terça-feira, 1 de abril de 2014

IRMÃOS DA SECA

irmãos da seca
estio do estômago 
olhos crespos de pó

chão rachado de lama dura
água extinta

ossadas fracas infantis
as tetas flácidas como rochas
vertendo água benta pelos flancos

a penúria climática é dádiva do Céu
mas a fome que mata
é dádiva para o flagelado

Um comentário:

  1. Sexta-feira (28/03/2014) a companheira "docemente competente" (Dra. Wilma Mendonça) Jacklaine Almeida tornou-se Doutora. O seu trabalho sobre a fome infantil na seca representada em grandes obras literárias brasileiras tem aquela sutileza de descobrir o óbvio e com isso abrir-nos os olhos: "A seca chega para todos, mas a fome só mata o pobre".

    Este poema escrevi enquanto ouvia à sua apresentação, mas só hoje terminei a última estrofe, perdoe-me a demora, mas fica-lhe a pobre e seca homenagem.

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