segunda-feira, 23 de maio de 2022

ANHANGÁ

Esta maldita que me ama
Que fode comigo,
Mas não me tira da cama.
É meu inimigo
Que minha vida reclama.

Talvez haja um dia
Que ela se esqueça de mim,
Me abandonaria
Ou me traga logo o fim
Por esta mão bem aqui.

Vem várias vezes ao ano.
Chega sem motivo. 
Vai-se embora quando quer.
Ela não se importa
Se já estou relacionado.

Quando vem dormir comigo,
Não resta tesão
Nem dentro, nem fora.
Quando me deseja,
Ela me devora.

Inimiga desalmada,
Desalmadora de corpos.
Teus caminhos, ladra,
São todos tão tortos,
São arrecifes sem portos.

Nenhuma rima lhe é dada
Todas são tomadas
Teu abraço frio
Não será cobrado
Nem é permitido.

Nestes meus versos finais
Jaz subentendido,
Um de nós não mais
Restará vencido.
Um sobrará esquecido.

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