros, mais o Alessandro que nunca subia - o que o tornava na prática um 3º zagueiro -, com Gustavo (zagueiro) entrando na lateral esquerda, depois da expulsão boba do Cortês, Com Marcelo Mattos sempre descendo para dentro da área, e com Loco Abreu marcando pessoalmente a Adriano, o Botafogo terminou o jogo com, literalmente, 6 zagueiros, 2 volantes (Renato e Bruno Tiago que entrara no lugar de Maicosuel) e Herrera aberto na direita para puxar os contra-ataques que não existiram, na prática, um 6-3-0!
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Fica um questionamento simples, então: Ora, com um triângulo de base alta, quem faria o centro do campo?  A resposta é simples, MUITA GENTE. Numa situação normal do jogo, o centro pertence ao Felipe Menezes, que deveria abrir para direita sempre que o seu lateral passasse para que pudesse cobri-lo. Mas na verdade muita gente fez a "posição 10": Loco Abreu, voltando para fazer o pivô; além de Maicosuel e Elkeson revezando-se como sempre fizeram.

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