quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
domingo, 30 de novembro de 2014
sábado, 29 de novembro de 2014
LABIRINTO DE CONCEITOS
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
REALISMO MÁGICO
Passou 20 anos
Procurando ouro
No mesmo buraco
Até que achou
Passou mais 20 anos
No mesmo buraco
Buscando o que procurar
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Me espere
Meu amor
Me espere
Com
Vestido
Sem
Calcinha
Com
Sorriso
Sem
Vergonha
Que eu te quero
Que tu me te
nhas
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
AMOR É ÁGUA
AMOR É ÁGUA
OS SEGREDOS DE NÓS DOIS
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
JUVENTUDE E A CULTURA ESCOLAR
QUANDO A SITUAÇÃO FICA PRETA
QUANDO A SITUAÇÃO FICA PRETA
domingo, 16 de novembro de 2014
HAIKAI EM HOMENAGEM A MÁRIO SIMÕES
RECURSIVIDADE
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
ÓDIO REFLETIDO
terça-feira, 7 de outubro de 2014
MELHOR DO QUE EU
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
SUMIÇO
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
SONETO
CAFÉ
SONETO
sexta-feira, 25 de julho de 2014
A EPISCOPISA
sábado, 19 de julho de 2014
FATOR EFEITO-CAUSA
Mistério? Não há mistério algum.
Tudo não passa de uma concatenação infindável de causa e efeito. Nós só precisamos desvendar os incessantes aparecimentos daquilo que os céticos chamam de acaso e os crentes de providência divina.
A consciência desse fenômeno não anula o conhecimento do padrão reconhecível e rastreável de eventos. Pelo contrário, permite-nos desvendar as curvas em que se bifurcam os caminhos incontáveis do Universo.
Vejamos: alguém, ao despertar pela manhã, vê o Sol erguendo-se em radiante majestade e sorri.
Ora, o fato do Sol raiar, e consequentemente se pôr, é uma constante física conhecida, reconhecida e calculada devido a uma fina sintonia entre as gravidades dos corpos celestes. Pode-se dizer, a esta altura, que este ajuste perfeito é sinal de intervenção demiúrgica, mas o fato é que podemos traçar, desde esta apoteose solar, até o momento do nascimento do Universo: a explosão, expansão, desaceleração, esfriamento e, por conseguinte, o surgimento da matéria, das estrelas, de nós.
Uma série perfeita de causa-efeito que remontando ao nada dá-nos origem. E dessa sintaxe precisa e austera de substantivos e verbos, coisas e ações, matéria e movimento chegamos exatamente àquela manhã daquele Sol específico.
O sorriso alegra o dia do marido que vai trabalhar melhor com a vida.
De coração mais aberto, o marido faz amor de forma mais apaixonada e prazerosa com sua amante.
Movida pelas sensações e gozares daquela tarde morna e brilhante de amortórrido e trabalho seco, a amante briga com o esposo, talvez numa busca inconsciente de provocar a separação. O esposo, contrariado bate na amante. Esta chama a polícia. Sirenes, cães latindo, movimentação irritante na rua.
A discussão, que entra madrugada adentro irrita ao vizinho que, sem poder dormir direito, pela manhã seguinte àquele Sol maravilhoso, destrata o carteiro que lhe atrasou as cartas em alguns dias.
Irritado, pela noite, o carteiro bate no filho que anda muito mal em matemática, “Menino burro, aleserado”!
Pela manhã, segundo dia depois daquele belíssimo Sol, na escola o filho humilha um colega de classe que só tirava notas boas em matemática. Toda a escola ri do aluno, que não consegue mais suportar tanta destruição de sua alma, de seu caráter, de sua moral.
Ao passar a madrugada remoendo todos os dias de humilhação sofrida, o aluno mata-se ao raiar do terceiro dia, num amanhecer ainda mais glorioso do que a aurora doevento gerador, tira a própria vida: tão sangrento, tão horroroso!
Notemos, senhores, que na minha descrição objetiva e direta dos acontecimentos, o acaso interpôs-se três vezes: a sensação, completamente aleatória, que o Sol trouxe para o primeiro actante de nossa cadeia de eventos; o carteiro – poderia ser qualquer pessoa na face da Terra em que o vizinho derramaria sua tensão de noite mal dormida, mas nenhum outro carteiro, pois só aquele carteiro faz aquela rota, e, por artimanhas do “destino” decidiu pôr em ordem as correspondências vencidas; o suicida que ora vemos aqui o corpo ensanguentado que, “por sorte”, foi vítima do ódio e da frustração do filho do carteiro, porque naquele dia, justamente naquele dia, era prova bimestral de matemática.
É muito óbvio que na minha simplificação do sistema eu tenha me atido apenasaos momentos chaves que culminaram no desastre, excluindo, mas não esquecendo, das muitas horas destes dias que serviram para ampliar a carga emocional de cada pequena ação, que para muitos não seriam nada, mas para as vítimas, sobretudo para esta criança que destruiu a sua vida e os sonhos das pessoas que a amam – talvez uma perda ainda maior para estas: carregar a sensação do luto, da perda, pelos restos de anos que as suas vidas, severamente, reservam-lhes –. Para estes que participaram do efeito-causa ao qual me refiro (porque, como detetives, nosso processo é análogo, porém invertido ao da natureza), muitos são os dias, muitas são as sensações, muitos são os pesares que se somam a esta última dor decisiva: o marido apaixonado, feliz e infiel; a amante que há muito deseja acabar com o casamento deteriorado; o vizinho cujo travesseiro cruel lembra-lhe das contas em atraso e dos desvios que tem que fazer para pagá-las; o carteiro que ganha mal e trabalha muito, mas que se envergonha de sua irresponsabilidade laboral, desejoso de um bom futuro para o filho, filho este que se ressente pelo tratamento dispensado pelo pai e sente inveja do garoto que há de se matar; o suicida...
Ah, o suicida...
O suicida, que de tão bom filho, na profundeza de seu lar, de seu quarto a portas fechadas, esconde dos pais as dores e mazelas de sua alma, pais tão incompetentes incapazes de olhar no fundo do olho do filho e ver a sua dor, dor esta não vista, não detectada, não relatada pela escola: lar de tantas humilhações apenas.
Suicida que, por providência divina, é filho da primeira personagem deste enredo macabro...
Como podemos ver, o único culpado desta trágica sucessão inverossímil de causas que se encaminham a um inexorável desfecho é o Sol.
Sol que eu vi e admirei naquela manhã, três dias atrás, do Inferno da minha vida.
domingo, 29 de junho de 2014
domingo, 22 de junho de 2014
UM LUGAR VAZIO, ou cadê meu 10?
UM OLHAR DE JAGUAR, ou o que Messi viu?
segunda-feira, 9 de junho de 2014
LISTA DE POEMAS
sábado, 17 de maio de 2014
CABE
sexta-feira, 25 de abril de 2014
AURORA E ARREBOL
Mesmo sem ter o que fazer, madrugou.
Sentou-se diante da janela e acendeu um cigarro, esperou pelo laranja.
Como o cabelo dela.
Com uma mecha azul.
Como o nascimento da manhã.
Aurorecer.
Como quando eram jovens, e a pele muito pálida e o batom muito ébano e a sombra muito negra e as unhas muito pretas e a sainha curtinha, malamal escondendo as pernas finas e esguias e magras, saia tão escura quanto à regata que como o cinto – grosso e grande e desnecessário, malamal equilibrando-se como um bambolê numa cintura inexistente de tão esbelta – estão todos cravejados de metais e brilhos prateados como um poema de Byron.
Os olhos cristais cor de âmbar.
Quando eram jovens.
Em algum lugar perderam-se.
Não foi o cabelo castanho comportado, ou o terninho burguês de profissão liberal, ou a falta do batom – só um brilhinho, só um brilhinho cheirando maçã –, ou as unhas vermelho dia-a-dia, ou a sombra azul sóbrio, ou a base compacta, ou a maletinha puxada a carrinho – maldito congresso, maldito! – à espera nas portas dos consultórios a fim de apresentar a mais nova novidade da medicina farmacológica do mundo corporativo em promessa de novas curas e rentabilidades, ou o anel de bacharel.
Não foi a não maternidade.
Ela acordou, esfregou o cabelo numa coceira inconsciente, levantou-se num peido e dirigiu-se ao banheiro donde sairá pronta para transformar-se na eficiência laboral das vendas e das químicas da saúde engarrafadas.
Ele olhou, lembrou-se que esquecera o café, o cigarro não chupado desperdiçado por entre os seus dedos, perdeu o mais belo do espetáculo solar em sua apoteose diária: o Sol acostumara-se a imitá-la ao despertar, agora malamal reconhecem-se quem já foram espelhos.
Alvorecer tardio.
Não foi o adultério perdoado.
Alguma coisa aconteceu que os impediu de serem o que seriam.
Ele nunca entenderia, tão distantes e tão símeis entre si quanto Aurora e Arrebol.